segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

ROTEIRO PARA LER DOSTOIÉVSKI

Presente de valor inestimável



No começo do ano, postei aqui em meu blog um Roteiro para ler Dostoiévski, sugerindo uma sequência de leitura para que novos leitores conheçam a obra do grande mestre russo. 
O post obteve vários comentários, que agregaram muito valor ao roteiro, e, além dessa repercussão, recebi um email da minha querida amiga e concunhada Fernanda, que mora em Recife. 
Ela me falou um tanto enigmaticamente de uma coleção com as obras completas do Dostoiévski, que ela e a sua irmã Lu, a minha cunhada, ganharam de herança do pai. 
Nesse email, perguntou-me se eu estava interessado em algum dos volumes... Interessado? Eu? Há uma porção de contos e novelas do Dostoiévski que só podem ser encontrados, em português, nas Obras Completas, da Editora José Olympio, que conta com algumas traduções (indiretas) da Rachel de Queiroz e alguns prefácios do Otto Maria Carpeaux. 
É claro que eu estava interessado. No entanto, não tive coragem de escolher um volume. Em primeiro lugar porque não conseguia me decidir qual. Queria muito ler O Adolescente, um importante romance da fase madura do escritor, que recentemente foi lançado pela Editora Companhia das Letras, porém numa tradução não-integral, para a minha grande decepção. 
Também desejava muito ler histórias como O Sósia, A Mulher Alheia e O Homem Debaixo da Cama, O Sonho do Titio, Polzunkov, O Heroizinho, O Ladrão Honrado e A Árvore de Natal e Um Casamento, que estão distribuídos em diferentes tomos. 
Além dessa incapacidade de me decidir, achava inadequado desfalcar a coleção, sobretudo por se tratar de uma herança. Resultado: me dei bem! 
No começo de Abril, a Fernanda veio para São Paulo a fim de assistir ao show do U2, passando pelo Rio de Janeiro, e durante toda essa viagem ela carregou os 10 pesados volumes das Obras Completas de Dostoiévski numa caixa enorme. Que linda surpresa! Acabo de ler o prefácio de O Adolescente, de Ledo Ivo, que diz: “É como se o leitor, tornado numeroso, assistisse ao desfile de suas imagens potenciais. 
Todas as máscaras escondidas nos desvãos da psicologia se propõem ao seu rosto. Epopeia íntima, a obra de Dostoiévski se funda no conhecimento do homem”. 
Graças a este presente, tornei-me mais numeroso e ganhei acesso a novas imagens escondidas. Daqui a oito ou nove anos, quando eu terminar de ler e reler a sua obra, quem sabe não venha a ser um verdadeiro especialista em Dostoiévski? Fica aqui o meu profundo agradecimento à Fernanda. É bom ter amigos!

20 de fevereiro de 2017
pablo gonzalez

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