domingo, 18 de agosto de 2013

PABLO CAPILÉ? E POR FALAR EM CALOTE


Reprodução/TV Cultura

Por falar em calote


Convém visitar o site da Justiça do MT, onde Pablo Capilé é cobrado desde 2007 por um cheque-caução sem fundo de R$ 12 mil passado ao Hotel Master, de Cuiabá, parceiro do Fora do Eixo no Festival Calango.
A Justiça não consegue intimá-lo, afinal, é um homem de muitas casas América Latina afora.
O número do processo é este: 307098 - 2007 \ 404. Nr: 16356-23.2007.811.0041.http://www.jusbrasil.com.br/diarios/38004915/djmt-19-06-2012-pg-81

Podem ser feitas as consultas necessárias ouvindo as pessoas: a advogada Ana Kelcia tem prazer em explicar a dificuldade de executar a cobrança. O valor corrigido hoje já passa dos R$ 30 mil.
Outro hotel, o Abudi, também protocolou petição junto à Secretaria da Cultura local, mas desistiu de mover ação. Isso significou R$ 5 mil que o Fora do Eixo embolsou na marra.
Vai morar com alguém? Saiba quem é.


Portal de Transparência? Minha contribuição
Acho linda a ideia. Convém informar quantos quadros do Fora do Eixo estão sentados próximos a verdadeiras jazidas de dinheiro público em forma de edital.

Começo por Ney Hugo Jacinto Silva, ex-Macaco Bong (lembrem-se, a banda ideal) e um dos líderes da Casa Fora do Eixo de Porto Alegre, que é titular no Conselho Nacional de Política Cultural, no colegiado de Música, um baixista que toca lobby de ouvido. Também incluo Ivan Ferraro, conselheiro do segmento de Música Popular, Fora do Eixo no Ceará.
O que é o Conselho Nacional de Política Cultural? É o órgão do Ministério da Cultura onde se determinam as diretrizes de aplicação do Fundo Nacional de Cultura e a aprovação de projetos de financiamento.
Com um lobby bem postado, você sai na frente de qualquer captador. Pode inclusive dar ideias como a de um "financiamento de rede" – algo que já está presente, por exemplo, nos editais da Petrobras.
Poderiam falar também de como estão situados estrategicamente:
- Rodrigo Savazoni, ex-Existe Amor em SP, chefe de gabinete na Secretaria Municipal da Cultura da São Paulo;
- Fabrício Nobre, superintendente de Ação Cultural da Secretaria da Cultura de Goiás, produtor do Festival Bananada;
- Rayan Lins, Gerente Executivo de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura da Paraíba até julho do ano passado* e Fora do Eixo local, produtor do Festival Mundo;

Há outros nomes, mas eu ainda confio na utilidade de um Portal da Transparência.


Mas Márvio, é errado fazer política?
Não, nunca foi. Mas uma ideologia que se contrapõe a uma "cultura capitalista desumanizada" fazer tanta questão de irrigar e expandir seu sistema para depois costurar parcerias empresariais/políticas, sem se preocupar em valorizar os artistas ou a obra, é muito capitalista também.

Ou então partamos logo do princípio de que o artista tem mais é que se foder.
Cuiabá, síndrome do Ninho Vazio
O Festival Calango, principal evento do Fora do Eixo em Cuiabá, não existe há pelo menos 2 anos. O Espaço Cubo, onde tudo começou, não existe mais. A cidade histórica do Fora do Eixo foi abandonada, depois que o projeto migrou para o eixo, em busca de interagir com os movimentos sociais. Só restam arremedos, se comparados com o protagonismo fora do eixo que o próprio Pablo Capilé vendia.

Cuiabá serviu enquanto não era pequena. Hoje, o único movimento perceptível por lá é dos oficiais de Justiça.
"Foi apenas uma experiência ruim sua"
- Beatriz Seigner, São Paulo, ocultação e retardo de cachê;
- Daniel Peixoto, Fortaleza, negligência na produção de CDs e prejuízo à carreira;
- Bruno Kayapy, Cuiabá, de artista ideal a afastado convicto;
- Vanguart;
- Abril Pro Rock, Goiânia Noise, Senhor F e outros festivais históricos do país;
- O Coletivo Soma;
- A Favela do Moinho
- Banda Lisabi, calote no Cedo e Sentado desde 2011, não pago;
- Críticas do próprio MPL, movimento desmonetarizador das passagens (!!!)
- O hotel Master, em Cuiabá;
- Laís Bellini;
- Todas as bandas que acabaram quando o circuito se fechou num esquema de trocas e parceria em que não bastava ser artista, e sim unidade de captação - essa desmonetarização incrível, diluída num mosaico de parcialidades.

Você também tem uma história de calote? Abra a boca.
Do que falo quando falo de Fora do Eixo
O artista desmonetarizado existe há séculos. Não foi inventado nos últimos anos. Ele antes andava por tavernas, igrejas e bares, tocava por pratos de comida e tentava viver com seu compromisso. Ele viajava do próprio bolso para tocar e recebia nas mais diferentes moedas: flertes, drogas, vaidade, certezas.

A única coisa que mudou é que ele hoje é explorado por aqueles detentores de circuitos ditos alternativos que propagandearam ser um novo caminho. Gente que se apropria de um dinheiro público que deveria, segundo instruções de editais claríssimos, remunerar o artista.
Gente que se apresenta como A SAÍDA para quem não está no mainstream.
Se há quem goste de receber notas de Banco Imobiliário pelo seu trabalho, ou viver no sistema autoral pré-Renascença, não vejo problema algum. O país tem liberdade de crença.
Repugnante é ver alguém se arvorar a Robin Hood pós-moderno, enquanto sistematicamente atrasa, oculta e sonega os cachês que foram combinados - não interessa se são R$ 20 mil ou se são apenas R$ 250. É falta de caráter.

18 de agosto de 2013
in nobre farsa

 * Errata: e não secretário de Cultura da Paraíba, como antes referido.
 Leia o post anterior sobre o Fora do Eixo aqui.

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