quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

A NOVA ORDEM MUNDIAL (TEORIA CONSPIRATÓRIA) - PARTE 03

 

Teorias conspiratórias

Existem inúmeras teorias da conspiração sistêmicas através da qual o conceito de uma Nova Ordem Mundial é visto. A seguir está uma lista das mais importantes em ordem cronológica aproximadamente:[23]

Fim dos tempos

Desde o século XIX, muitos escatologistas cristãos milenaristas apocalípticos, iniciando com John Nelson Darby, previram uma conspiração globalista para impor uma Nova Ordem Mundial tirânica como o cumprimento das profecias sobre o “fim dos tempos" da Bíblia, especificamente no Livro de EzequielLivro de Daniel, o Discurso do Monte das Oliveiras encontrados nos Evangelhos sinópticos e no Livro do Apocalipse.[24] Eles alegam que as pessoas que fizeram um pacto com o diabo para ganhar riqueza e poder tornaram-se peões num tabuleiro de xadrez sobrenatural para mover a humanidade a aceitar um governo mundial utópico, que repousa sobre as bases espirituais de uma religião mundial sincrética-messiânica, que mais tarde revelar-se-á um império mundial distópico que impõe o culto imperial de uma “Trindade Irreligiosa" de Satanás, do Anticristo e do Falso Profeta. Em muitas teorias de conspiração cristãs contemporâneas, o Falso Profeta será o último papa da Igreja Católica, preparado e instalado por uma Alta Vendita ou conspiração jesuíta, um guru do movimento da Nova Era, ou até mesmo o líder de uma organização cristã fundamentalista da elite como a “The Fellowship“, enquanto o Anticristo seria o presidente da União Europeia, o Secretário-Geral das Nações Unidas, ou até mesmo o califa de um Estado pan-islâmico.[6][24]

Alguns dos críticos mais vocais de teorias de conspiração do fim dos tempos vêm de dentro do cristianismo.[14] Em 1993, o historiador Bruce Barron escreveu uma severa repreensão da teoria de conspiração apocalíptica cristã no Christian Research Journal, aquando da revisão do livro de Robertson de 1991, The New World Order.[25] Outra crítica pode ser encontrada no livro de 1997 do historiador Gregory S. CampSelling Fear: Conspiracy Theories and End-Times Paranoia.[3] O acadêmico em estudos religiosos Richard T. Hughes argumenta que a retórica da “Nova Ordem Mundial” calunia a fé cristã, uma vez que a "Nova Ordem Mundial" conforme definida pelos teóricos da conspiração cristãos, não tem qualquer base na Bíblia. Além disso, ele argumenta que tal ideia não só é não bíblica, é positivamente antibíblica, como fundamentalmente anticristã, porque, através de más interpretações das importantes passagens do Livro do Apocalipse, transforma uma mensagem reconfortante sobre a vinda do Reino de Deus, numa de um reino de pânico, medo e desespero personificado num suposto governo mundial se aproximando.[24] Os cristãos progressivas, tais como pregador e teólogo Peter J. Gomes, advertem os fundamentalistas cristãos que "um espírito de medo" pode distorcer as escrituras e a história, ao perigosamente combinar-se com um literalismo bíblico, cronogramas apocalípticos, demonização e preconceitos opressivos,[26][27] enquanto Camp adverte para um "perigo muito real de que os cristãos possam adotar alguma bagagem espiritual extra" por credulamente abraçar as teorias da conspiração.[3] Exortam, portanto, os cristãos que se “entregaram” a teorias da conspiração, sinceramente e racionalmente, a arrependerem-se.[28][29]

Maçonaria

Maçonaria é uma das mais antigas organizações fraternais seculares do mundo e surgiu durante o final do século XVI e início do século XVII na Grã-Bretanha. Ao longo dos anos têm sido direcionadas à Maçonaria, uma série de alegações e teorias da conspiração, incluindo a alegação de que os maçons têm uma agenda política oculta e estão conspirando para alcançar uma Nova Ordem Mundial, um governo mundial organizado de acordo com princípios maçônicos e / ou regido asinte praticar o satanismo no final do século XVIII.[14] A alegação original de uma conspiração dentro da Maçonaria para subverter as religiões e governos, a fim de dominar o mundo remonta a autor escocês John Robison, cujas teorias da conspiração reacionárias cruzaram o Atlântico e influenciaram manifestações da antimaçonaria protestante nos Estados Unidos durante o século XIX.[14] Na década de 1890, o escritor francês Léo Taxil escreveu uma série de panfletos e livros denunciando a Maçonaria e acusando as suas lojas de adoração a Lúcifer como o Ser Supremo e Grande Arquiteto do Universo. Apesar do fato de Taxil ter admitido que suas afirmações eram uma farsa, estas foram e ainda são acreditadas e repetidas por vários teóricos da conspiração, o que veio a exercer uma enorme influência sobre reivindicações antimaçônicas subsequentes sobre a Maçonaria.[30]

Alguns teóricos da conspiração viriam a especular que alguns Pais Fundadores dos Estados Unidos, como George Washington e Benjamin Franklin, teriam feito projetos geométricos sagrados maçônicos entrelaçados na sociedade americana, particularmente no Grande Selo dos Estados Unidos, nas notas de um dólar americanas, na arquitetura dos monumentos da National Mall e nas ruas e vias de Washington, DC, como parte de um plano mestre para criar o primeiro "governo maçônico" como um modelo para a vindoura Nova Ordem Mundial.[6]

Uma sala de Loja Maçônica.

Os maçons refutam essas alegações de uma conspiração maçônica. A Maçonaria, que promove o racionalismo, segundo ela, não coloca nenhum poder em si mesma nem em símbolos ocultos, e não faz parte dos seus princípios exibir desenhos de símbolos, não importa quão grandes sejam, como um ato de consolidação ou do poder de controle.[31] Além disso, não há informações publicadas que estabelecem a associação maçônica dos homens responsáveis pela concepção do Grande Selo.[31][32] Embora os teóricos da conspiração afirmam que existem elementos de influência maçônica no Grande Selo dos Estados Unidos, e que esses elementos foram usados de forma intencional ou não intencional, porque os criadores estavam familiarizados com os símbolos,[33] na verdade, o Olho da Providência ('olho que tudo vê') e a pirâmide inacabada eram símbolos utilizados tanto fora como dentro de lojas maçônicas no final do século XVIII, portanto, os criadores estavam desenhando símbolos esotéricos comuns.[34] A frase em latim "Novus Ordo Seclorum", que aparece no verso do Grande Selo desde 1782 e na parte detrás da nota de um dólar desde 1935, significa “Nova Ordem das Eras”[1] e apenas faz alusão ao início de uma era onde os Estados Unidos se tornam num Estado-nação independente; muitas vezes é mal traduzida por teóricos da conspiração como "Nova Ordem Mundial".[2]

Embora o ramo continental europeu da Maçonaria tem organizações que permitem a discussão política dentro de sua Lojas Maçônicas e atuem como lobbies políticos ativos de causas seculares, como exemplificado pelo Grande Oriente de França, o pesquisador maçônico Trevor W. McKeown argumenta:

A acusação de que a Maçonaria tem uma agenda oculta para estabelecer um governo maçônico ignora vários fatos. Apesar de concordar em certos Landmarks Maçônicos, as várias Grandes Lojas independentes e soberanas agem como tal, e não concordam em muitos outros pontos de crença e prática. Além disso, como pode ser visto a partir de uma pesquisa de maçons famosos, os maçons têm crenças individuais que abrangem todo o espectro da política. O termo "governo maçônico" não tem sentido uma vez que os maçons individuais tem muitas opiniões diferentes sobre o que constitui um bom governo.[35]

Illuminati

A Ordem dos Illuminati foi uma sociedade secreta da época do Iluminismo fundada pelo professor universitário Adam Weishaupt em 1 de maio de 1776, na Alta BavieraAlemanha. O movimento consistiu de defensores do livre-pensamentosecularismoliberalismorepublicanismo e igualdade de gênero, recrutados a partir das Lojas Maçônicas alemãs, que procuravam ensinar o racionalismo através de escolas de mistério. Em 1785, a ordem foi infiltrada, desmantelada e reprimida pelos agentes do governo de Carlos Teodoro, Eleitor da Baviera, em sua campanha preventiva para neutralizar a ameaça das sociedades secretas que nunca se tornaram focos de conspirações para derrubar a monarquia bávara e sua religião de Estado, o catolicismo romano.[36]

No final do século XVIII, os teóricos da conspiração reacionários, como o físico escocês John Robison e o padre jesuíta francês Augustin Barruel, começaram a especular que os Illuminati haviam sobrevivido a sua supressão e se tornaram os cérebros por trás da Revolução Francesa e do Reino do Terror. Os Illuminati foram acusados de serem subversivos que estavam tentando orquestrar secretamente uma onda revolucionária na Europa e no resto do mundo a fim de difundir as ideias mais radicais e os movimentos do Iluminismo — anticlericalismoantimonarquismo, e antipatriarcalismo — e para criar uma noocracia mundial e um culto da razão. Durante o século XIX, o medo de uma conspiração Illuminati era uma preocupação real das classes dominantes europeias, e suas reações opressivas para este medo infundado provocaram em 1848, as mesmas revoluções que tanto procuraram evitar.[37]

Durante o período entre guerras do século XX, os propagandistas fascistas, como a historiadora revisionista britânica Nesta Helen Webster e a socialite americana Edith Starr Miller, não só popularizaram o mito de uma conspiração dos Illuminati, mas alegaram que era uma sociedade secreta subversiva que servia as elites judaicas que supostamente apoiavam tanto o capitalismo financeiro como o comunismo soviético, a fim de dividir e governar o mundo. O evangelista americano Gerald Burton Winrod e outros teóricos conspiracionistas pertencentes ao movimento fundamentalista cristão nos Estados Unidos – que surgiu na década de 1910 como uma reação contra os princípios do humanismo secularmodernismo e liberalismo do Iluminismo – tornou-se o principal canal de divulgação de teorias da conspiração dos Illuminati nos Estados Unidos. Populistas de direita, tais como membros da John Birch Society, posteriormente começaram a especular que algumas fraternidades colegiadas (Skull and Bones), clubes de cavalheiros (Bohemian Club) e think tanks (Council on Foreign RelationsComissão Trilateral) da classe alta americana seriam organizações de fachada dos Illuminati, que são acusados de conspirar para criar uma Nova Ordem Mundial por meio de um governo mundial.[6]

Não há evidências de que os Illuminati da Baviera sobreviveram sua supressão em 1785.[37]

Os Protocolos dos Sábios de Sião

Os Protocolos dos Sábios de Sião são um boato antissemita, publicado originalmente em russo em 1903, alegando uma Conspiração Judaico-Maçônica para conseguir dominar o mundo. O texto se propõe a ser as atas de reuniões secretas de um conluio de intelectuais judeus, que foram cooptados da Maçonaria e estão conspirando para governar o mundo em nome de todos os judeus, porque acreditam ser o povo escolhido de Deus.[38] Os Protocolos incorporam diversos temas centrais conspiracionistas delineados nos ataques de Robison e Barruel sobre os maçons, sobrepostos de acusações antissemitas sobre os movimentos anticzaristas na Rússia. Os Protocolos refletem temas similares às críticas mais generalizadas do liberalismo iluminista por aristocratas conservadores que apoiam monarquias e religiões de Estado. A interpretação pretendida pela publicação de Os Protocolos é a de que se levantar uma das camadas das conspirações maçônicas, passando pelos Illuminati, encontra-se o núcleo podre judaico.[14]

Capa de uma cópia de The Jewish Peril de 1920.

Numerosos polemistas, como jornalista irlandês Philip Graves em um artigo de 1921 no The Times e o acadêmico britânico Norman Cohn em seu livro Warrant for Genocide de 1967, provaram que Os Protocolos são ao mesmo tempo uma farsa e um caso claro de plágio. Há um consenso geral de que o escritor russo-francês e ativista político Matvei Golovinski forjou o texto para a Okhrana, a polícia secreta do Império Russo, como uma obra de propaganda contrarrevolucionária anterior à Revolução Russa de 1905, por plagiar, quase palavra por palavra em relação a algumas passagens do Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu, uma sátira do século XIX contra Napoleão III da França escrita pelo satirista político francês e militante legitimista Maurice Joly.[39]

Responsável por alimentar muitas histerias em massa antissemitas e antimaçônicas do século XX, Os Protocolos tem sido influente no desenvolvimento de algumas teorias conspiratórias, incluindo algumas teorias da Nova Ordem Mundial, e aparece repetidamente em certa literatura de conspiração contemporânea.[6] Por exemplo, os autores do controverso livro de 1982 The Holy Blood and the Holy Grail concluíram que Os Protocolos são a peça mais convincente de evidência para a existência e atividades do Priorado de Sião. Eles especularam que essa sociedade secreta estaria a trabalhar nos bastidores para estabelecer um teocrático "Estados Unidos da Europa", politicamente e religiosamente unificado através do culto imperial de um Grande Monarca merovíngio — supostamente descendente de uma linhagem de Jesus — que ocuparia tanto o trono da Europa e da Santa Sé, este "Sacro Império Europeu" se tornaria a hiperpotência do século XXI.[40] Embora o Priorado de Sião, em si, tem sido exaustivamente desacreditado por jornalistas e estudiosos como uma farsa,[41] alguns escatologistas cristãos milenaristas apocalípticos que acreditam que Os Protocolos são autênticos, convenceram-se de que o Priorado de Sião foi um cumprimento das profecias encontradas no Livro de Apocalipse e mais uma prova de uma conspiração anticristã de proporções épicas sinalizando a iminência de uma Nova Ordem Mundial.[42]

Os céticos argumentam que a artimanha atual de teóricos da conspiração contemporâneos que utilizam Os Protocolos é afirmar que eles "realmente" vêm de algum outro grupo que não são os judeus, tais como anjos caídos ou invasores alienígenas. Embora seja difícil determinar se as mentes conspiracionistas realmente acreditam nisso ou estão simplesmente a tentar tornar aceitável um texto desacreditado, os céticos argumentam que não faz muita diferença, uma vez que deixam o texto antissemita real inalterado. O resultado é dar credibilidade e circulação aos Protocolos.[8]

Round Table

Durante a segunda metade do "século imperial" da Grã-Bretanha entre 1815 e 1914, o empresário inglês, magnata da mineração e político sul africano, Cecil Rhodes, defendeu a anexação do Império Britânico com os Estados Unidos da América e a sua reforma numa "Federação Imperial" para criar, sobretudo uma hiperpotência e a paz mundial duradoura. Em seu primeiro testamento, escrito em 1877 com a idade de 23 anos, expressou o seu desejo de financiar uma sociedade secreta (conhecida como a Sociedade dos Eleitos), que iria avançar com este objetivo:

Para o estabelecimento, promoção e desenvolvimento de uma sociedade secreta, o verdadeiro intuito e objetivo do qual deve ser a extensão do domínio britânico através do mundo, seja, o aperfeiçoamento de um sistema de emigração do Reino Unido, e de colonização por súditos britânicos de todas as terras onde os meios de subsistência são atingíveis por energia, trabalho e empreendimento, e, especialmente, a ocupação pelos colonos britânicos de todo o continente da África, da Terra Santa, do Vale do Eufrates, das ilhas de Chipre e de Candia, toda a América do Sul, das ilhas do Pacífico até então não possuídas pela Grã-Bretanha, a totalidade do arquipélago malaio, a costa da China e do Japão, a recuperação definitiva dos Estados Unidos da América como parte integrante do Império Britânico, a inauguração de um sistema de representação colonial no Parlamento Imperial, que tende a juntar os membros desarticulados do Império e, finalmente, a fundação de uma potência tão grande que tornaria impossível as guerras e promoveria os melhores interesses da humanidade .[43]

Em 1902, The New York Times assinala que após o seu testamento de 1877, Rhodes em 1890, desenvolveu as mesmas ideias, e definiu o objetivo que a sua sociedade secreta deveria trabalhar no sentido de "gradualmente absorver a riqueza do mundo".[44]

Rhodes também se concentrou na Rhodes Scholarship, que tinha o estadista britânico Alfred Milner como um de seus administradores. Fundado em 1902, a meta original do fundo fiduciário era o de promover a paz entre as grandes potências, criando um sentimento de fraternidade e uma visão de mundo compartilhada entre futuros líderes britânicos, americanos e alemães por lhes ter permitido estudar gratuitamente na Universidade de Oxford.[43]

Milner e o oficial britânico Lionel George Curtis foram os arquitetos do movimento Round Table, uma rede de organizações que promoveram a união mais estreita entre a Grã-Bretanha e suas colônias autogovernadas. Para este fim, Curtis fundou o Royal Institute of International Affairs em junho de 1919 e, com seu livro de 1938 The Commonwealth of God, passou a defender a criação de uma federação imperial que, eventualmente, anexaria os Estados Unidos, que seria apresentado às igrejas protestantes como sendo a obra do Deus cristão para obter seu apoio.[45] A Commonwealth of Nations foi criada em 1949, mas seria apenas uma livre associação de Estados independentes em vez da poderosa federação imperial imaginada por Rhodes, Milner e Curtis.

Council on Foreign Relations começou em 1917 com um grupo de acadêmicos de Nova Iorque a quem foi solicitado pelo presidente Woodrow Wilson aconselhamento em relação à política externa dos Estados Unidos no período entre guerras. Originalmente concebido como um grupo de eruditos e diplomatas americanos e britânicos, alguns dos quais pertencentes ao movimento Round Table, foi um grupo subsequente de 108 financistas de Nova Iorque, fabricantes e advogados internacionais organizado em junho de 1918 pelo Prêmio Nobel da Paz e secretário de Estado dos Estados Unidos, Elihu Root, que tornou-se o Council on Foreign Relations em 29 de julho de 1921. O primeiro dos projetos do Council foi uma revista trimestral lançada em setembro de 1922, chamada Foreign Affairs.[46] A Comissão Trilateral foi fundada em julho de 1973, por iniciativa do banqueiro americano David Rockefeller, que era presidente do Council on Foreign Relations na época. Trata-se de uma organização privada criada para promover uma cooperação mais estreita entre os Estados Unidos, Europa e Japão. A Comissão Trilateral é amplamente vista como uma contrapartida para o Council on Foreign Relations.

Na década de 1960, pessoas e grupos da direita populista com uma visão de mundo producerista, como membros da John Birch Society, foram os primeiros a combinar e a difundir uma crítica ultraconservadora nacionalista de negócios às redes corporativas internacionalistas, através de think tanks como o Council on Foreign Relations com uma grande teoria da conspiração moldando-as como organizações de fachada para a Round Table do "establishment anglo-americano", que estariam a ser financiadas por uma "camarilha bancária internacional" que supostamente tem estado a conspirar desde o final do século XIX para impor uma Nova Ordem Mundial oligárquica através de um sistema financeiro global. Teóricos da conspiração antiglobalistas, portanto, temem que os banqueiros internacionais estejam planejando eventualmente subverter a independência dos Estados Unidos por subordinar a soberania nacional a um reforçado Banco de Compensações Internacionais.[47]

As conclusões da pesquisa do historiador Carroll Quigley, autor do livro Tragedy and Hope de 1966, são interpretadas tanto por teóricos da conspiração da Old Right estadunidense (Cleon Skousen) como pelos da New Left (Carl Oglesby) para fundamentar este ponto de vista, embora ele tivesse argumentado que o establishment não estaria envolvido num complô para implementar um governo mundial, mas sim o imperialismo benevolente britânico e americano impulsionado pelos interesses mútuos das elites econômicas no Reino Unido e nos Estados Unidos. Quigley também argumentou que, embora a Round Table existe ainda hoje, a sua posição para influenciar as políticas dos líderes mundiais tem sido bastante reduzida desde os tempos do seu auge, durante a Primeira Guerra Mundial, tendo aos poucos diminuído após o fim da Segunda Guerra Mundial e a seguir á Crise de Suez. Hoje, a Round Table é em grande parte um ginger group, projetado para analisar e gradualmente influenciar as políticas da Commonwealth of Nations, mas enfrentando forte oposição. Além disso, na sociedade americana a partir de 1965, o problema, de acordo com Quigley, era que nenhuma elite estava encarregada e agindo com responsabilidade.[47]

Larry McDonald, o segundo presidente da John Birch Society e membro democrata conservador da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, representando o 7.º distrito congressional da Geórgia, escreveu um prefácio para o livro de Gary Allen The Rockefeller File de 1976, onde declarou:

O percurso dos Rockefellers e seus aliados é criar um governo mundial, combinando o supercapitalismo e o comunismo sob a mesma tenda, tudo sob seu controle... Se afirmo tratar-se de uma conspiração? Sim. Estou convencido de que há tal conspiração, de âmbito internacional, planejada há gerações, e incrivelmente maligna nas suas intenções.[48]

Em sua autobiografia Memoirs de 2002, David Rockefeller escreveu:

Por mais de um século, extremistas ideológicos em ambas as extremidades do espectro político têm aproveitado incidentes bem divulgados... para atacar a família Rockefeller em relação à influência excessiva que alegam exercer sobre as instituições políticas e econômicas americanas. Alguns até acreditam que somos parte de uma cabala secreta que trabalha contra os melhores interesses dos Estados Unidos, caracterizando a minha família e eu como ‘internacionalistas’ e de conspirar com outros ao redor do mundo para construir uma estrutura política e econômica global mais integrada — um mundo, se assim se pode dizer. Se essa é a acusação, então sou culpado, e tenho orgulho disso.[49]

Barkun argumenta que tal afirmação é, em parte, burlesca (a afirmação de “conspiração” e “traição”) e parcialmente séria – o desejo de incentivar a cooperação trilateral entre os Estados Unidos, Europa e Japão, por exemplo – um ideal que costumava ser uma marca da ala internacionalista do Partido Republicano – conhecida como “republicanos Rockefeller”, em honra a Nelson Rockefeller – quando havia uma ala internacionalista. A declaração, no entanto, é tomada pelo seu valor nominal e amplamente citada por teóricos da conspiração como prova de que o Council on Foreign Relations utiliza o seu papel de brain trust de presidentes, senadores e deputados estadunidenses para manipulá-los no sentido de apoiar uma Nova Ordem Mundial sob a forma de um governo mundial.

Alguns críticos sociais americanos, como Laurence H. Shoup]] argumentam que o Council on Foreign Relations é um "brain trust imperial", que tem, ao longo de décadas, desempenhado um papel central por trás das cenas na formação das decisões de política externa dos Estados Unidos para a ordem internacional do pós-Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, determinando quais opções apareceriam na agenda e quais opções não chegariam sequer à mesa;[50] enquanto outros, como [[G. William Domhoff[[, argumentam tratar-se, na verdade, de um mero fórum de discussão política,[51] que proporciona a entrada de negócios para o planejamento da política externa dos Estados Unidos. [carece de fontes] Estes últimos argumentam que a organização possui quase 3.000 membros, números demasiados para que os planos secretos pudessem ser mantidos dentro do grupo; tudo o que conselho faz é patrocinar grupos de discussão, debates e palestras; e quanto a ser secreto, são emitidos relatórios anuais, permitido o acesso aos seus arquivos históricos. No entanto, todos esses críticos concordam que os estudos históricos sobre o conselho revelam que este desempenha um papel muito diferente na estrutura do poder global do que aquilo que é reivindicado pelos teóricos da conspiração.[51]

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