segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O AMORLEAKS ESTÁ NO AR. TODO CUIDADO É POUCO

É tempo de Amor-Leaks ou Amorleaks, SexLeaks, SacanagemLeaks, RoloLeaks, PornoLeaks, Pombinhos-Leaks, Adão&EvaLeaks

Nunca foi tão fácil o denuncismo amoroso.

Seja de forma sigilosa - como nos Wikileaks e Folhaleaks da vida em relação a importantes documentos -, seja na autodenúncia, dando bandeira e marcando touca na pracinha do interior chamada Orkut.

É por isso que este cronista deixa a sua mensagem pastoral de domingo: acabou o namoro, o caso, o rolo, o casamento, corte relações também nas redes sociais.

Corra, Lola, corra. Continuar seguindo o moço, a moça, é tortura. Salta de banda, amigo, é roubada.

Risque meu nome do seu Facebook, pois não suporto o inferno do nosso amor fracassado –como seria hoje a versão do clássico de Ary Barroso.

Óbvio que, humaníssimos, muitas vezes não resistimos. O coração denunciador não se garante.

Só uma olhadinha, tudo bem, aí nessa inocente olhadinha é que vemos a pior das desgraças.

Às vezes nem está rolando de fato algo novo com o(a) desalmado (a). Mas basta uma fotinha perdida no baile do bairro ou no Rock in Rio para que o sr. Ciúme, o maior narrador do mundo, seja em ficção ou realidade, escreva um livro mais grosso que o Guerra & Paz.

O denuncismo amoroso não é de hoje.

“Ah uma carta anônima!”

Era a expressão mais comum, pré-Internet, quando alguém via um malfeito amoroso, como uma suposta traição, por exemplo, e não se aguentava em si.

“Ah uma carta anônima!”. E algumas criaturas de sangue quente se metiam mesmo a missivistas. Como se combatessem todas as injustiças do mundo.

Selavam o estrago. As próprias amantes tinham lá essa mania, recurso do método para botar fogo nos lares. Lambiam o envelope, saliva da vingança, com requinte. “Estou te avisando porque sou tua amiga...” Assim postavam as maltraçadas.

No filme Amarelo Manga, de Cláudio Assis, uma mulher traída (Dira Paes) arranca no dente a orelha de uma amante(Magdale Alves) depois de uma carta anônima assinada singelamente “tua amiga”. Muy amiga!

No ótimo “Cartas Anônimas” (Geração Editorial), livro de Fernando Vita, um dom Juan do Recôncavo, cujo pseudônimo é “O Sedutor” , tenta, usando também o anonimato , conquistar a jovem viúva Boneca. A cidadezinha baiana de Todavia é incendiada com a maior troca de cartas e maldades da história.

Assim na vida real como nas artes.

E você, amigo, amiga, algo para nos contar sobre o tema? Sim, claro que garantimos o sigilo da fonte no comentário anônimo.

Escrito por Xico Sá