Tenho observado durante todo esse
tempo muitas pessoas que se mostram radicalmente contraditórias em suas
atitudes.
Até eu me enquadro nessa mercurialidade.
Notei, por
exemplo, que há pessoas que não arredam de serem vingativas, no entanto se
mostram comoventemente amorosas no fulcro de sua emotividade.
São
capazes de ódios repentinos e passageiros, mas no cerne de sua personalidade
revelam-se generosas, dadivosas, românticas e se entregam em atitudes de amor e
paixão de modo devotado.
Já, não por outra razão, o estudo psiquiátrico
colheu nesse campo da inclinação humana o fenômeno que denominou de
bipolaridade.
O bipolar, muito frequente nas relações humanas, se
caracteriza por uma variação permanente: ora está deprimido, arrasado, no mais
completo baixo-astral, ora está em euforia, num êxtase mental que beira o
delírio deleitoso.
A euforia é muito rica – e pobre – em suas reações.
A pior reação da euforia é a irritabilidade. Por ela, uma pessoa tanto
pode indignar-se com raiva de outra como até se atirar à destruição de seu
semelhante.
Não queira ser alvo da irritação de quem está em euforia.
No entanto, a euforia se alterna periodicamente com a depressão, esta um
estado mórbido de prostração que derruba o indivíduo a ponto de, na maioria das
vezes, querer encerrar-se em seu quarto e não encontrar-se com ninguém, nem com
seus próprios familiares, dentro de sua casa.
O deprimido estende os
limites de sua solidão e se priva de todas as relações humanas que não forem
essenciais, eliminando as triviais.
Chega a ser fenomenal que uma mesma
pessoa pareça ser duas, uma aberta e estuante para a relação com os outros, a
outra taciturna e avessa aos contatos humanos, embora o primeiro tipo se muna
por vezes de agressividade.
A psiquiatria tem atacado com relativo
sucesso a bipolaridade, através de medicamentos químicos.
O estado
normal e saudável da pessoa humana é um ponto equilibrado, distante claramente
da euforia e da depressão.
Este ponto é mais suscetível de
felicidade.
Paulo Sant`Ana
ZERO HORA
03/09/2012
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