SABEDORIA E ENVELHECIMENTO
É preciso distinguir entre sabedoria e conhecimento.
Era tradição, nos grupos humanos, que os mais velhos, detinham a sabedoria. A sabedoria era uma construção cronológica!
Todas as ações que escapavam da rotina, não eram tomadas, sem que antes fosse ouvido o sábio conselho do ancião do clã, uma figura quase sagrada, e cujo parecer, ou opinião a respeito, era indiscutívelmente acatada.
A crença de que os mais velhos. e suas experiências existenciais, naturalmente os tornavam sábios, tinha um vigor quase religioso, ou até mesmo religioso.
Interessante que esse costume, ou crença, e que ainda persiste em grupos humanos mais isolados, perdure até hoje, e sobreviva até mesmo em regiões periféricas das grandes metrópoles.
Esses valores que o tempo cristalizou, e que simbolizaram uma espécie de bússola social, com o avanço dos novos conhecimentos que passaram a orientar as ações humanas, foram perdendo o prestígio, abrindo espaços para as "novas crenças" do mundo "civilizado", e que denominamos "ciência".
Não há dúvida de que as "novas crenças" somaram um grande avanço social, aprimorando alguns campos da nossa civilização, mas também deixam claro, que ainda não aprendemos a conviver com elas.
Por mais que apreendamos e transformemos o mundo natural, continuamos vivendo essa dicotomia, mergulhados no mundo cultural que criamos, mas ainda atavicamente vinculados às crenças nascidas no imaginário coletivo dos nossos descendentes ancestrais. Continuamos ligados a um certo olhar mágico que alimenta a interpretação da realidade, apesar da racionalidade de nossas mentes.
Hoje, estamos submersos num mundo de informações, que abarcam todos os campos do conhecimento. A internet abriu um fantástico volume informativo, de fácil acesso, sobre todas as ciências!
E mesmo assim, há uma chama íntima que nos alimenta magicamente, e que transformamos em poesias, em pinturas, esculturas... que transformamos em arte!
Não temos mais o ancião, embora ele ainda exista em organizações "primitivas", segundo nossos conceitos de "civilizados".
Até recentemente, esse ancião era representado pelo avô, a figura mais velha da família, sempre com um sábio conselho.
Mas o culto ao hedonismo da "juventude", aos poucos tirou esse ancião da 'tribo' familiar. Novos costumes, novos conceitos, como o etarismo, apagou essa figura, tão importante, relegando-a ao esquecimento, ao anonimato.
31 de julho de 2024
prof. mario moura