sexta-feira, 6 de abril de 2012

APENAS UM PREFEITO


A pior maldição de São Paulo é seu gigantismo. Por mobilizar um dos maiores orçamento da União, administrar a cidade parece não ser mais algo que tenha valor em si.

Ao contrário, São Paulo é apenas uma passagem, seja para voos mais altos, como a Presidência da República, seja para a utilização de seu peso político na construção de novos partidos, seja para a luta pela construção de hegemonias partidárias.

Há tempos a população paulistana não tem um prefeito, apenas um prefeito -alguém que queira simplesmente administrar a cidade e debruçar-se não sobre as taxas de juros do Banco Central ou dos grandes problemas do país, mas sobre o trânsito infernal da avenida Brasil ou a falta de bibliotecas na periferia.

Não por outra razão, a cidade nunca é referência quando se discute soluções urbanas inovadoras. Não há mais pensamento urbano em São Paulo -isto porque não há um poder público capaz de incentivá-lo e implementá-lo no interior de uma ação integrada de planejamento.

Do ponto de vista da criatividade referente à vida nas grandes metrópoles, São Paulo é uma cidade morta. Seus fios elétricos expostos, seus semáforos que não funcionam e seus ciclistas atropelados lembram como ela está parada no tempo, como alguém que parece desconhecer seu próprio tamanho.
Colabora para isso o fato de, nos últimos anos, o morador da metrópole ter sido obrigado a conviver com a mediocridade administrativa travestida de autossatisfação.

Enquanto as pesquisas eram unânimes em mostrar o descontentamento profundo da população com a metrópole, a ponto de vermos pesquisas em que a maioria dos habitantes afirmava querer simplesmente mudar de cidade, éramos obrigados a ouvir o atual prefeito dizer que daria para si mesmo nota dez. Há de perguntar-se quem precisa de tanta insensibilidade no cerne do governo.

De fato, é difícil para qualquer cidade sobreviver depois de uma série de prefeitos como Jânio Quadros, Paulo Maluf, Celso Pitta e o atual.

Não por acaso, eles representam momentos do desenvolvimento do mesmo grupo político, com concepções muito parecidas para a cidade. Todos eles (à parte Celso Pitta, cuja carreira foi destruída por escândalos de corrupção) entraram na prefeitura olhando para outros mares.

Por isso, a única coisa que a população paulistana pede nessas eleições é que os candidatos mostrem querer realmente administrar a cidade, ter ideias factíveis e detalhadas, do tamanho da real dimensão dos problemas brutais que vivemos no cotidiano.
06 de abril de 20122
Vladimir Safatle

O SISTEMA SE DIVERTE


RIO DE JANEIRO - Há dias, em São Paulo, um grupo de "artistas" despejou 200 litros de tinta no cruzamento da avenida São João com a rua Helvétia, no centro. Ao passar sobre as poças, os carros espalhavam a tinta e deixavam rastros verdes, vermelhos, amarelos e azuis. Os que vinham atrás eram respingados e também saíam imundos. A sinalização do asfalto desapareceu, o caos se instaurou e ninguém achou graça naquilo.

Semanas antes, revelou-se que as pichações com letras de sete metros de altura que têm aparecido em paredes, viadutos e túneis da cidade estão sendo feitas com extintores de incêndio cheios de tinta, não mais com os já ingênuos sprays. Ao aplicar os grandes jatos, as letras escorrem como nos cartazes de filmes de terror. Os pichadores alegam se inspirar em "artistas" de Nova York, Londres e Paris.

O objetivo é "protestar contra o sistema". No primeiro caso, disse um dos lambões, ele está "manifestando seu descontentamento" pelo fato de São Paulo ser uma cidade "cinza e fechada e as pessoas não conversarem entre si". Olha só. No segundo, o protesto não fica claro, porque os garranchos dos extintores não fazem sentido. Mas a ideia é "incomodar o sistema", segundo um manifestante -e, se o sistema não se incomodar, eles "não vão mais fazer".

Não sei o que o sistema pensa desses protestos (os donos dos lava-rápidos adoraram, porque tiveram muito mais carros para lavar), mas não conheço ninguém do "povo" -a pior vítima do sistema- a favor dessa agressão a prédios e ruas. Por ironia, quem admira os vândalos e os chama de "artistas" é justamente o sistema, do qual os críticos de arte, historiadores, curadores de museus e galeristas fazem parte.

Só espero que, com tanto estímulo oficial ao protesto, os meninos não resolvam radicalizar implodindo o MASP.
 
06 de abril de 2012
Ruy Castro
 
 

PÁSCOA


A velha colocou as quatro cabeças, em linha reta, por sobre uma pedra redonda; todos esboçavam sorriso

Duas crianças amarradas. Choravam. Nuas, sentiam frio. As cabeças doíam porque estavam meio abertas por pancadas que recebiam de vez em quando.

O bando se ocupava com o cotidiano. Bater aos pouquinhos na cabeça de suas vítimas era um modo de preparar o cérebro para ser comido. Assim garantiam que estariam macios ao toque dos dentes.
Duas mulheres se acariciavam e se lambiam uma a outra, enquanto o filho de uma tentava em vão penetrar uma delas.

Três homens chegavam ao lugar onde viviam e traziam consigo outras duas crianças, duas meninas arrastadas pelo chão.

Gritaria e felicidade. Precisavam de quatro crianças. O jantar estava próximo. A fome era um desconforto profundo. Eles se perguntavam, às vezes, o porquê de sentirem fome. Não seria mais fácil a vida tranquila das pedras? Quando aquela dor invadia suas barrigas, as boas sensações desapareciam em meio a vontade furiosa de mastigar alguma coisa.

Sentiam uma estranha sensação de que o céu acima era poderoso, assim como a água que despencava dele. Olhavam horas para o céu, mas nenhuma voz saia daquela imensidão vazia.

Uma menina chupava os dedos sujos do próprio sangue que escorria entre suas pernas.
Outras crianças assistiam àquele gesto que já se tornara como que um hábito. Meninas faziam aquilo enquanto o velho estranho, dado a gritar, andava ao seu redor fazendo gestos com as mãos, que repetia o gesto da menina.

Em círculos, outras meninas começam a repetir o gesto da primeira, até que todas estivessem sangrando. Meninos, parados, devorados por um interesse estranho naquilo tudo, de vez em quando, corriam até o círculo das meninas e tentavam lamber o sangue delas também. Pedras jogadas por mulheres mais velhas expulsavam os meninos dali.

De vez em quando, meninos e meninas se lançavam contra as duas crianças amarradas, tentando cortar pedaços delas, mas os mais velhos as seguravam. Eles precisavam entender que apenas quando caísse a escuridão do céu eles comeriam uma parte delas, e, mesmo assim, sendo aquele dia um dia especial -porque comeriam a carne de animais iguais a eles-, a ceia demoraria mais do que o normal porque a morte seria lenta, a fim de garantir que a carne do cérebro estaria macia.
Um pouco distante da fogueira grande, mulheres preparavam uma placa de pedra e a lavavam com sangue de animais mortos no dia anterior. Os três homens colocaram as duas meninas junto às outras duas crianças. Foram buscar água e lavaram as mãos, depois se aproximaram do velho estranho dado a gritar. O velho fez um gesto com a cabeça e deu para eles três pedaços de madeira pintados de uma tinta amarelada.

Os três homens voltaram para as quatro crianças amarradas, pintaram elas com a mesma tinta e começaram a bater na cabeça das quatro, uma de cada vez, e cada vez um deles, ritmados e numa perfeição harmônica que fez todos ali pararem para assistir.

Silêncio absoluto. Fora os gemidos das quatro vítimas. As duas primeiras crianças já não choravam. Enquanto os três continuavam a bater ritmadamente na cabeça das duas crianças recém-chegadas, quatro mulheres se puseram a cortar o pescoço das duas primeiras, enquanto outras mulheres colhiam o sangue que jorrava do pescoço em cascos de frutas arredondados.

Já dentro da noite, todos permaneciam em silêncio enquanto as mulheres terminavam de cortar o pescoço das duas últimas e escorrer o sangue. Em seguida, uma velha munida de uma pedra muito fina, arrancou o cérebro das quatro cabeças pela base do crânio, numa destreza maravilhosa. Todos esboçavam um sorriso de emoção diante daquela habilidade.

Ao final, todos ao redor da pedra comeram um pedaço do cérebro das crianças (começando pelos mais velhos até os mais novos, mesmo os bebês), primeiro das duas mortas, depois das duas últimas. Beberam o sangue das quatro.

Os homens pegaram os quatros corpos sem cabeça e enterraram a distância de suas moradias. A velha colocou as quatro cabeças em linha reta por sobre uma pedra arredonda, e lá ficou por horas, como que meditando sobre o sentido da vida.
06 de abril de 2012
Luiz Felipe Ponde

quinta-feira, 29 de março de 2012

MUDANDO OLHARES

Em conversa com uma pessoa muito querida, falávamos das dificuldades de relacionamento que possuímos, muitas vezes até com pessoas extremamente próximas, com o mesmo sangue, como pais e filhos, avós e netos, irmãos, primos e todos os outros tipos de consanguinidade e cunhados e cunhadas, que mesmo não possuindo o mesmo sangue um dia tornaram-se membros da nossa família ou entre amigos e amigas.

Soube da sua dificuldade com sua mãe, que mesmo quando se tornou avó de suas filhas não havia lhe acompanhado nos hospitais durante ou mesmo após seus partos, e não a tratava com o carinho que normalmente uma mãe dedica a uma filha ou netas e netos.

Tenho visto muitos casos de pais ou mães que demonstram claramente sua predileção por um filho ou uma filha em detrimento dos outros e eu mesmo, sempre sinto essa diferença por haver sido preterido. No caso dessa pessoa, era ainda pior, pois sua mãe não dedicava carinho e amor de mãe a nenhuma de suas filhas ou netos.

Normalmente é mais fácil conversarmos sobre nossos assuntos mais íntimos com pessoas estranhas ou recém- chegadas ao nosso círculo de amizades, evitando esses temas com os mais próximos, com que já temos menos tolerância e sempre, pensando que algum conflito poderá ocorrer, deixamos o assunto para outra ocasião.

Mesmo assim, após décadas de insatisfações, durante uma reunião familiar as filhas, agora já mães, reclamavam do tratamento recebido da mãe e tentavam entender o motivo desse comportamento quando uma delas se lembrou de sua avó materna, de como era dura no tratamento das pessoas e esse deveria ser o motivo principal, a mãe não sabia dar o que nunca havia recebido.

Apesar de guardarem profundas mágoas, resolveram alterar radicalmente seu relacionamento com ela, tomando desde atitudes mais simples, como abraços e beijos que entre eles nunca ocorria, a telefonemas diários e visitas constantes, enfim, dando-lhe todo o carinho que gostariam de haver recebido. A família passou então por uma transformação nunca imaginada pelas filhas, que hoje convivem com a mãe como sempre sonharam.

Quando nas relações não somos tratados como imaginamos que deveríamos ser, a tendência é nos afastarmos daquela pessoa sem procurar as origens de suas atitudes, como e onde nasceram, foram alimentadas, educadas, estudaram e uma enorme quantidade de variáveis que poderiam justificá-las.

Municiados dessas informações provavelmente teríamos muito mais facilidade em nos relacionarmos com outras pessoas, pois mais facilmente poderíamos entender muitas de suas atitudes e relevá-las, assim como muito provavelmente outros, na mesma condição, fariam conosco.

Em uma de suas citações, amplamente divulgadas o padre Fábio de Mello disse: "Já que não tenho o dom de modificar uma pessoa, vou modificar aquilo que eu posso: o meu jeito de olhar para ela!".

De fato, a solução mais fácil para as mais diversas dificuldades de relacionamento depende da nossa maturidade e humildade, de darmos o primeiro passo em busca de uma melhoria, procurando ouvir, saber dos motivos e mostrando àquela pessoa que mesmo nunca tendo recebido, de você ela terá o que lhe faltou.

Em qualquer relacionamento, social, de amizade, familiar ou amoroso, incompreensões, faltas, acertos e erros poderão ocorrer, mas antes de julgarmos ou tomarmos decisões precipitadas, deveríamos refletir sobre a origem dos motivos que levaram ao acontecimento.

Além de não cobrarmos de uma pessoa o que ela não possui, devemos dar-lhe o que nunca teve.

28 de março de 2012
João Bosco Leal

terça-feira, 27 de março de 2012

EM 20 ANOS, A TV GLOBO JÁ PERDEU 35% da audiência

Ricardo Feltrin, editor do F5, do grupo Folha, divulgou dados impressionantes.
Nos últimos 20 anos, a TV Globo teria perdido quase 35% de participação nas tevês ligadas na região metropolitana de São Paulo.
“O F5 obteve dados inéditos de audiência da TV aberta no país, o mais extenso período já publicado sobre número de aparelhos ligados (o chamado ‘share’)”.

“Em números exatos, a Globo perdeu 34,97% da participação no universo das tevês ligadas (de 59,2%, em 1993, para 38,5%, em 2011). O primeiro trimestre mostra que 2012 também não deve ser redentor: o ‘share’ até agora está em 37,4%”. O jornalista também analisa a pontuação do Ibope, que mede a audiência das emissoras brasileiras.

###

QUEDA DE AUDIÊNCIA

“Todas as emissoras, com exceção da Record, perderam pontos… Em 93 o SBT tinha 8 pontos de média e no ano passado teve 5,7 ponto; a Band marcava 2,8 pontos em 93 e no ano passado teve 2,5; a extinta TV Manchete tinha 1,5 ponto em 93, e no ano passado sua sucessora, a RedeTV!, teve 1,4. No início dos anos 90 a TV Cultura tinha 1,9 ponto – o dobro de sua média atual”.

“A Record foi a única que teve muito ganho de ibope e ‘share’ nas últimas décadas. Em 93, ela tinha 3,7% de participação nas TVs ligadas. No ano passado foi 17%. Em pontos de ibope, porém, a emissora ainda dá menos que a metade da Globo. Em 93 a Record tinha apenas 1,5 ponto de audiência e a Globo tinha 23,5 pontos. No ano passado, ela teve 7,2 pontos (contra 16,3 da Globo)”.

###

ESTRANHO MERCADO PUBLICITÁRIO

O jornalista Ricardo Feltrin, um especialista no assunto, dá algumas explicações para a decadência da TV Globo. Ele lembra que em 1993 ainda não havia TV por assinatura. “Hoje, porém, 25% dos aparelhos ligados estão nela e nos chamados ‘outros aparelhos’”. Ele observa também que, em 1993, havia muito menos canais abertos disponíveis, a concorrência era menor.

Estes dados são um petardo para a famiglia Marinho. Afinal, o “share” define a fatia no mercado da publicidade, que movimentou R$ 39 bilhões no ano passado. Desde montante, R$ 18 bilhões foram a TV aberta e R$ 11,5 bilhões ficaram para a TV Globo. Ou seja: “A Globo tem 38,5% de participação nas TVs ligadas em 2011 e recebeu 64% da receita publicitária de toda a TV aberta”.

###

GLOBO TENTA SE EXPLICAR

O estudo de Ricardo Feltrin comprova que há algo de muito estranho no mercado publicitário brasileiro. Não é para a menos que a Rede Globo tratou de rebatê-lo de imediato. Em comunicado, ela garantiu que a sua audiência cresceu nas duas últimas décadas porque o número de aparelhos ligados aumentou. Na prática, a emissora tentou justificar a sua enorme fatia no mercado publicitário. Veja alguns trechos:

“O Brasil registra os maiores índices de TV aberta do mundo ocidental, com consumo crescente de horas assistidas por dia. Nos últimos 10 anos, o telespectador brasileiro aumentou sua permanência em frente à TV – uma média de cinco horas por dia, por pessoa, por domicílio. Devemos lembrar ainda que a população cresceu, o número de lares com TV e de aparelhos por lar também. A média de aparelhos de TV em cada lar brasileiro quase dobrou em relação a 20 anos”.

“O resultado disso é que a televisão aberta está cada vez mais forte na preferência do telespectador brasileiro – e também do mercado publicitário. O que se vê no Brasil e no resto do mundo é que a televisão se mantém como o principal assunto de todas as novas plataformas/mídias/tecnologias… Essa conjuntura explica porque o meio TV segue como o mais importante e preferido, tanto pelo o público quanto pelos anunciantes, pelos resultados efetivos que ela oferece de vendas e de imagem e prestígio para as marcas”.

###

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Que cada um tire suas próprias conclusões.

Altamiro Borges
27 de março de 2012

EVÁGRIO PÔNTICO - ( 346 / 397 )

VIDA E PENSAMENTOS

VIDA E PENSAMENTOS
Evágrio Pôntico, pintado pelo iconógrafo Giorgos Kordes

Evágrio foi um monge, nascido por volta de 345, originário da Capadócia, em Ibora, no Ponto, e por isso ele é chamado de Pôntico. Passou dezesseis anos de sua vida no deserto do Egito, como anacoreta. Foi discípulo e amigos de São Gregório Nazianzeno. Evágrio conheceu bem cedo os três capadócios: São Basílio, São Gregório de Nissa e São Gregório de Nazianzo, sendo ordenado diácono por este último. Herdeiro dos grandes Padres Alexandrinos, Clemente e Orígenes, ele conduziu uma das grandes correntes da espiritualidade bizantina. Foram seus herdeiros, João Clímaco, Máximo, o Confessor, Simeão o Novo Teólogo, os Hesicastas…
Evágrio foi implicado na condenação do origenismo em 553; alguns acham incômodo citá-lo, no entanto, ele penetra e está presente em toda parte. Para Evágrio a ascensão espiritual consiste em contemplar a Deus em si mesmo, de modo que se vê a Deus como num espelho. O caminho consiste em despojar-se dos pensamentos apaixonados, depois, mesmo dos pensamentos simples, até a completa nudez de imagens e conceitos.

Evágrio morreu por volta de 397, deixando inúmeras obras sobre a oração, a vida monástica e ascética.

Pensamentos de Evágrio Pôntico:

«Não imagines possuir a Divindade em ti, quando oras, nem deixes tua inteligência aceitar a marca de uma forma qualquer; mantém-te como imaterial diante do Imaterial e compreenderás».

«Não poderias possuir a oração pura, estando perturbado com coisas materiais e agitado por inquietações contínuas, pois a oração é abandono dos pensamentos».
«A oração é produto da doçura e da ausência de ira».

«Esforça-te por manter teu intelecto surdo e mudo durante a oração: assim poderás orar».

«Se oras verdadeiramente, sentirás uma grande segurança: os anjos te escoltarão como a Daniel e te iluminarão sobre as razões dos seres».
«Se queres orar como convém não entristeças nenhuma alma; senão, corres em vão».

«Bem-aventurada a inteligência que, no momento da oração, torna-se imaterial e despojada de tudo».

«A oração é uma ascensão da inteligência para Deus».

«A oração é a atividade que convém à dignidade da inteligência; é a aplicação mais admirável e mais completa desta».

«Se és teólogo, vais orar verdadeiramente; e se oras verdadeiramente, és teólogo».
«A salmodia depende da sabedoria multiforme; a oração é o prelúdio do conhecimento imaterial e uniforme».

«Quanto mais perto estiver de Deus, tanto melhor será o homem».
«A oração é fruto da alegria e do reconhecimento».

«Enquanto ainda tens atenção para o que provém do corpo; enquanto tua inteligência considera os atrativos externos, ainda não viste o lugar da oração; estás mesmo longe do caminho abençoado que conduz a ele».
«O corpo tem o pão por alimento; a alma, a virtude; a inteligência, a oração espiritual».
«Na hora de orar, encontrarás o fruto de todo sofrimento aceito com sabedoria».
«Os sentimentos mal orientados atrapalham a oração».

«Feliz o espírito livre de qualquer forma durante a oração»

«O rancor cega a faculdade mestra de quem ora e derrama-lhe trevas sobre as orações».

«Aspira a ver a face do Pai, que está no céu: não procure, por nada deste mundo, perceber forma ou rosto durante a oração».
«Pois, quando em tua oração tiveres conseguido ultrapassar qualquer outra alegria, é que finalmente, em toda verdade, terás encontrado a oração».
«Armado contra a ira, não admitas jamais a cobiça, pois é a cobiça que alimenta a ira, esta por sua vez, turva os olhos da inteligência e destrói assim, o estado de oração».

«A oração é uma conversa da inteligência com Deus: que estado não é, pois, necessário, para essa tensão sem retorno, para ir a seu Senhor e conversar com Ele, sem nenhum intermediário»?

«Mantém-te corajoso e ora com energia; afasta as preocupações e as reflexões que se apresentarem, pois elas te perturbam e te agitam, debilitando o teu vigor».

«Se queres orar dignamente, renuncia-te a todo instante; se suportas toda sorte de provações, resigna-te sabiamente por amor da oração».
«Não te contentes de orar nas atitudes exteriores, mas leva tua inteligência ao sentimento da oração espiritual, com grande temor».
«Não ores para que tuas vontades se cumpram: elas não concordam necessariamente com a vontade de Deus. Ora, sim, segundo o ensinamento recebido, dizendo: ‘que vossa vontade se cumpra em mim’. “Em tudo, pede-lhe que se faça a sua vontade, pois Ele quer o bem e o benefício para tua alma; tu, porém, não é isso necessariamente que procuras».
«A oração sem distração é a intelecção mais alta da inteligência».
«Orando com teus irmãos ou orando só, esforça-te por orar, não por hábito, mas com sentimento».

«Quem ama a Deus conversa incessantemente com Ele, como com um Pai, despojando-se de todo pensamento apaixonado».
«Quem ora em espírito e em verdade, não tira mais das criaturas os louvores que dá ao Criador: é do próprio Deus que ele louva Deus».
«O rancor cega a faculdade mestra de quem ora e derrama-lhe trevas sobre as orações».

«A oração é a exclusão da tristeza e do desalento».

27 de março de 2012
Fonte: Ecclesia

HOOLIGANS

O rebotalho dos Hooligans vem aí

Ao proibir a entrada das torcidas disfarçadas do Palmeiras e do Corinthians, a Federação Paulista de Futebol liberou geral a pancadaria do lado de fora dos estádios.
Esses truculentos nunca viram um jogo de bola na vida. Invadem as arquibancadas só para apanharem uns dos outros. São masoquistas, gostam de sofrer.
Ou não seriam palmeirenses nem corintianos. Agora o morticínio é nas ruas de São Paulo. Qualquer dia, os Hoolligans - que já não têm mais nada para fazer na Inglaterra - chegam para dirigir a FPF.
O sonho dessa cretinalha é ser comandada um dia pelo rebotalho covarde e fora de moda dos Hooligans

27 de mar;o de 2012
sanatório da notícia

COMO ACEITAR A MORTE COM DIGNIDADE

Novo livro faz apelo para que pessoas próximas da morte sejam tratadas mais como indivíduos e menos como cases de medicina.

Quando perguntados aonde gostariam de passar seus últimos dias, a maioria dos norte-americanos responde “em casa, cercado por pessoas amadas”. Na vida real, contudo, a penar um em cinco realiza esse desejo. Mais de 30% morrem num asilo, onde quase ninguém deseja estar, e mais da metade perece num hospital, com frequência em centros de tratamento intensivo, pesadamente sedados e entubados por equipamentos até seus médicos desistirem da batalha.

Ira Byock é o diretor de medicina paliativa do centro médico de Darthmouth-Hitchcoc e professor da Escola de Medicina de Darthmouth. Seu livro é uma apelo para que aqueles próximos à morte sejam tratados mais como indivíduos e menos como cases de medicina nos quais todos os recursos tecnológicos disponíveis devem ser empregados. Com duas décadas de experiência na área, ele argumenta de maneira convincente que em certos casos deve-se abdicar da sobrevida a todo custo e ajudar o paciente a morrer suavemente caso este seja seu desejo.

Isso não inclui suicídio assistido, ao qual ele se opõe, mas inclui a garantia de alívio suficiente da dor para que o paciente fique confortável, a coordenação de seu tratamento entre os diferentes especialistas envolvidos, manter os pacientes informados, disponibilizar pessoal o bastante para atender às necessidades deles, organizando o que for necessário para que o paciente possa ser tratado em casa quando possível, e não mantê-los vivos como procedimento padrão quando não há esperança.

Esse território é delicado. O Medicare Hospice Benefict Act, aprovado pelo Congresso norte-americano há 30 anos, oferece cuidados paliativos àqueles cuja expectativa de vida é menor do que seis meses, mas requer que o paciente abandone o tratamento de sua condição uma vez que inicie os tratamentos paliativos. Isto afasta muitos pacientes. E quando eles escutam “tratamento paliativo” e “asilo”, sua reação costuma ser “não estou tão mal assim”.

O estilo de escrita de Bryock não agrada a todos. As histórias pessoais dos pacientes são contadas nos mínimos detalhes, fazendo com que o leitor engasgue com o grau de sofrimento físico e psicológico que cabe à maioria das pessoas ao fim de suas vidas. Ao fim, o autor adquire um tom bastante messiânico, advogando por uma sociedade mais cuidadosa que não dá nenhum sinal de se materializar. Contudo, certamente ele tem razão ao sugerir uma administração mais razoável de um problema que só tende a piorar.

26/03/2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

É TÃO TRANQUILO SER MENOR...

Adoro o Twitter. Nele somos todos humanos, demasiados humanos. Não há lugar melhor para desabafos. É um verdadeiro confessionário! Outro dia uma prestimosa amiga tascou em tom de questionamento que estava “Triste como alguns "militantes" de partidos políticos se aproveitam de mobilização estudantil” em referencia as manifestações na UESPI. Respondo, por que isso ocorre, de forma direta e simples: é pelo mesmo motivo que as pessoas assistem o BBB. Calma! Explico melhor.

Segundo o Francês Jean Braudrilhar, as pessoas assistem o BBB, além da espetacularização, pelos seguintes motivos: porque são idiotas, porque nada têm para fazer, porque adoram espiar os outros pelo buraco da fechadura e porque se identificam. As respostas obedecem à mesma complexidade do programa. Por espetáculo como esse, podemos ser transformados em idiotas sem culpa e com direito a aparição na mídia. Percebeu a semelhança com os tais militantes de partidos políticos?

Você pode alegar que recorri a um filosofo pós-moderno, e que quase todos são relativistas, niilistas, indiferentes... Então me apoiarei em Kant, que é tido como um dos mais radicais pensadores da modernidade. Para alguns, a modernidade tal como pensamos hoje, não seria possível sem o seu pensamento. É um dos pilares da modernidade! Como seu pensamento é bem amplo, me atenho especificamente aos conceitos de maioridade e minoridade. Através deles é possível explicar porque “militantes de partidos políticos se aproveitam de mobilização de toda natureza, não só a estudantil.

Para Kant, alcançar a autonomia implica em abandonar a minoridade em direção à maioridade. Mas isso só é possível quando o individuo decide se servir do próprio entendimento sem está submetido a o entendimento de outro. A idéia é simples: a maiorias imensas das pessoas repetem o que os outros vivem. Vivem em função de conselhos alheios à sua experiência. Isso é viver na minoridade.

Agora viver na maioridade, pressupõe a coragem para pensar e deliberar sobre a vida a partir do próprio entendimento. É claro que por conta do nosso medo e de nossa covardia, tiranos se apresentem como tutores da nossa vida. Até porque, “é tão tranqüilo ser menor” diria Kant. Afirmo sem rodeios que o homem passa por um processo idiotização progressiva. Antes éramos mais obrigados a pensar. É só ir numa banca de revista e seus problemas acabaram. Basta observar a infestação de livros que começa com o a palavra “como”: Como ficar rico, como ter saúde, como fazer amigos, como ser feliz...

É uma proliferação de formulas tirânicas: na política, na religião, no comportamento, etc. Você não precisa pensar, lutar, protestar... tem um cara que me diz: o que vestir, comer, andar e até como fazer sexo... Isso evita que você pense e decida sobre sua vida. O Statu quo é “Para que eu irei me matar de pensar se tem alguém que pode fazer isso pra mim?” Perceba que ser menor é bem mais cômodo.

É difícil decidir sobre a própria vida.

Nessa questão, é impressionante a atualidade do pensamento Kantiano.

Perceba que os militantes que a incomoda, é apena mais um tirano, dentre vários...

Para quem não quer pensar, está tudo pronto e acabado!

Mas a pergunta é: o que se ganha em ser maioridade?!?!

Agora se resolver ser autônomo, com certeza irá incomodar muitos tiranos.

Postado por Junior

VATICANO PATROCINA O VIDRO DE PALMITO

O casamento e o vidro de palmito

Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato é:
cristianes@edglobo.com.br.
Um dos grandes sustentáculos do casamento, como instituição, é o vidro de palmito. Penso nisso sempre que tento preparar uma super salada num domingo de verão. Meu marido conhece o filme. Apoio o vidro num pano de prato, faço força para abrir a tampa, tento soltá-la com uma faca, levanto o lacre de borracha e... nada. Consigo fazer muitas coisas difíceis nesta vida sem pedir a ajuda dele. Abrir o vidro de palmito não é uma delas. Não sei se todas as mulheres têm a mesma dificuldade, mas lá em casa só o jeitinho masculino resolve.
Meu marido se diverte quando digo que a falta de inovação da embalagem de palmito deve ser patrocinada pelo Vaticano. Só um motivo muito forte explica por que até hoje a indústria não foi capaz de inventar um jeito mais simples de embalar palmito com segurança – sem disseminar doenças e sem atazanar as consumidoras.
Para preservar a instituição do casamento tradicional e da família, o Vaticano condena a camisinha. Suspeito que, pela mesma razão, estimule a preservação do vidro de palmito tal como ele é. Quando uma mulher analisa os prós e os contras do casamento, deve considerar o que seriam os domingos sem salada de palmito. Podem ser lastimáveis.
Lembrei dessa história ao ler um texto da psicóloga americana Bella DePaulo, publicado na última edição da revista Psychology Today. Bella, autora de um interessante blog chamado Living Single, afirma que um dos maiores mitos sobre os solteiros é que eles estejam sempre – e desesperadoramente – tentando arranjar um parceiro.
Muitos solteiros querem mudar de estado civil, é claro. Mas essa não é necessariamente a regra. “Talvez mais pessoas estejam escolhendo ser solteiras porque simplesmente gostam disso”, escreve Bella. “Atualmente um solteiro consegue levar uma vida completa e divertida como nunca antes”.
Em um dos textos postados no blog, Bella discorre sobre estudos que tentam associar o casamento a benefícios de saúde. Eles já deram origem a inúmeras capas de revista. Principalmente nos Estados Unidos, onde há um forte movimento que defende o matrimônio tradicional. A verdade, porém, é que esses estudos quase sempre são inconclusivos. É difícil isolar fatores que têm influência sobre a saúde e podem levar os pesquisadores a interpretações erradas.
Bella analisou a fundo os estudos disponíveis e concluiu que as evidências científicas permitem dizer o seguinte:
• As pessoas que sempre foram solteiras não têm mais problemas crônicos de saúde que as casadas
• Mulheres que nunca se casaram declaram ter uma saúde tão boa quanto a das mulheres que se casaram e continuavam casadas no momento da pesquisa
• Ao contrário do senso comum, os homens menos saudáveis eram os que haviam se casado mais jovens
As consequências do casamento sobre a saúde dependem do tipo de relacionamento que o casal cultiva. Um casamento ou namoro infernal eleva os níveis de stress crônico e pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, por exemplo. Se a pessoa vive numa relação harmoniosa, a saúde agradece. Isso é óbvio, certo? É daquelas explicações que a gente não entende por que os pesquisadores precisaram gastar tanto tempo e dinheiro para chegar a elas.
Outro ponto interessante levantado por Bella é que os solteiros convictos (não os que se incomodam com a solteirice) sabem apreciar alguns valores importantes que, em geral, não são percebidos como tal pela maioria das pessoas. É o caso da solidão. Saber valorizar os momentos de sossego, de silêncio, de estar consigo mesmo é um privilégio. Solidão pode ser algo tão importante quanto a sociabilidade.
Os solteiros convictos também sabem que relacionamento não é uma palavra restrita às relações românticas. Eles sabem valorizar os amigos, os parentes, os mentores, os vizinhos. A solteirice, portanto, pode ser uma decisão valorosa. É uma escolha que a sociedade precisa respeitar. Sem pressões, sem piadinhas, sem pena.
Quer saber se você, no fundo, no fundo é um solteiro convicto, mesmo estando casado ou namorando firme? Faça o teste proposto por Bella.
VOCÊ É UM SOLTEIRO CONVICTO?
1) Quando você sabe que passará algum tempo sozinho, o que pensa?
a) Ah, doce solidão.
b) Oh, solidão não.
2) O que você acha da ideia de procurar um parceiro para uma relação amorosa de longa duração?
a) Tem a sensação de que é o que deveria fazer, mas, sinceramente, não é bem o que gostaria de fazer.
b) O processo pode não ser muito divertido, mas encontrar um bom parceiro seria sensacional.
3) Quando você pensa em fazer uma grande mudança na sua vida (escolher uma nova carreira, por exemplo), o que você escolheria?
a) Tomaria a decisão que lhe parecesse certa, sem se preocupar se o parceiro iria ou não aprovar sua decisão.
b) Tomaria a decisão junto com o parceiro, mesmo que isso significasse não seguir sua opção favorita.
4)Muitos parceiros têm a expectativa mútua de estar junto com o outro em todas as ocasiões. Como você se sente em relação a isso?
a)Prefere ir a alguns eventos sozinho ou com outras pessoas. Ou simplesmente ficar em casa.
b)Sente-se confortável em ter o parceiro sempre com você, apesar de ser obrigado a comparecer a compromissos que preferiria não comparecer.
5) Quem são os adultos mais importantes da sua vida?
a) Um mix de amigos, familiares e colegas de trabalho.
b) O cônjuge ou parceiro de longa data.
6) Quando você tem vontade de comer fast food ou assistir a programas trash na TV, como você se sente.
a) Feliz por poder fazer exatamente o que sente vontade, sem ter ninguém por perto.
b) Preferiria ter o parceiro ao seu lado, tanto para curtir as delícias trash com você como para estimulá-lo a ter autocontrole.
7) Quando você pretende perseguir objetivos nobres, como comer comida saudável e ler grandes livros, o que você prefere:
a) Perseguir esses objetivos por conta própria ou com um amigo
b) Ter um parceiro para persistir no caminho certo
8) Quando você tem pequenos contratempos, como se sente:
a) Aliviado por não ter que explicar para ninguém como as coisas deram errado.
b) Gostaria de ter um parceiro para encontrar em casa e poder dividir o que aconteceu.
9) Você é autossuficiente? Costuma lidar com seus problemas e desafios quase sempre sozinho?
a) Sim.
b) Não.
RESULTADO
Conte quantas vezes você escolheu “a”
0 a 3: Você tem alguma apreciação pela solteirice, mas não está completamente convicto disso.
4 a 6: Você gosta de muitos aspectos da solteirice, mas também gosta de passar longos períodos com o parceiro. Quando está casado ou num relacionamento sério, prefere não estar totalmente misturado ao seu parceiro.
7 a 9: Você é um solteiro convicto.
Comigo o teste funcionou. Escolhi quatro vezes a alternativa “a”. Concordo com o diagnóstico. Gosto de muitos aspectos da solteirice. Tenho necessidade dos “meus” momentos, mas também preciso da companhia do meu parceiro. Ela é um privilégio. E não é só por causa do vidro de palmito.
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras.) E você? É um solteiro convicto? Já teve um parceiro amoroso que, no fundo, era um solteiro convicto? O que aconteceu? De que forma o estado civil influencia nossa saúde? Conte pra gente. Queremos ouvir a sua opinião.

21 de janeiro de 2012
CRISTIANE SEGATTO

O PASSADO E O APRENDIZADO

Constantemente podemos perceber pessoas aflitas, tensas, com algo ocorrido em sua vida. Raramente se lembram que o que já ocorreu não tem mais como ser apagado, já foi. O máximo que podem e devem fazer, é buscar alternativas para solucionar algo que não saiu como esperado e acabou magoando ou prejudicando alguém ou a elas próprias.

É incrível como só com mais experiência e maturidade acabamos percebendo o óbvio, que não devemos nos repreender ou ficarmos tristes com o que ocorreu no passado, se erramos ou erraram conosco, se magoamos ou se fomos magoados, se sofremos ou fizemos sofrer. Nada disso poderá ser alterado, mas se realmente desejarmos, pode ser amenizado, tornar-se menos doloroso para quem quer que seja e servir de exemplo, que poderá impedir novos erros.

Toda experiência vivida, por pior que seja, possui um lado bom, o do aprendizado, infelizmente só aproveitado por aqueles que sempre ouvem e observam, buscando seu crescimento como seres humanos. Analisando o passado, com as experiências alheias é possível perceber atitudes mais ou menos convenientes, que provocaram diferentes resultados, em todas as áreas.

É uma ótima escola, onde podemos aprender muito, sem necessariamente termos que experimentar o que já não deu certo com outros. Entretanto, essa prática constante só é realizada pela minoria, os maduros e humildes, que conseguem, com exemplos passados, errar menos e acertar mais.

Os jovens invariavelmente ridicularizam esse passado, considerando-o uma fonte de informações ultrapassadas, e só com a maturidade perceberão como eles poderiam ter facilitado sua vida, se simplesmente tivessem tido a humildade de, olhando para trás, aprender com o que historicamente ocorreu na humanidade.

A análise histórica nos mostra os bons e os maus exemplos, os erros e acertos cometidos, facilitando nossas escolhas, das ações e atitudes corriqueiras e do caminho a ser seguido com maiores chances de sucesso. Apesar dos novos campos surgidos com as novas tecnologias, a história continua e permanecerá nos ensinando muito, inclusive na área comercial.

Negócios mais ou menos lucrativos já foram exaustivamente tentados, em diferentes países, pontos, climas e para as populações mais variadas, tanto culturalmente como por seu poder aquisitivo, mas ensinamentos óbvios, como o de só procurar vender para quem pode comprar, ainda não foram absorvidos por muitos.

Para nosso crescimento, é necessário, aceitarmos que tudo o que hoje temos e sabemos, devemos a tudo o que as pessoas, há milhões de anos, vem observando, experimentando e testando, nas mais diversas áreas. O que já passou está resolvido, mas se usarmos as experiências vividas como aprendizado, certamente encontraremos lições e exemplos para dúvidas posteriores.

Com a história da humanidade, o passado de outros ou o nosso próprio, aprendemos que amizades, paixões e amores provocam alegrias ou dores, e que quando machucam, não devemos ficar tristes, nos lastimar ou tentar consertar o que já passou, mas procurar não cometer os mesmos erros e continuar tentando, sem nos preocupar com muitos outros que certamente ocorrerão, pois foi com nossas quedas que aprendemos a caminhar.

Os que buscam realizar seus sonhos, tentam, erram, aprendem com os erros e continuam tentando, são os que constroem o mundo.

Aceitar os fatos e ocorrências de nossas vidas como o passado, é o primeiro passo para soluções futuras.

João Bosco Leal
30 de janeiro de 2012

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SAI DA FRENTE QUE EU TÔ COM PRESSA!!!

A pergunta é: O que acontece com o senso de prioridade das pessoas?


Tem uma parada muito estranha acontecendo com a galera, algo quase sinistro, onde a pressa, e quando digo pressa, falo de um comichão quase insano pelo simples ato de esperar pentelhézimos de segundos seja para o que for, pois estamos de uma forma tal que essa impaciência se tornou generalizada e sem filtros.

Anda rolando um senso absurdamente louco de 100% de auto-prioridade onde o povo simplesmente caga para os sensos-comuns de urgência, tipo: Ambulância, você vê alguém saindo da frente de uma ambulância? Agora imagine que é você e sua mãe passando mal que estão dentro dela, é de pirar, né não? Ninguém sai mais da frente amigo, chegar no trabalho, na faculdade ou no cliente é mais importante do que a vida da sua mãe.

Então, senso de prioridade. Essa coisa de prioridade é algo obsoleto, certo? Porque eu não vejo a galera discernindo o que é urgente daquilo que pode esperar (na verdade, tudo pode esperar, mas há um pensamento insano globalizado de que tudo é para ontem), é como uma fome, na verdade é uma fome, insaciável.

O que é a pressa? Porque ela evoluiu para um senso de urgência para toda e qualquer coisa? Todo mundo faz, faz, faz, corre, corre, corre, pra ver se no fim consegue um tico de satisfação - o elogio do chefe, um aumento, aquele cliente, um beijo do namorado, um olhar, o salário no final do mês -, logo, a pressa é sempre para encontrar algum tipo de regozijo, uma satisfação, um acalento... que nunca chega ou nunca é suficiente.

A pressa é um comportamento tão compulsivo que, você corre tanto para conseguir aquela realização, e quando ela se concretiza, não consegue ficar parado e simplesmente "curtir e integrar" o momento. Rola aquela curtidinha safada, para logo em seguida sair a cata de mais um novo desafio, é preciso estar em movimento... é preciso mais uma cenoura.

Não só se tem pressa para realizar, como se passa pela realização correndo para a próxima. Esse é o comportamento compulsivo da pressa. A pressa gera seres humanos tão superficiais quanto infelizes.

Eu não lido bem com pressa e agitação. Quando fico muito agitada, sento e respiro. A agitação me deixa com a visão nebulosa e não consigo captar a logística das coisas com propriedade. Ás vezes consigo ter uma visão panorâmica dos processos, outras não. Mas a paradinha para a respirada é fundamental independente do resultado obtido. Acho que é isso que acontece com as pessoas, elas não veem o quadro à distância a fim de priorizar, e mais do que tudo, não SE percebem dentro do processo em meio a loucura que se propõem, com isso, vão passando por cima de si mesmas e quem passa por cima de si mesmo, não tem problema em atropelar o coleguinha.


O que vemos nas ruas? Monstros-humanos se digladiando, correndo, brigando para terem 100% das suas necessidades com !!! (alta prioridade) em tempo recorde de realização.

Como estão todos brigando para se auto-atenderem urgentemente, obviamente, falta olhar para o outro. E a falta de olhar para o outro acarreta ausência de gentileza, cordialidade e todas aquelas características que nos fazem mais humanos e menos animais-atrás-da-carniça.

Não há graça numa vida com pressa.

A pressa nos impede de ver e sentir a vida, pois a beleza da vida está na sutil diferença entre as nuances de uma situação para a outra. Não dá para perceber uma nuance com pressa, logo, todas as situações e pessoas se tornam iguais e previsíveis para pessoas com olhar pastel-apressado. É tudo igual, é tudo chato, é tudo feio.

Por esse motivo as pessoas andam tão grossas e impacientes, além de umbiguistas, falta beleza dentro delas. A quantidade e a rapidez nos processos não podem ser mais importantes do que a qualidade deles, e qualidade não rima com pressa. Beleza não rima com pressa, amor não rima com pressa, alegria, menos ainda.

Então, aperte o stop, permita-se respirar fundo, o mundo não vai cair, se você parar por 5 minutinhos para simplesmente apreciar o que há em volta, e há muito o quê apreciar, acredite. Só é preciso prática para descobrir um universo invisível a olhos-corridos, mas, é exatamente esse universo que abre nossa alma e alimenta nossa fome - antes insaciável - de viver.

Monik Ornellas

Ótimo post sobre a Doença da Pressa (fonte: Revista Época).