sábado, 6 de abril de 2013

"GAROTA EXEMPLAR" LEVA ÀS ÚLTIMAS OS PERIGOS DO CASAMENTO

 
A escritora Gillian Flynn (foto: Heidi Jo Brady)
O novo livro da jornalista americana Gillian Flynn, Garota Exemplar (Intrínseca), segue a linha de mistério de suas duas obras anteriores, Sharp Objects e Dark Places, e apresenta um thriller intrigante sobre uma esposa desaparecida, um marido suspeito e um complicado caso a ser resolvido. A obra ganhou notoriedade ao anotar no currículo a proeza de desbancar Cinquenta Tons de Cinza do primeiro lugar dos mais vendidos do site da Amazon e entrar para o topo da lista de bestsellers do New York Times. Lançado em junho de 2012 nos Estados Unidos, o livro vendeu em 37 semanas três milhões de exemplares.
O feito rendeu à sua autora um contrato para adaptar a história para o cinema pela produtora da atriz Reese Witherspoon, que se encaixaria com perfeição no papel principal, mas ainda não confirmou se atuará ou não no longa. David Fincher (A Rede Social, Os Homens que Não Amavam as Mulheres) está em negociação para assumir a direção.
Lançado em março no Brasil, a história foca em Nick e Amy Dunne, casal que vive à risca o papel de um conto de fadas moderno, com seus hábitos de estilo cult e metropolitanos na cidade de Nova York. Ambos gostam de se destacar dos demais casais comuns, aparentando uma relação tranquila, despreocupada e que parece não exigir esforços. O rumo da história muda quando Nick, um jornalista cultural, enfrenta a crise que atinge a profissão e é demitido da revista em que trabalha. Amy, que é psicóloga, mas também trabalhava escrevendo para uma publicação feminina, passa pelo mesmo destino e perde o emprego. Ao contrário do marido, Amy é uma garota rica e por isso não se preocupa tanto com a situação.
Seus pais construíram um império ao escrever uma série de livros infantis chamados Amy Exemplar, claramente inspirados na filha. As obras renderam uma fortuna à família e Amy poderia viver tranquilamente com o marido por um longo período por causa desse dinheiro. O que eles não imaginavam é que os pais da jovem eram péssimos administradores e acabaram gastando quase todas as economias para saldar dívidas.
Diante das circunstâncias, soma-se o fato de a mãe de Nick estar com câncer e precisar de ajuda em uma cidade no interior de Missouri. Sem dinheiro e sem perspectiva, o perfeito casal nova-iorquino precisa abandonar toda a vida construída até então para se mudar para um lugar provinciano e altamente afetado pela crise financeira nos Estados Unidos, que se arrasta desde 2008, e gerou um elevado índice de desemprego na região. Os problemas minam o amor do casal, que se entrega ao marasmo e a uma vida distante do que sonhou para si.



Insatisfeita com o relacionamento, Amy decide preparar uma surpresa para o marido no aniversário de cinco anos do casamento. Porém, ao chegar em casa, Nick encontra uma sala revirada, sinais de luta e sua esposa desaparecida. No desenrolar da história, o caso ganha notoriedade nacional, e a polícia, a mídia e toda a população do país apontam o marido como o principal suspeito do desaparecimento e possível morte de Amy.

Este é o quadro inicial do livro Garota Exemplar. Assim como os personagens principais, Gillian Flynn também escrevia para uma revista cultural sediada em Nova York, a Entertainment Weekly, e passou dez anos como crítica de cinema e TV na publicação. Mais tarde, decidiu se dedicar totalmente à carreira de escritora de ficção e demonstrou uma queda por histórias com assassinatos e personagens psicologicamente instáveis.

A obra é organizada em capítulos intercalados com Amy e Nick como narradores. O primeiro a expressar seu ponto de vista sob a história é Nick, que já está enfadado com o casamento e infeliz pela situação de abandonar a cidade grande e perder o emprego. No capítulo seguinte, a voz passa para Amy e suas memórias em um diário, retratando como foi conhecer Nick e como nasceu o romance entre eles. A dinâmica interposta se mantém até o final, e enquanto Amy relata a felicidade do início, Nick mostra a frieza da relação no presente. O jovem amor de Amy vai amadurecendo, enquanto Nick, após perder a esposa, revive o passado na mente e renova seus sentimentos. Isso cria um gráfico, de um lado crescente e do outro decrescente – em certo ponto, os lados se encontram para caminhar juntos e lineares em emoção e também em cronologia até o final.

Gillian brinca com o leitor, que se vê constantemente enganado pelos personagens, ambos mentirosos e cheios de segredos que se revelam ao longo da história. Personalidades ora admiráveis, ora maquiavélicas, em um jogo de manipulação constante que tenta convencer o leitor — e os outros personagens do livro — a torcer por um deles e separar qual é o vilão e qual é o mocinho.

A leitura prende e a cada fim de capítulo o instinto é continuar lendo para descobrir o que vem em seguida. Sem gorduras desnecessárias na construção, a história é repleta de acontecimentos surpreendentes, porém peca no final, que destoa do restante do enredo para cair no lugar comum. Mas isso não desqualifica o livro como bom entretenimento. E seus personagens, bem construídos e envolventes, garantem o ritmo da obra e plantam a dúvida sobre os perigos de viver e dormir com alguém que te conhece tão bem – e que, ao mesmo tempo, pode se tornar seu pior inimigo.

“Querido marido, é agora que aproveito o momento para dizer que o conheço melhor do que você jamais poderia imaginar. Sei que algumas vezes você acha que desliza por este mundo sozinho, sem ser visto, sem ser percebido. Mas não acredite nisso nem por um segundo. Eu analisei você. Sei o que vai fazer antes que faça.”
06 de abril de 2013
Raquel Carneiro, Veja Oline

FIM DO TREMA, SUCESSO DA @

 



Achei engraçadinhas as histórias antagônicas desses dois sinais gráficos.
Um, o trema, está desaparecendo; aliás, oficialmente já desapareceu. O outro, a arroba, está no auge de sua popularidade. Do primeiro recebi, enviado por um amigo, uma sentida despedida.
“Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüíferos, nas lingüiças, por mais de 450 anos. Fui expulso pra sempre do dicionário.”

Suas queixas não poupam o cedilha, que teria sido a favor de sua expulsão — “aquele Ç cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra”. E um conformado desabafo: “A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K e o W, ‘kkk’ pra cá, ‘www’ pra lá.”

O estranho é não haver referência à arroba, muito mais em voga do que as letras citadas. Calcula-se que a @ — esse a com uma perna esticada fazendo um quase círculo — anda hoje em três bilhões de endereços eletrônicos, o que ainda é pouco, considerando que não é possível passar um e-mail sem ela.

Antes, apenas como medida, ainda tinha alguma utilidade, pelo menos para comerciantes e estivadores dos armazéns dos cais do porto, já que servia para indicar a unidade de peso equivalente a 15 quilos.


É curiosa a vertiginosa carreira de sucesso da @, que nem existia nas primeiras máquinas de escrever. Conta-se que foi em 1971, graças ao engenheiro americano Ray Tomlinson, que ela começou a ganhar destaque, e por acaso. Encarregado do projeto que seria o precursor da internet, Ray precisava de um símbolo que ligasse o usuário do correio eletrônico ao domínio. Aí, olhando para um teclado, caiu de amores pela @, depois que seu coração balançou entre o ponto de exclamação e a vírgula.

A partir dos anos 90, com a massificação da internet, a arroba passou a ser provavelmente o símbolo gráfico mais popular do universo. Os e-mails podem viver sem tremas, sem pontos de exclamação, de interrogação, til, cedilha, reticências, mas nunca sem aquele sinalzinho que aparece em cima do 2 e precisa ser acionado apertando-se a tecla Shift. E mais: além de popularidade, ganhou prestígio.

Em 2010, o Museu de Arte Moderna de Nova York adquiriu o símbolo @ para a sua coleção de design. “Uma aquisição que nos deixa orgulhosos”, anunciou o MoMA em seu site. Agora mesmo é que a @ está se achando.

Alice e eu precisamos de DR, discutir a relação — uma relação de três anos e meio. Ela anda intratável. “Me deixa sozinha, estou irritada”, disse outro dia, em mais uma crise de ciúme do irmãozinho Eric.

06 de abril de 2013
Zuenir Ventura é jornalista.

CONHECE-TE A TI MESMO!

 


Conhece-te a ti mesmo
 
 
Frase sábia, não? Desde os primórdios dos tempos, era assim que Jesus Cristo, o Mestre dos mestres, dirigia-se claramente aos cristãos, quando o questionavam sobre os infortúnios da vida. Creia, essa frase permanece atualíssima em nosso tempo.
 
Ocorre que nós, seres humanos, estamos sempre preocupados e voltados para o nosso exterior; preocupa-nos o que vestir, como andar e para onde ir, em tudo nos metemos a sabedores, discorremos sobre a nossa história como melhores em tudo.
 
Vivemos a cultura da mesmice onde repetimos como papagaios tudo que ouvimos de bobagens e toda a ordem de jargões e piadas machistas de celebridades de segunda categoria, que se acham engraçadas atrás de um microfone. Carregamos o estigma de uma elite quatrocentona completamente rançosa de preconceitos que já não cabem no século XXI.
 
Dou aqui um exemplo: outro dia, vi uma senhora de classe média, digamos que “alta”, discorrendo em uma gravação de um jornal televisivo a respeito do tempo em que estava aguardando na fila para a adoção de uma criança. Dizia ela que achava que estava esperando há muito tempo ser chamada, pelo perfil da criança que ela havia optado para adoção. Queria uma criança de até um ano de vida. Essa criança tinha que ser branca e não de outra etnia (palavras dela) e continuou:
- “Não estou preparada para outro tipo de criança que não possua esse perfil!”
 
Detalhe: a grande maioria de crianças disponíveis para adoção são crianças negras e pardas com, aproximadamente, 3 a 5 anos de idade. Eu diria que essa senhora não está preparada para nada na vida e, certamente, iria ser mais feliz indo a um pet-shop e comprando um cachorrinho.
Entendem qual é o ponto?
 
Possuímos uma visão externa de mundo que não é compatível com a realidade. Queremos o agradável, o belo aos nossos olhos. Somos escravos da cultura da beleza grega, procuramos companheiros caucasianos, como estereótipos de famílias perfeitas. Temos todo tipo de preconceito quando se trata da nossa vida. E o pior: não nos conhecemos, não temos ideia alguma de quem somos, vivemos à margem da grande realidade da vida que é o conhecer si mesmo.
 
A vida nos é dada dentro do ventre da nossa mãe, surgimos de dentro para fora, nada acontece fora sem antes acontecer no útero da nossa mãe. Parece óbvio, não? Então, é urgentemente necessário que tenhamos nossos olhos voltados para o nosso interior!
 
Nós nos preocupamos demasiadamente com a nossa aparência, com nosso cabelo, com a pele bronzeada, nossas mãos, nossos pés, queremos tudo impecavelmente bem cuidado e nos esquecemos do nosso interior, esquecemos de cuidar da nossa mente que é vital para circularmos nesse mundo de uma maneira sadia.
 
Despejamos em nossa mente todos os dias o lixo adquirido da nossa existência, toda amargura, infelicidade, inveja, maldade, pensamentos negativos, e buscamos ser felizes com todo esse lixo acumulado em uma caçamba lotada dentro de nós!

Vivemos uma vida estressada com todos os afazeres que nos compete no dia-a-dia, não temos o cuidado necessário com a nossa saúde, esquecemo-nos que sem esse devido cuidado, de repente, essa maravilhosa máquina pode precisar de uma manutenção. Tenha certeza, você não é insubstituível, caso falte; alguém irá tomar o seu lugar…

Vivemos sempre insatisfeitos com nossa situação atual; se ganhamos bem, nosso trabalho nos estressa; se ganhamos mal, reclamamos e nos acomodamos naquele mesmo emprego, por medo de mudar e nada fazemos. Queremos sempre estar onde o outro está, norteamos sempre a nossa vida pela vida do outro. Inveja, sentimentos baixos, rancorosos não irão ajudar em nada a sua vida!
 
Vivemos em uma sociedade tão sufocante pela correria do nosso dia-a-dia que não temos tempo e muito menos vontade para nos interiorizarmos e, nessa falta, perdemo-nos completamente, haja vista que quando temos a oportunidade de tirarmos alguns dias de férias, não conseguimos de maneira alguma relaxar, muitas vezes não suportando o silêncio e a tranquilidade do local que escolhemos para o nosso descanso. Mais uma vez, nossa mente está cheia de entulho…
 
Andamos acelerados demais, começamos nosso dia irritados, descarregando em nosso organismo uma quantidade muito alta de adrenalina que em nada irá nos ajudar.
 
Precisamos fazer essa viagem interior, procurar cuidar da nossa mente, limpar todo o entulho mental que carregamos há anos e não nos damos conta. Redefinir atitudes egoístas, limpar todos os pensamentos negativos, repensar valores, ser tolerantes com o próximo e nunca desejar ao outro o que não desejamos para nós mesmos…
 
Faça essa viagem interna e “conheça-te a ti mesmo”.
Pense nisso.
 
06 de abril de 2013
By Nelson Sganzerla.