quarta-feira, 17 de setembro de 2025

"A VIDA NÃO É UM LIMÃO, A VIDA É UMA LIMONADA"

 "A VIDA NÃO É UM LIMÃO, A VIDA É UMA LIMONADA", de Joice Malavolta e Zezé Brandão, dois jornalistas/publicitários, com prefácio de Roberto Shinyashiki, psiquiatra, escritor e palestrante.  Edição de 2006, da Editora Gente.

        "Eu adoro pessoas que conseguem fazer do limão, uma limonada."

        Assim Shinyashiki abre o prefácio, e de cara, já dá o exemplo formidável de Jô Clemente, que, por causa das necessidades de seu filho excepcional, criou a excepcional APAE.

        A premissa básica do livro, um livro de proporções pequenas, mas que aborda um problema, diria enorme, considerando que o tamanho diz mais respeito a tratar de um assunto que atinge a todos os mortais, sem exceção, a premissa, repito, é a tolerância, a resiliência, ante as pequenas 'caneladas' que a vida nos dá, e como lidar com essas 'caneladas'...

        O problema inevitável a que me refiro é o do limão, que azeda a nossa vida cotidiana.  Os limões que representam as pequenas tragicomédias do dia a dia de cada um.

        Não há grandeza. São os desencontros, os pequenos acidentes, enganos, acertos, desacertos e tropeços que fazem parte da vida, em toda a sua extensão.

         Diria que viver é como acolher-se a sombra de um limoeiro...

        O livro propõe com ironia e muitas vezes com sarcasmo, como tratar e fazer uma limonada dos limões que a vida nos serve.

        Com episódios quase cômicos, vai ilustrando a sua tese da "limonada", adoçada com o bom-humor e o riso escancarado, ante esses pequenos/grandes grandes tropeços.

        Como preparar uma limonada que nos refresque a alma, tirando o azedo do limão?

        Simples, assim nos parece, por estar disponível a quem tiver abertura de mente para entender que não há "tragédia" que seja maior do que a ironia e o humor, para tratar as caneladas recebidas, merecidas ou não.

        Um pequeno livro e de fácil e divertida(mente) leitura, que nos faz rir de nossos percalços, inesperados e inadvertidos acidentes do cotidiano. Caneladas que não devem ser relevadas, ou levadas a sério demais.

        A vida é um acidente ainda inexplicável, e assim, estar atento para não sofrer por pequenos acidentes que lamentavelmente fazem parte da existência, é um ótimo sinal de que a consciência já está desperta, e pode divisar com clareza, que não somos vítimas, mas que integramos a grande manifestação da vida, breve e curta demais para sofrermos irrelevâncias, acidentes aleatórios como se fossem tragédias.

        Convém sempre lembrar que temos a opção de escolher entre chorar e rir, ou chorar de tanto rir.

        Mesmo que não seja literal, mesmo que procure captar a ideia essencial, que orienta o sentido e a direção do livro, o resumo retira o espírito, a substância, a marca criativa do autor. Retira a sua assinatura espiritual...

        A orelha dos livros, ou resumos das ideias fundamentais, não revelam o verdadeiro sabor dos frutos. São apenas bússolas aos navegantes de mares desconhecidos... 

        Ler e refletir, degustando cada momento, sentindo a força da expressão impressa que carrega ideias e sentimentos, transforma a leitura num diálogo com o livro e com o autor.

        Com a paciência do leitor, descreverei um interessante capítulo. Há nele um realismo que se torna inegável, quando perguntamos: serviu para alguma coisa, ou resolveu o problema, achou a solução?

        Vamos lá...

        FAÇA COMO SCARLET, PENSE NISSO AMANHÃ

        "Voce deita morrendo de cansaço, o corpo pedindo uma noitada generosa de sono.

        Então de repente sente aquele cutucão: há algo que deveria ter feito e não fez: uma atitude, uma resolução, uma providência que você não tomou

        Pronto, olha o sono indo embora, batendo as asinhas e mandando beijinhos...

        Aí começa aquele filme, do qual você conhece bem o final: uma virada para a esquerda, uma virada para a direita, e essas duas viradas  são só o começo de uma noite de dar inveja  até às corujas.

        Pergunta básica: serviu para alguma coisa jogar o sono fora? Você fez algo realmente útil a ponto de resolver a questão?

        A energia despendida ao virar de um lado para o outro na cama moveu uma única pedra que compunha a sua preocupação?

        Sinceramente, não, né?

        No auge dos problemas, a Scarlet O'Hara, a linda personagem de E o vento levou, dizia a si mesma, sem a menor cerimônia: "nisso, pensarei amanhã".

        Pode ter certeza: essa é a maneira mais sábia de lidar com problemas que, à noite, só tendem a ficar maiores e mais insolúveis.

        Claro, que se a questão for apenas dar um telefonema, e a coisa se resolve, nem pense em se virar na cama. Levante-se e telefone, mesmo que seja um pouco tarde; se o outro for acordado, o problema fica sendo dele, não seu,

        Coloque na sua cabeça que os problemas que conseguimos resolver na cama são doces problemas, e, em geral, não nos fazem perder o sono. Até dão muito sono depois.

        Livre-se da culpa por deixar para pensar nisso amanhã. O sol, a luz, são fontes de energia, de sabedoria, de iluminação, ao contrário das trevas, que só oprimem, cegam e fecham os canais de compreensão.

        Para conseguir tirar da cabeça o problema e pensar nele só amanhã, faça um exercício muito simples: coloque o foco nos dedos dos seus pés, e dê um nome a cada um deles. Por exemplo, Laura, Maria, Marquinhos etc.

        Na segunda vez que você tentar atribuir o nome certo ao dedo certo, você já terá dormido É "tiro e queda".

        Se você não quiser fazer o exercício hoje à noite, nada de culpa nem de preocupação: "pense nisso amanhã".

28 de agosto de 2025

prof. mario moura