segunda-feira, 10 de março de 2025

SOBRE O ENVELHECER...

  SOBRE O ENVELHECER...

Somos retóricos, quando tratamos de problemas existenciais, isto é, quando falamos da vida real e dos males que, naturalmente, nos acometem.

Hoje, um tema dominante é o envelhecer. 

Abordagens sob vários olhares, como disse retóricos, buscam associar o envelhecer, a estágios da existência, habitualmente ligados a um patrimômio de sabedoria, de experiência de vida, de memórias relevantes, de momentos memoráveis e outras condições excepcionais, que enaltecem esse ciclo biológico, inevitável.

Para tanto, recorre-se a arte, principalmente a literária, com destaque para a poética, onde o tema raramente é olhado sob o prisma da fatalidade de seu verdadeiro significado, que expressa a decadência das funções vitais, quando não, cognitivas.

Realismo, ou pessimismo?

Realismo, a medida que não podemos negar o tempo, que atua contra a vida desde o seu nascimento. A observação criteriosa nos aponta a adversidade que o corpo enfrenta, com o decorrer dessa etapa. 

Sem paixões, olho o envelhecimento como o momento em que iniciamos um profundo mergulho no silêncio das memórias, que representaram as diretrizes, as linhas mais importantes que nos conduziram durante a vida. 

É o momento de autocrítica, em que procuramos organizar com serenidade, quem fomos, o que fizemos, o que representamos para os que viveram próximos de nós.

Pessimismo, quando despertamos para a realidade de que não há grandeza gratuita, apenas porque envelhecemos. Envelhecer não é um ato inteligente, mas biológico. Nada se acrescenta, simplesmente porque envelhecemos, a não ser a perda da energia que nos impulsionou durante alguns momentos da existência.

Se nada edificamos, envelheceremos apegados a preconceitos, ao senso comum, aos saberes do cotidiano, a hábitos, crenças, como meros passantes na paisagem humana.

Se nada edificamos, nada perceberemos do encanto da vida, do seu mistério, da sua espiritualidade. Passaremos como sombras, e como tal  nos dissolveremos, sem deixar pegadas ou alguma grata memória nos que privaram da nossa intimidade. 

Seremos um retrato na parede, ou em algum album de fotografias.

Com o tempo implacável, desbotaremos, e nada ficará que lembre o momento memorável em que existimos.

08 de março de 2025

prof. mario moura

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