Imagine a seguinte cena: você entra em uma vinícola e avista uma fileira de barris, alocados cuidadosamente em caves escuras, contendo deliciosas safras. Se você é um amante de vinhos, esta certamente é uma imagem reconfortante.
Além de brincarem com a imaginação de qualquer pessoa, as barricas de carvalho também guardam um papel importante para a formação do sabor dos vinhos. A madeira que envolve a bebida influencia na sua qualidade e maturação.
Preparamos este conteúdo para que você conheça mais sobre o processo de envelhecimento. Confira!
Quais as funções das barricas?
Os primeiros barris de madeira elaborados na história serviam apenas como substitutos aos vasos de cerâmica, que por sua vez eram utilizados para comportar e transportar vinhos na antiguidade. No entanto, com o passar dos anos, percebeu-se que a madeira poderia ser utilizada não somente para armazenar, mas também para agregar riqueza, qualidade e valor aos vinhos.
Dica: A influência dos barris de carvalho no aroma e sabor dos vinhos
Hoje, sabe-se que a passagem por barricas de carvalho faz com que o vinho adquira aromas e sabores próprios da madeira, que podem ser acentuados ou não, dependendo do processo de tosta implicado a cada barrica.
As superfícies das barricas são aquecidas antes de receberem o vinho. Conforme a intensidade da tosta, diferentes aromas são atribuídos à bebida, desde os mais suaves, como a baunilha, até os mais intensos, como o café.
O carvalho também promove o afinamento dos taninos do vinho e auxilia na sua estabilização, amadurecimento e desenvolvimento. Isso ocorre graças à capacidade das barricas de permitir que o vinho "respire" por meio dos microporos da madeira, possibilitando a chamada micro-oxigenação.
Neste processo, o oxigênio entra em contato de forma gradual com os taninos mais pesados e rústicos do vinho, provocando uma precipitação dos mesmos no fundo das barricas. Logo, na hora do engarrafamento, apenas os taninos mais finos estarão presentes, garantindo ao vinho características mais arredondadas e aveludadas.
Dica: Entenda a influência do carvalho sobre o vinho
Entretanto, os barris devem ser utilizados apenas como uma ferramenta para adicionar complexidade ao vinho e não como uma característica predominante. Outros fatores que também colaboram para o aumento dessa complexidade são o tempo de contato e as características da própria madeira.
Esse conjunto de variáveis dita a velocidade da oxidação do produto, que pode produzir alterações sensoriais na cor e no sabor da bebida. Sendo assim, a presença das barricas de carvalho no processo de produção de vinho é a chave para o envelhecimento e ganho de complexidade da bebida.
Por que o carvalho e não outra madeira?
Ao longo dos séculos e da evolução da produção de vinhos, diferentes tipos de madeira foram testados na fabricação das barricas e pipas, como cerejeira, acácia, faia, castanheira e diversas outras. Porém, o carvalho se provou o maior agregador debenefícios e aromas adequados aos vinhos.
A preferência se deve a características como maior resistência, leveza, impermeabilidade, maleabilidade, afinidade de sabor e capacidade de agregar maior complexidade às bebidas.
É fundamental notar que a particularidade final de um vinho se deve tanto pelo uso correto da madeira quanto pela qualidade das uvas. Os tipos de madeira e a forma como os barris são fabricados diferem de região para região e de país para país, o que acaba proporcionando aos vinhos aspectos próprios conforme sua origem.
Ainda vale notar que existem muitos vinhos que não são maturados em algum tipo de madeira, mas praticamente todos os tintos têm algum tipo de contato com barricas. Vinhos brancos, de sobremesa, fortificados e até mesmo espumantes também podem passar por maturação em recipientes de madeira.
Quais são as diferenças entre o carvalho francês e o americano?
Cada uma das mais de 250 espécies de carvalho possui características diferentes, porém, poucas delas são indicadas para a produção de barris. Duas das variedades dessa madeira se sobressaem e são as reconhecidamente mais utilizadas: o carvalho francês e o carvalho americano. Qualquer uma dessas espécies reflete diretamente no resultado da bebida.
O carvalho francês é utilizado desde os tempos mais antigos. Por proporcionar vinhos de maior estrutura e complexidade, além de ser muito apreciado, é também o mais caro. Essa madeira confere aos vinhos notas mais picantes e sutis e é preferencialmente indicada para vinhos de guarda.
Já o carvalho americano tende a ser mais potente no sabor, apresentando notas presentes de coco e baunilha. Por passar aromas de maneira mais agressiva à bebida, essa espécie torna-se inadequada para vinhos em estágios superiores a 10 meses.
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Apesar das suas diferentes características, não quer dizer que um tipo de carvalho seja melhor do que o outro. Mesmo sendo relativamente recente, o vinho envelhecido em carvalho americano tem sido apreciado mundialmente. Há ainda a possibilidade de um vinho ser enriquecido passando pelas duas variedades de barrica, se tornando ainda mais complexo e saboroso.
O que influencia a qualidade dos barris e dos vinhos?
Diversas outras condições influenciam a qualidade do vinho além do tipo de carvalho utilizado no armazenamento. A primeira delas é a granulação da madeira, já que a porosidade interfere no nível de absorção da bebida. As madeiras menos porosas são as mais procuradas, pois sua influência na bebida é mais fina e discreta.
Outro ponto importante é a idade e crescimento da árvore. Quanto mais velho e mais lento tiver sido o crescimento do carvalho, maior será a qualidade da sua influência sobre o vinho. Depois de partida ou serrada, a madeira deve passar por um processo de secagem durante dois ou três anos. Esse processo tira a umidade do tronco e permite modificações químicas nos componentes que causam amargor e acidez ao vinho.
A montagem e tosta das barricas também são etapas que interferem na maturação do vinho. Os barris não levam pregos e as ripas são apenas encaixadas uma na outra. Para a montagem do barril, as madeiras são aquecidas no vapor, fogo ou água fervente até que fiquem maleáveis.
Logo em seguida as barricas são submetidas à tosta, que geralmente são mantidas em nível médio. Quanto mais alto o nível da tosta, mais aromas torrados (como caramelo e café, por exemplo) serão incorporados no vinho.
Um trabalho de maturação feito com um bom barril pode ser a chave para uma bebida saborosa e interessante. Além de acrescentar riqueza e qualidade à bebida, a madeira é responsável pelos aromas e sabores que tornam um vinho único.
Agora que você conhece toda a influência das barricas sobre o envelhecimento e propriedades dos vinhos, já pode começar a notar essas características na sua próxima degustação.
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27 de fevereiro de 2018
in site famiglia Valduga
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