SOBRE O ENVELHECER...
Somos retóricos, quando tratamos de problemas existenciais, isto é, quando falamos da vida real e dos males que, naturalmente, nos acometem.
Hoje, um tema dominante é o envelhecer.
Abordagens sob vários olhares, como disse retóricos, buscam associar o envelhecer, a estágios da existência, habitualmente ligados a um patrimômio de sabedoria, de experiência de vida, de memórias relevantes, de momentos memoráveis e outras condições excepcionais, que enaltecem esse ciclo biológico, inevitável.
Para tanto, recorre-se a arte, principalmente a literária, com destaque para a poética, onde o tema raramente é olhado sob o prisma da fatalidade de seu verdadeiro significado, que expressa a decadência das funções vitais, quando não, cognitivas.
Realismo, ou pessimismo?
Realismo, a medida que não podemos negar o tempo, que atua contra a vida desde o seu nascimento. A observação criteriosa nos aponta a adversidade que o corpo enfrenta, com o decorrer dessa etapa.
Sem paixões, olho o envelhecimento como o momento em que iniciamos um profundo mergulho no silêncio das memórias, que representaram as diretrizes, as linhas mais importantes que nos conduziram durante a vida.
É o momento de autocrítica, em que procuramos organizar com serenidade, quem fomos, o que fizemos, o que representamos para os que viveram próximos de nós.
Pessimismo, quando despertamos para a realidade de que não há grandeza gratuita, apenas porque envelhecemos. Envelhecer não é um ato inteligente, mas biológico. Nada se acrescenta, simplesmente porque envelhecemos, a não ser a perda da energia que nos impulsionou durante alguns momentos da existência.
Se nada edificamos, envelheceremos apegados a preconceitos, ao senso comum, aos saberes do cotidiano, a hábitos, crenças, como meros passantes na paisagem humana.
Se nada edificamos, nada perceberemos do encanto da vida, do seu mistério, da sua espiritualidade. Passaremos como sombras, e como tal nos dissolveremos, sem deixar pegadas ou alguma grata memória nos que privaram da nossa intimidade.
Seremos um retrato na parede, ou em algum album de fotografias.
Com o tempo implacável, desbotaremos, e nada ficará que lembre o momento memorável em que existimos.
08 de março de 2025
prof. mario moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário