sexta-feira, 7 de setembro de 2012

VINHO TINTO PODE CONTROLAR DIABETES TIPO 2

Uma taça da bebida ao dia poderia substituir medicação, mas especialistas alertam que o hábito de beber traria outros riscos

vinho tinto
(Martin Bernetti / AFP)
 
A Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida, em Viena, na Áustria, acaba de descobrir mais um dos benefícios que o vinho tinto pode trazer à saúde. Segundo Alois Jungbauer e sua equipe, uma taça ao dia da bebida pode manter a diabetes tipo 2 sob controle.

Isso acontece porque, conforme revelou o estudo da equipe, uma pequena taça de vinho contém a mesma quantidade de PPAR-gamma (substância ativa no controle dos níveis de açúcar no sangue) presente em uma dose de medicamento usado no tratamento da doença.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores compararam as quantidades da substância em doze tipos de vinho e concluíram que os tintos tinham mais PPAR-gamma que os demais.
Então, eles analisaram os efeitos dessa substância nas células e determinaram que ela existia em proporções suficientes para competir com a droga Avandia.

Apesar da boa notícia, alguns aspectos devem ser considerados antes de uma adesão imediata à dose diária da bebida. A organização Diabetes UK, da Grã-Bretanha, por exemplo, reagiu ao estudo argumentando que vinho é muito calórico, o que pode levar ao aumento do peso e a conseguinte perda de todos os benefícios advindos das propriedades da bebida.

Os pesquisadores do estudo austríaco replicaram, dizendo que, ingerido com moderação e acompanhado de uma dieta de calorias, o vinho seria uma ótima alternativa à medicação. “'Moderação' quer dizer uma taça ao dia para mulheres e duas para os homens”, explicou Jungbauer. “Nosso grande problema é pregar um estilo de vida saudável, porque vinho em excesso causa diabetes e obesidade”, acrescenta.

Diabetes - A doença ocorre quando o pâncreas é incapaz de produzir insulina suficiente – hormônio que controla a quantidade de açúcar no corpo. Há também casos em que a insulina é produzida, mas não funciona adequadamente. Grandes quantidades de açúcar no sangue, por sua vez, podem levar a problemas cardíacos, cansaço, cegueira, danos nervosos, problemas nos rins e apoplexia.

07 de setembro de 2012

O ESCÂNDALO DAS VAGINAS

Não entendi a comoção em torno da plástica íntima

 

IVAN MARTINS IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA (Foto: ÉPOCA)
 
 
Fomos informados pela imprensa, alguns dias atrás, que cresce exponencialmente no Brasil o número de cirurgias estéticas de vagina. As mulheres que têm lábios vaginais muito grandes estão pagando cerca de três mil reais para reduzi-los às proporções da moda, que são modestas e delicadas. Se eu entendi direito, em vez de um botão de rosa aberto ou semiaberto, elas querem um botão cerrado. Acham mais bonitinho.




A notícia provocou o barulho de sempre. As moças engajadas foram às redes sociais dizer que esse tipo de operação representa uma violência social inaceitável. Os homens que amam as mulheres declararam seu amor incondicional a qualquer forma sagrada de vagina. Em dois minutos, apareceram dezenas de médicos explicando como a operação – embora simples e rápida – exige uma recuperação cuidadosa (um mês sem sexo!) e acarreta dois riscos sérios: infecção e perda de sensibilidade vaginal, por dano ao tecido nervoso.
Confesso que, neste tipo de assunto, estou me tornando um pessimista.

As pessoas farão coisas cada vez mais malucas com seus corpos, não importa o que a gente ache ou diga. Acredito que isso exterioriza o enorme mal estar interior com elas mesmas, que precisa ganhar forma de algum jeito. Se puderem redesenhar seus corpos – da forma como não conseguem alterar seus sentimentos – farão isso cada vez mais agressivamente, sob qualquer desculpa, inclusive a de se tornar mais atraentes. Temo que no futuro vivamos num livro de ficção científica de Willian Gibson, em que os personagens têm olhos cor de rubis, vaginas artificiais nas coxas e carregam clitóris embaixo dos braços. Eu chamaria isso de inferno, mas muitos acharão que é o paraíso.
Dito isso, e talvez por ser um pessimista, eu não fiquei escandalizado com as cirurgias estéticas de vagina. Não entendo em que elas são eticamente diferentes de uma plástica de nariz. Ou de barriga. Ou de seios. Se a gente já se acostumou com peitos que balançam como bolas de borracha, por que fazer caso de minúsculas lacerações do tecido vaginal? Pergunto aos meus botões ignorantes se uma lipoaspiração é menos nojenta, agressiva, perigosa ou de qualquer maneira menos fútil que uma plástica corretiva na vagina – e não recebo deles resposta satisfatória.

Sendo homem, tampouco faço ideia de como seja estar insatisfeito com a própria vagina, achá-la desengonçada, pelancuda, feia. Já ouvi mulheres com esse sentimento e elas me pareceram tristes. Minha primeira impressão é que o amor e o desejo dos parceiros deveriam ajudar a colocar isso de lado, mas talvez em alguns casos essas atenções faltem, ou sejam insuficientes. Deve haver situações em que a modificação do corpo seja mais que mera estupidez ou frivolidade, e talvez um psicólogo seja a pessoa adequada para ajudar a determiná-las.
Embora eu não saiba nada sobre os sentimentos da vagina, sei como os homens se sentem em relação ao pênis.

Milhões vivem profundamente insatisfeitos com a forma e, sobretudo, com as dimensões que receberam da natureza. Se houvesse a certeza de mudar essa situação com uma cirurgia de três mil reais, de curta duração e baixo risco, tenho certeza de que muito se atirariam a ela como loucos - desesperados e famintos. Quem, sendo homem, sabendo como cada um de nós se sente em relação ao próprio pênis, diria a outro homem que não fizesse por si mesmo essa graça? Mas não existe uma cirurgia segura que ofereça a prodigalidade peniana. Portanto, estamos livres para rir, julgar e invejar as mulheres.


Não quero com isso endossar de forma nenhuma as plásticas vaginais. Já disse que acho esse modismo uma expressão da nossa coletiva (e inexorável) maluquice. Mas tampouco fico confortável vendo as pessoas que fazem esse tipo de procedimentos sendo estigmatizadas. Acho patético que uma sociedade que foi tão longe em incentivar o flagelo corporal das mulheres em nome da beleza se volte coletivamente contra a mais recente manifestação da sua própria loucura – apenas outro sintoma, sutil e delicado, de que coisas muito mais importantes estão erradas.

07 de setembro de 2012
ivan martins

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

AS CONTRADIÇÕES


Tenho observado durante todo esse tempo muitas pessoas que se mostram radicalmente contraditórias em suas atitudes.

Até eu me enquadro nessa mercurialidade.

Notei, por exemplo, que há pessoas que não arredam de serem vingativas, no entanto se mostram comoventemente amorosas no fulcro de sua emotividade.

São capazes de ódios repentinos e passageiros, mas no cerne de sua personalidade revelam-se generosas, dadivosas, românticas e se entregam em atitudes de amor e paixão de modo devotado.

Já, não por outra razão, o estudo psiquiátrico colheu nesse campo da inclinação humana o fenômeno que denominou de bipolaridade.

O bipolar, muito frequente nas relações humanas, se caracteriza por uma variação permanente: ora está deprimido, arrasado, no mais completo baixo-astral, ora está em euforia, num êxtase mental que beira o delírio deleitoso.

A euforia é muito rica – e pobre – em suas reações.

A pior reação da euforia é a irritabilidade. Por ela, uma pessoa tanto pode indignar-se com raiva de outra como até se atirar à destruição de seu semelhante.

Não queira ser alvo da irritação de quem está em euforia.

No entanto, a euforia se alterna periodicamente com a depressão, esta um estado mórbido de prostração que derruba o indivíduo a ponto de, na maioria das vezes, querer encerrar-se em seu quarto e não encontrar-se com ninguém, nem com seus próprios familiares, dentro de sua casa.

O deprimido estende os limites de sua solidão e se priva de todas as relações humanas que não forem essenciais, eliminando as triviais.

Chega a ser fenomenal que uma mesma pessoa pareça ser duas, uma aberta e estuante para a relação com os outros, a outra taciturna e avessa aos contatos humanos, embora o primeiro tipo se muna por vezes de agressividade.

A psiquiatria tem atacado com relativo sucesso a bipolaridade, através de medicamentos químicos.

O estado normal e saudável da pessoa humana é um ponto equilibrado, distante claramente da euforia e da depressão.

Este ponto é mais suscetível de felicidade.

 
Paulo Sant`Ana
ZERO HORA
03/09/2012

EM BUSCA DA VAGINA PERFEITA

Cirurgia plástica íntima é mania mundial que preocupa ginecologistas

Lábios vaginais recauchutados e outros retoques na genitália feminina não podem ser facilmente exibidos como peitões de silicone ou barriguinhas lipoaspiradas. Mesmo assim, são o último fenômeno no cardápio moderno das intervenções plásticas.

Nos EUA, são feitas mais de 1,5 milhão de cirurgias íntimas. No Reino Unido, 1,2 milhão. No Brasil, médicos apontam um crescimento de 50% nos últimos dois anos.


Jamie McCartney/Divulgação
Um dos painéis que compõem o "Grande Mural da Vagin", do artista plástico inglês Jamie McCartney
Um dos painéis que compõem o "Grande Mural da Vagin", do artista plástico inglês Jamie McCartney

O ginecologista Paulo Guimarães é expert em "design vaginal". Dá cursos de formação em cosmetoginecologia para médicos. Nos treinamentos, diz, 900 mulheres são operadas por ano, a preços menores. No consultório, "com atendimento personalizado e sigilo", afirma fazer 15 cirurgias íntimas por mês.

O cirurgião plástico Marcelo Wulkan, que atende em São Paulo e tem trabalhos sobre redução de lábios vaginais em publicações internacionais, diz fazer cem desses procedimentos por ano.
Mesmo médicos mais conhecidos por outros tipos de cirurgia, como implantes mamários e plástica de nariz, estão vendo a procura crescer.

"Nos últimos dois anos, passei de uma cirurgia íntima para três por mês", conta Eduardo Lintz, chefe de cirurgia plástica do hospital HCor, de São Paulo, e professor do Instituto Ivo Pitangui, no Rio. No total, Lintz faz cerca de 40 cirurgias plásticas mensais.

TAMANHO-PADRÃO

Como não há evidências de que os lábios vaginais cresceram nos últimos anos, especula-se que o aumento de cirurgias redutoras esteja ligado à uma nova busca de medidas genitais "padrão".
E o que é uma vagina normal? Assim como as estatísticas brasileiras sobre cirurgia íntima, as medidas são imprecisas. "Isso é um pouco subjetivo. Quando o lábio menor não ultrapassa 2 cm de largura pode ser considerado normal", diz Wulkan.

Está longe de ser consenso. Segundo estudo no "British Journal of Obstetrics and Gynaecology", a diversidade de tamanhos observada nos lábios vaginais da população é imensa, o que amplia o espectro de normalidade.

O mesmo estudo aponta que trabalhos anteriores definiram como acima do normal lábios com mais de 4 cm de largura, mas essa medida deve ser revista e ampliada.

Quando os lábios menores ultrapassam os maiores, a tendência é serem considerados candidatos à cirurgia. Mas não se trata de uma imperfeição física.

"É constitucional, a mulher nasce com essa característica, como nasce com um nariz grande", diz Lintz.

No entanto, o que é natural já não é o normal.

Imagens de nus femininos, reportagens e material didático criam o modelo de normalidade, diz a antropóloga Thais Machado-Borges, do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Estocolmo, Suécia.

No estudo "Um olhar antropológico sobre a mídia, cirurgia íntima e normalidade", ela diz que as mulheres consideram atrativas as formas que correspondam a esse modelo, criadas por técnicas cirúrgicas. "Será que essas cirurgias podem transformar zonas erógenas em 'paisagens' onde reina o prazer?", questiona.

Como em relação a narizes, peitos e bundas, o padrão estético muda conforme a época e o país. "Nos EUA, as mulheres querem vagina pequena, cor-de-rosa. As brasileiras querem no mesmo tom de pele do das mãos, com lábios de 1 cm a 1,5 cm", diz o ginecologista Paulo Guimarães.
"É o modelo imaginário do órgão de menininha, o formato 'sou virgem'", interpreta a psicóloga Rachel Moreno.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia alerta seus membros sobre riscos dessa onda.

"É preciso muito cuidado para mexer em locais com tantas terminações nervosas. As cirurgias íntimas são vendidas como soluções para dificuldades sexuais, mas, se você mexer onde não era para mexer, você piora o que era para melhorar", diz Gerson Lopes, presidente da comissão de sexologia da entidade.
 
03 de setembro de 2012
IARA BIDERMAN, DE SÃO PAULO