sexta-feira, 2 de abril de 2010

É POR ESSAS E OUTRAS QUE É MELHOR PREVENIR

O meu amigo Macarrão, um filósofo de bodega, discorda veementemente quando se critica esse negócio de prisão especial para autoridades, cela especial para celebridades e para nível superior e outros melífluos artifícios jurídicos ditos legais. Mas não é de graça que o homem se opõe. Ele tem lá a sua teoria sociológica, e diria até mesmo antropológica.
O que digo, pela boca do meu amigo Macarrão, por quem tenho grande estima, resultou de um papo batido num pé-sujo que, ainda segundo o Macarrão é a grande casa democrática, onde o debate é livre e a platéia sequer sabe em que língua se está falando. Meio paradoxal, mas o Macarrão é assim mesmo... Ele acha que Democracia só vai bem para os políticos, porque os eleitores não sabem o que é cidadania.
Voltando ao que interessa, a tese do Macarrão é até interessante... Vejam bem!
Ele acredita que, quando o regime militar, jogou os presos políticos em celas comuns, misturados com outros criminosos, complicou a História do Brasil. Como jogar azeite num copo d'água. Não houve mistura. Os presos políticos, intelectuais de esquerda, ativistas sindicais, homens participantes de um processo político vinculado a organizações (na época chamadas terroristas...), acabaram por contaminar, com o gênio da palavra e, conseqüentemente, da ideologia, a turma descontente com distribuição desigual da renda, o que os fazia amigos do alheio, que distribuiam a renda entre eles.
A tese explicita que desse contato, surgiu o crime organizado. Naquele momento, entenda-se bem, não havia o interesse individual e o 'crime' se destinava a expropriar os capitalistas, banqueiros e seus cofres. Isto é, o assalto a Bancos destinava-se a criar recursos para a manutenção do ativismo de esquerda, chamada na época de guerrilha urbana. Não esquecendo o sequestro, que foi um grande instrumento de chantagem política para libertação de presos também políticos (aliás muito bem aproveitado nos dias de hoje. Como sempre, a imaginação trata logo de desdobrar o negócio em novos negócios e o crime criou o chamado 'sequestro relâmpago'. O cara precisa de uma grana rápida pra comprar uma arma ou nova partida de drogas e... pimpa! Sequestro relâmpago, com direito até a trovoada.)
Vai daí, e nesse momento Macarrão se torna enfático, que a moçada expropriada da participação da renda, resolveu se organizar, porém para fins diferentes: botar no próprio bolso a bufunfa dos banqueiros... Nascia o crime organizado, o PCC e o seu rival o CV, facções mafiosas, que com o tempo, criaram os seus próprios intelectuais, que prescreveram uma bula diferente, baseada no príncipio: "senão dá, a gente toma."
Essa a tese do Macarrão, que endossa a sua veemente contrariedade quando se critíca a cela privada para celebridades ou doutores.
Depois, com as portas giratórias e outros efeitos pirotécnicos, a moçada do lado de lá, descobriu que o narcotráfico era o grande negócio! Vai daí... Bem sobre isso não é necessário discursar que todo mundo já sabe o que aconteceu.
Explica Macarrão, explica. E Macarrão, com muita tranqüilidade e um bafo já acentuado de cerva, diz:
- "Põ, cara, tá na face! Imagina se a Justa joga na cela comum esses políticos de merda? Já pensou nisso? Vão nascer novas organizações criminosas... Exemplo: PCM (traduzindo: PRIMEIRO COMANDO DO MENSALÃO), ou sei lá, são tantas possibilidades... Como diria Aristóteles são tantas corrupções e corruptores...
Paguei a mesa, quero dizer as cervas e as lingüiças fritas e fui para casa, pensando: Não é que o puto do Macarrão até que tem bestunto?

M. AMERICO