Isso é que é planejamento. Menos de três anos depois de inaugurada solenemente com a presença do então presidente Lula, do governador Sergio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, a estação de metrô Ipanema/General Osório vai ser fechada (e a do Cantagalo também) por pelo menos oito meses para a abertura de uma nova e discutível boca de saída que, não se sabe por quê, não foi prevista. Mas tem mais. Esse genial projeto de desconstrução pretende também destombar a Praça Nossa Senhora da Paz, desmanchando o lazer e o prazer de velhinhos e crianças, desmatar o parque, desplantando 113 árvores, e inutilizar o espaço por no mínimo onze meses para abrir uma estação que, conforme pesquisa, a grande maioria da população do bairro dispensa por desnecessária. Mas, se o plano é transformar o trânsito num caos durante esse tempo, isso com certeza vai-se conseguir.
O pior é que, pra variar, não se fornece ao respeitável público uma razão, sequer um argumento convincente, para todo esse surto de bota-abaixo. O projeto parece ser desconstruir e desconversar.
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Vamos ficar devendo muito à operadora Sprint Nextel (a Nextel Brasil diz que não tem nada a ver com isso), que acabou enganando os que achavam que, eles sim, estavam enganando. Pois foi graças à propaganda enganosa que o bicheiro CarlinhosCachoeira e sua máfia foram desmascarados.
Acreditando que os aparelhos habilitados nos EUA eram à prova de grampos, eles se abriam sem medo e sem vergonha. Se não fossem as escutas nos rádios importados, não se ficaria sabendo que Demóstenes Torres recebeu de Cachoeira não só a mixaria de R$ 3 mil para o táxi-aéreo, como muitos milhões em propina.
Não se saberia também de diálogos incríveis como o havido entre um sócio do bicheiro e o chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF de Goiás, Deuslino Valadares, um delegado acima de qualquer suspeita:
— Bem-vindo ao Nextel Clube — disse o delegado.
O sócio informa que estava saindo de uma reunião “maravilhosa” em Brasília.
— Beleza! Tava roubando aí ou tava fazendo o quê?
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Vendo a genialidade de jogadores como Messi e Neymar, que transformam cada drible, cada jogada numa obra de arte, não dá para aceitar que se coloque na mesma categoria de esporte uma luta na qual vence quem der o soco, o pontapé ou a cotovelada mais violenta na cara do outro, de preferência desfigurando-a. É como diz o ex-boxeador Maguila sobre o MMA: “Não é luta, é briga de rua. Você joga o sujeito no chão e fica batendo.”
XXXSinal dos tempos. Outro dia, ao buscar Alice na creche, flagrei-a beijando na boca Davi, seu namorado. Os dois têm pouco mais de dois anos. Avô moderno, não disse nada, mas ainda não me refiz do choque, principalmente porque não sei quais são as intenções do rapaz.
07 de abril de 2012
zuenir ventura
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