Podem ser anotações casuais de um passante, porque quando começamos nossa jornada, não distinguimos bem a paisagem. Ela sempre nos surpreende. Desconhecemos aonde nos pode levar o caminho. Não o escolhemos... Perambular é o próprio caminho. Uma narrativa do destino que desenhamos inconscientemente. O que pretendo? Tecer algumas considerações fora da mesmice, e pinçar alguns textos curiosos que despertem a paixão...
domingo, 18 de setembro de 2011
"VIDA LOKA"
A "VIDA LOKA” E CURTA DE KELLY CYCLONE.
No Brasil parece não haver mais diferença entre o certo e o errado. A cultura bandida da transgressão, do crime, do tráfico ocupa parte do imaginário dos jovens
A cultura bandida da transgressão, do crime, do tráfico ocupa parte do imaginário dos jovens. A mídia dá imensos espaços às “vítimas do sistema”. Certa música mais parece propaganda da criminalidade que “fotografia” da romantizada vida no gueto.
A Bahia enterrou uma famosa. Milhares de pessoas lamentaram a morte de jovem Kelly Sales Silva, 22 anos, conhecida desde ao ano passado por Kelly Cyclone, segundo muitos a “rainha do pó”.
Ficou conhecida popularmente por haver namorado dois ou três chefe do tráfico, segundo a imprensa baiana. Para a polícia era ligada a traficantes e ao comércio de cocaína.
No ano passado foi presa, em fevereiro, numa festa que ficou conhecida como “a festa do pó da Boca do Rio”. Foi apontada por policiais como uma dos seis traficantes que foram detidos no local com grande quantidade de drogas.
Os parentes dela negam que tivesse uma vida ligada a roubos ou ao tráfico, segundo a imprensa. Mas tudo que fazia indicava uma forte ligação com a marginalidade. Certas tatuagens, o medalhão de prata no pescoço pendurado em grossa corrente, indícios da Vida Loka.
Até aí tudo bem. As pessoas, de um modo ou de outro, fazem suas escolhas. Aos 22 anos de idade Kelly já havia percorrido um bom pedaço de mau caminho. Agitação, baladas, bailinhos, namoros com aqueles do gueto que têm poder.
Alguns outros mais pobres, do gueto, muitas vezes cortam pelo caminho mais curto, namorando os rapazes do pó. Eles têm poder, ganham bastante dinheiroe gastam fácil. Vivem com uma certa intensidade porque sabem que podem encontrar a morte vinda das balas por causa de uma disputa territorial ou dos tiroteios com a polícia. Isso parece que tem fascinado muitas jovens. É o amor bandido, fenômeno observável em muitas grandes cidades.
Poder é muito importante. Alguns buscam pelo estudo, pela corrupção política e empresarial, outros, mais pobres, do gueto, muitas vezes atalham pelo caminho mais curto, namorar os rapazes do pó. Eles têm poder, gastam, ganham, gastam. Vivem com uma certa intensidade porque sabem que podem encontrar a morte vinda das balas por causa de uma disputa territorial ou dos tiroteios com a polícia. Curtem sua Vida Loka.
Kelly Cyclone foi assassinada na madrugada de segunda-feira em Lauro de Freitas (BA), na região metropolitana de Salvador. Não há informações sobre a autoria do crime.
De acordo com familiares, a jovem estava em um show com uma das irmãs antes de ser morta. Inicialmente a polícia pensou tratar-se de uma troca de tiros entre bandidos, depois que havia sido uma perseguição policial a criminosos, com tiroteio.
Mas, ao longo do dia, surgiram informações dando conta de que os parentes de Kelly acreditam em crime passional e dizem que no momento da morte ela possivelmente estava com um ex-namorado conhecido como "Gustavinho". Ele seria, de acordo com o relato da família, filho de um policial.
Kelly virou celebridade na Bahia após ser presa em fevereiro de 2010 durante um evento que ficou conhecido como a "festa do pó na Boca do Rio". Ela trazia no corpo tatuagens que chamavam a atenção, como um dragão que cobria a perna, a inscrição "Vida Loka" e o nome de um ex-namorado.
Kelly Cyclone teve um caso amoroso com o traficante Sidnei Ferreira da Silva e divulgou fotos dela com armas nas redes sociais. Conforme a polícia, ela estaria em companhia de traficantes que faziam uma série de roubos na região quando foi morta, o que foi negado por parentes dela. A PM ainda informou que ela teria participado da troca de tiros com policiais que perseguiam os criminosos.
O curioso no caso de Kelly Cyclone, para não dizer trágico, é a comoção popular. A cobertura de sua morte é de uma pessoa famosa. Não importando a razão da popularidade.
A comunicação de massa, pela rapidez, parece nivelar qualquer conteúdo, igualando um ataque a bomba que mata 30 pessoas no Iraque, a um bizarro caso amoroso, ou ao assassinato de alguém ligado à transgressão.
Familiares de Kelly negam que a jovem tenha participado de roubos ou que tenha ligações com traficantes. Dançarina de pagode, ela chegou a declarar que pensava em disputar uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador em 2012.
É disso que se trata, a popularidade, a fama efêmera, a celebridade imediata parece ser um tipo de alucinógeno que lança as pessoas em loucas aventuras. Vale tudo para chegar ao topo.
Às vezes o topo é o fundo de uma cova.
O enterro de Kelly Cyclone foi às 16h no Cemitério de Portão, acompanhado por 150 pessoas. Seu corpo foi encontrado na rua com tiros e marcas de facadas. Tinha 20 tatuagens, uma delas era:
O que vocês acham disso?
A transgressão é o caminho inevitável para a juventude?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário