sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O CASO REAL DO VESTIDO DE NOIVA SEM CALCINHA



Capela da Sagrada Família, bairro do Vergel do Lago, subúrbio de Maceió, Alagoas, um dia quente de julho do ano da graça de 2011.
O noivo espera diante do olhar de um mal-acabado e resignado Coração de Jesus e de um inquieto vigário que não tolera atraso.

Depois de 45 minutos, o tempo de um jogo de futebol (naquele momento jogavam CRB e Fortaleza), a noiva adentra ao recinto. No embalo de uma valsa e do amparo do braço paterno, a moça chega ao altar.

O vigário dá um “confere” geral nos trajes da senhorita Enislene Alcântara, a Leninha, um quarto de século de vida, professora do ensino fundamental.

Observa o religioso que o decote traseiro descia até o limite da irresponsabilidade cristã, quase na bunda. Cofrinho.

Noves fora o julgamento sobre o bom gosto ou não das vestes, o septuagenário padre Jonas Mourinho desconfia que a pecadora esteja sem calcinha.

O padre cochicha no ouvido de uma noviça, que o ajuda na celebração. Até a tia mais fofoqueira da noiva silencia nesse momento. Não se ouve um pio dos convidados da cerimônia.

A noviça pega no braço da noiva e a conduz aos fundos da paróquia. Por ordem das autoridades religiosas, a noiva se despe. Uma linda. Certinha do lalau, como se dizia antigamente.

A noviça retorna e comunica o veredicto ao padre Mourinho.

O padre convoca os senhores pais. Sussura o ocorrido, sem que ninguém, nem os próprios noivos, saibam o que estaria em andamento.

Ao microfone, o vigário comunica, então, ao distinto público, que o casamento não seria realizado. Motivo: sem calcinha e com a região pubiana depilada a noiva profana descumprira o rito sagrado do sacramento.

A depilação a zero, segundo o padre Mourinho, seria um pecado a mais: “Os pêlos pubianos marcam a transição entre a infância e a vida adulta, portanto retirá-los seria realizar apelo pedófilo para a prática sexual”.

Como ainda chama a atenção a informante Paula Medeiros, a gueixa do sertão, o padre teria firmado, de punho próprio, no manual de casamentos da paróquia, as seguintes e novas regras morais: 1)“Noiva sem calcinha é satanás na cabecinha"; 2) "vagina careca é o diabo na boneca".

Parece broma ou drama rodriguiano. Por isso que é cada vez mais difícil ser escritor de ficção no Brasil. Mais difícil ainda saber o que é verdade ou mentira no marzão de histórias da internet.

Este "fato" nupcial, por exemplo, foi reproduzido, de forma mais objetiva e jornalística, por milhares de sites noticiosos no Brasil. É só conferir. Difícil agora desmenti-lo, mesmo que não pareça tão verdadeiro assim. Eu mesmo o adulterei, com as tintas do gonzo e do exagero, neste post.

No que acreditar ou ler como texto fictícios nos dias que correm?

Só sabemos que depois de todo o bafafá, a noiva se queixou de tara do vigário, que a devorou com os olhos que a terra biblicamente há de comer.

Agora ela pensa casar em um terreiro de umbanda, pois só acredita nos deuses que dançam.

O que você faria, amiga, se fosse posta em uma saia justa dessas? E você, amigo, no papel de noivo, o que faria com este desalmado vigário?

Escrito por Xico Sá

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