sábado, 24 de novembro de 2012

INDIRETAS, UMA ÓTIMA FORMA DE NÃO FALAR NADA


Eu sou muuuito sincero, já viu minhas Indiretas?
Estamos em meio a uma consquista do mundo, por meio de indiretas, de todos os tipos!

Todo mundo reclama de indiretas nas redes sociais, mas observe bem que isso é uma dinâmica da vida: quem não fala na lata na real, nunca falará no virtual.
"Eu sou sincero, falo mesmo... #prontofalei"

Eu tenho uns conceitos que entendo serem complexos pra galera entender, são coisas que invento pra mim, mas, que até agora tem dado certo, rsrs. Tipo, fidelidade não é algo que temos para o outro e sim para nós e a mesma coisa é a tal da sinceridade.

Todo mundo cobra sinceridade e tem probleminhas com mentiras, sei lá, fico muito cabreira com gente que se incomoda demais com isso e tem neurose de ser enganada. É que nem o malandro-safado que pega todas e se torna obsessivo-compulsivo-possessivo em ser traído, tremendo espelho! Como ele faz, acha que todo mundo é igual.

Detesto mentiras, mas a gente mente. Seja uma desculpinha esfarrapada aqui, um não quero me aborrecer ali ou um não vou magoar acolá, a gente mente. Sempre temos uma mentirinha branca na manga pra lançar mão e ninguém se faz de rogado pra isso, é praxe.

Mas a pior mentira é aquela que inventamos para nós mesmos, tipo, "sou super sincero", porra nenhuma! Não acredito que jogar indiretas seja o mesmo que ser sincero, já falei isso em algum post por aí. Entendo que jogar indiretas é:

- Quando não temos capacidade, nem coragem de mandar a real - diretamente - a quem tem questões pendentes conosco;
- Uma baita de uma dificuldade no ato de se comunicar, que vêm da pura ausência de clareza interna;
- Quando jogamos a responsa nos ombros do outros e queremos que eles tenham atitudes das tais não fazem a menor idéia que deveriam ter (e esse item volta ao segundo no quesito "dificuldade de comunicação");
- Uma auto-ilusão no sentido de ser "sincero";
- Outra auto-ilusão na construção de uma identidade que tem "atitude"... #porranenhuma



Existe uma linguagem não verbal que poucos dão valor, mas que em suma é o que dita a regra da vida. Se comunicar bem é uma arte, e quem manda indireta, definitivamente, não a domina.

Indireta é a arte direta do "vou mandar verde pra colher maduro". Péssima forma no cultivo de relações. Se a semente é incerta, dela pode crescer qualquer coisa, concorda?

Uma pessoa com clareza interna, que entende e respeita seus limites, dificuldades e que sabe o que quer, consegue se colocar de forma clara e DIRETA, a quem quer que seja sem ser rude, vil ou vingativa em suas palavras, mesmo que o que tenha a expor sejam as suas incertezas. Ela não pecisa se defender com verbos.
A sinceridade tem sido confundida com agressividade verbal.

Indiretas só chamam mais indiretas, pois não alimentam a necessidade interna-humana de ser entendido e atendido pelo outro. Já um papo direto, sim.

Uma indireta é como fazer uma cesta: para que ela acerte a pessoa que se deseja atingir, é necessário que a mesma esteja com sua carapuça aberta. E para infelicidade e indignação de quem manda, na maioria das vezes, ela não está, em contrapartida, existem milhares de pessoas que se sentem vitimadas pelo mundo e vivem encarapuçadas, de forma que agarram qualquer indireta como se fosse um presente de grego para a sua baixa auto-estima. Logo, indireta = desserviço para a humanidade.

E essa tem sido a dinâmica da vida em sociedade: indiretas, telefones sem fio, conversas de sudo e mudo, linguagem de sinais para cegos emocionais e tantos outros modos que só refletem a dificuldade interna de todos nós em ter um papo direto com quem realmente somos.

24 de novembro de 2012
Monik Ornellas

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