Aproximar-se de algumas culturas da antiguidade, percebemos o quanto, nós ocidentais, nos afastamos da nossa humanidade, da nossa subjetividade, e o quanto nos aproximamos do nosso ego barulhento e fantasioso, pouco interessado no que realmente se passa no lado oculto da nossa interioridade.
Penso nesse momento, ao
fechar o livro SABEDORIA CHINESA - em 200 citações - na estrutura ocidental de
conhecimentos racionalmente construída como um grandioso monumento, que parece
responder a todas as nossas dúvidas, e alimenta grande parte de nossas
reflexões, satisfazendo nosso pragmatismo, nosso imediatismo existencial de
vida prática. Mas nada encontro que esteja próximo da nossa verdadeira
essência, como seres humanos. Não encontro a Sabedoria... Apenas conhecimento!
Vamos distinguir conhecimento
de sabedoria. Conhecimento não representa o sentido de vida, pois adquire-se
com estudos; sabedoria é a condição fundamental de aprender com erros e
acertos. Fácil notar-se nos provérbios de natureza popular, a essência da vida
palmilhada pelos caminhos, e que resume de forma sábia, o sucesso, ou o
fracasso, na escolha da trilha.
Sem grandes esforços, os
provérbios se vão tecendo ao longo da vereda, muitas vezes ferindo os pés, para
melhor evitar tropeços. Estar atento aos provérbios populares, se estivermos
atentos, podemos notar que refletem os frutos da caminhada dos que se aventuram
fora do conforto enganoso, e próximos do sacrifício de alcançar suas metas,
quebrando regras e tabus, ignorando o padecimento para superar limitações. Não
olham o distante horizonte, mas têm os olhos fixos no caminho.
Parece que estou tecendo o
caminho da vida, e a superação, a grande vitória de envelhecer, vencendo o
caminho dos anos que nos empurram para a sabedoria, quer nos demos conta disso,
ou não! O conhecimento vai esmaecendo, e a sabedoria ganhando cores fortes,
luzes que alumiam o tempo e a caminhada feita.
Dos provérbios, elaboram-se
os conselhos dos que sobreviveram aos percalços das trilhas percorridas. São os
grandes guias da existência. Mesmo que insistam em diminuírem os seus brilhos,
com etarismos e preconceitos diversos, não apagam os sábios conselhos da experiência
vivida, das dores sofridas, das conquistas alcançadas... A maior delas, estar
confortavelmente na velhice, heroicamente anônima, sorrindo no ‘podium’ da
conquista dos anos!
Bem-vindos o que chegam a
idosidade!!
Prof. Mario Moura