segunda-feira, 29 de junho de 2015

O CINEMA DA TELEVISÃO



Em O Bem Amado, Guel Arraes reafirma uma das tendências centrais da cinematografia brasileira atual


Desde 1915, quando estreou O Nascimento de uma Nação?- clássico dirigido por D. W. Griffith?-, e o cinema se tornou entretenimento de massa, várias tentativas são feitas para descobrir a pedra filosofal. Como os alquimistas na Idade Média, a opus magna dos produtores passou a ser transformar metais inferiores em ouro, melhor dizendo, roteiros em filmes lucrativos. Devem restar poucos sábios à procura da transmutação da matéria e do elixir da longa vida. Produtores em busca da equação do sucesso comercial, porém, se multiplicam em progressão geométrica, mesmo o cinema sendo, na definição de René Bonnell em La Vingt-Cinquième Image (inédito no Brasil), uma "indústria de protótipo"?- objetos únicos com características artesanais que costumam fracassar quando fabricados em série.

A fórmula de O Bem Amado, dirigido por Guel Arraes, contém diversos ingredientes que podem parecer promissores: uma marca consagrada em três versões?- telenovela, exibida em 1973, seriado com 220 episódios, de 1980 a 84, e, finalmente, peça reencenada a partir de 2007?-, todas baseadas em Odorico, o Bem-Amado, de Dias Gomes, escrita para o teatro em 1962. Ao texto de origem foram adicionados condimentos escolhidos a dedo: roteiro escrito por Guel Arraes e Claudio Paiva, autor de programas humorísticos; Marco Nanini no papel do prefeito Odorico Paraguaçu; canção inédita de Caetano Veloso; e belas praias, além de outras substâncias menos determinantes.

Essa receita foi capaz de atrair recursos suficientes para produzir O Bem Amado com orçamento generoso?- o valor de captação aprovado foi de 9.827.055,25 reais?-, um dos mais altos do cinema brasileiro. Beneficiadas por incentivos fiscais, empresas estatais e particulares patrocinaram a produção sem correr risco, por não investirem recursos próprios. Apostaram, mais uma vez, acreditando que o resultado reluziria como ouro. E tranquilos, pois ninguém os acusaria de heresia ou satanismo se não acertassem, e nem seriam queimados na fogueira.

Além do canto dos cifrões, a mística do cinema continua a influir, seduzindo profissionais da televisão. Para eles, os filmes preservam uma certa aura que suas produções televisivas não teriam. Querem prestígio e reconhecimento pessoal em setores que, por preconceito, não valorizam seu trabalho. Parecem ignorar que chegam atrasados a uma forma de expressão artística considerada, por muitos, decadente há décadas. Nessas condições, o máximo que conseguem fabricar, de maneira geral, são subprodutos de linguagem híbrida?- televisão filmada que pode ou não obter sucesso comercial. O Bem Amado confirma essa tendência do cinema brasileiro de se tornar uma subsidiária da tevê, produzindo filmes simplórios que se diferenciam pouco uns dos outros.

Passada a Copa do Mundo e as férias escolares, saberemos se a combinação de ambições e talentos feita em O Bem Amado resultou em elixir equivalente ao procurado pelos alquimistas, capaz de atrair milhões de espectadores, justificar o alto investimento, e fazer a felicidade da produtora e de seus sócios. A demora da estreia não parece um bom presságio. Será por falta de confiança nos atrativos comerciais do filme que o lançamento vem sendo adiado desde o final de 2009?

Contrariando a intenção declarada por Guel Arraes de atualizar a novela O Bem-Amado, o que a adaptação para o cinema faz é justamente o contrário. Ao situar o período exato em que a ação se passa?- do dia da renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, ao Comício das Diretas Já, em janeiro de 1984?-, a sátira política e de costumes passa a se referir ao passado, não aos nossos dias. Desaparece por completo, dessa maneira, o tênue viés crítico do original de Dias Gomes, que retrata um prefeito provinciano, corrupto e demagogo?- como tantos do período da ditadura e muitos ainda atuantes.

Pelo fato de aludir à conjuntura política do início da década de 70, auge do regime repressivo, e tratar de personagens que não se pautavam pelos ditames da moral e dos bons costumes, a novela foi considerada "desaconselhável para menores de 16 anos" e liberada apenas a partir das 22 horas. Com os meios de comunicação submetidos à censura prévia, a percepção de que o texto tinha um viés crítico incomodou os censores. Para eles, a difusão da sátira de Dias Gomes, no fundo ingênua, parecia representar uma ameaça. Hoje, com a tragicomédia cotidiana da vida política brasileira estampada nos jornais e noticiada pela televisão, as ironias do roteiro perderam qualquer teor transgressivo.

No caso de O Bem Amado, o uso de imagens de arquivo ao longo do filme, em vinhetas que fazem referência a fatos históricos ocorridos há mais de 25 anos, torna duvidosa a possibilidade de o espectador ser induzido a fazer conexões com a atualidade. Eliminadas as referências contemporâneas, o potencial satírico se esvai. Fracassa, assim, a intenção de fazer a cidade de Sucupira representar o Brasil dos nossos dias, explicitada no final, de forma didática, por uma trucagem.

Além de situar a ação do filme em época que parecerá distante para quem tenha menos de 30 anos, O Bem Amado retrata comportamentos tirados do fundo do baú. E o elenco, formado por excelentes atrizes e atores, não consegue despertar interesse pela galeria de personagens estereotipados. Jovem repórter idealista, matador arrependido, irmãs casadoiras, jornalista venal, filha namoradeira, bêbado dizedor de verdades, funcionário exemplar, recém-casado que fez voto de castidade etc.?- são caricaturas conhecidas demais para que, diante delas, se possa esboçar um sorriso. Reincidindo em um conjunto de lugares-comuns, a comédia de costumes acaba resultando meio sem graça.

Projeto eivado de contradições e arcaísmos, O Bem Amado oscila entre a sátira e a paródia, sem se definir por nenhum dos gêneros. Indefinição que parece provir da timidez em tentar ir além da mordacidade original, parodiando o texto de Dias Gomes. Esse caminho é esboçado em algumas sequências, seria rico de possibilidades, e teria sido mais coerente com o trabalho inovador feito por Guel Arraes na televisão, onde tem sido responsável por inúmeros programas de qualidade que rompem o padrão rotineiro. Sendo um dos guardiões da inteligência na Rede Globo, curiosamente, ao filmar O Bem Amado, Guel Arraes se revela um realizador convencional. O que explicaria essa transformação de ouro em chumbo?

A transmutação invertida talvez decorra da dificuldade que alguns profissionais anfíbios podem ter para fazer filmes. Sem o mesmo domínio dos requisitos específicos das duas linguagens, tendem a incorporar ao cinema características próprias da televisão. É o que ocorre, por exemplo, com a fotografia de O Bem Amado. Padronizada, ilumina tudo por igual, sem contribuir para criar imagens expressivas, dignas da tela grande.

Por outro lado, ao dirigir um filme de grande orçamento, Guel Arraes se dá o direito de fazer planos que as condições normais de produção para a tevê não costumam permitir. Sua insistência nos movimentos de grua, em que a câmera se desloca para o alto e passa por cima do que está sendo filmado, lembra o deslumbramento de um menino brincando com seu trem elétrico.


29 de junho de 2015
por Eduardo Escorel

SARCASMO E REVERÊNCIA


A mordacidade de Mamute como contraponto ao fascínio de Meia-noite em Paris

os dois filmes, o personagem principal faz uma viagem ao passado. Fora isso, mesmo sendo comédias situadas na França, Meia-noite em Paris e Mamute têm pouco em comum. O humor de um encanta, o do outro é agressivo.
Escrito e dirigido por Woody Allen, Meia-noite em Paris narra a volta ao passado de Gil Pender – insatisfeito roteirista de sucesso em Hollywood. Mamute, realizado por Benoît Delépine e Gustave de Kervern, acompanha Serge Pilardosse – empregado recém-demitido de um frigorífico – ao retraçar seus próprios passos nos trinta anos anteriores.
Woody Allen desenvolve uma visão mítica de Paris, enquanto Benoît Delépine e Gustave de Kervern fazem um retrato impiedoso de um segmento da sociedade francesa. O diretor americano idealiza a cidade, a dupla de franceses flagela seus conterrâneos.
Tipos físicos opostos, Owen Wilson e o imenso Gérard Depardieu interpretam personagens simplórios com uma missão a cumprir – escrever um romance, no caso do roteirista Gil Pender; conseguir comprovantes de antigos empregos que assegurem sua aposentadoria integral, no do desempregado Serge Pilardosse. Crédulos e desastrados, ambos são seres em extinção, e parecem remanescentes de mamutes soltos numa cristaleira.
A viagem de Meia-noite em Paris é harmoniosa; a de Mamute, pontuada por conflitos. Gil Pender é acolhido de braços abertos ao entrar em contato com celebridades de outras épocas. Serge Pilardosse é humilhado, agredido e roubado ao longo do caminho.
Realizando quarenta filmes nos últimos 45 anos, com a impressionante média de quase um por ano, o septuagenário Woody Allen adquiriu rara naturalidade na maneira de filmar, além de ter se livrado das amarras do realismo. Fazendo incursões regulares pela fantasia desde, pelo menos,Sonhos de um Sedutor, de 1972, dotou seus filmes de linguagem translúcida, deixando de lado qualquer preocupação em problematizar os pressupostos dominantes da narrativa cinematográfica. Fazendo humor ingênuo e atraente, embala e conduz Meia-noite em Paris com maestria, transitando pelo presente, anos 20 e Belle Époque, chegando ao Antigo Regime sem causar estranheza.

enoît Delépine e Gustave de Kervern, por sua vez, embora estejam na faixa dos 50 anos, são cineastas novatos, cujas carreiras foram iniciadas na televisão. Mamute é apenas o quarto filme da dupla, que estreou no cinema em 2004. Conhecidos por paródias e sátiras, tomam o sarcasmo por princípio, articulando tons e formas heterogêneos.
Longe de serem autodidatas, Delépine e Kervern almejam, porém, algo semelhante à arte bruta, definida como a das obras feitas por pessoas alheias à tradição e ao sistema artístico – solitários, crianças, pacientes de hospitais psiquiátricos etc. que buscam inspiração na subjetividade, e não na arte clássica ou na moda.
A pista para identificar essa filiação de Mamute, antagônica em tudo à linhagem de Woody Allen, é dada pela sobrinha de Serge Pilardosse, Solange, interpretada pela multiartista Miss Ming, fazendo uma personagem inspirada nela mesma. Tratada como louca, faz esculturas, sendo a do próprio tio descrita por ela como “um gigante por fora, doce por dentro. O coração feito com um elefante, as mãos com coelhos e o pênis com um macaquinho peludo”.
Recusando de maneira deliberada qualquer ideal de unidade, Delépine e Kervern reúnem situações bizarras, grotescas e absurdas, filmadas em planos longos, sem decupagem da ação, nas quais predomina o realismo cru, mesmo havendo uma aparição fantasmagórica. Como se as imagens tivessem origens diferentes, fotografia e câmera alternam registros bem definidos com imagens granuladas e oscilantes, sem que exista razão lógica para essa variação.
Sarcásticos em relação a seus personagens, Delépine e Kervern tampouco poupam a linguagem cinematográfica, procurando evidenciar os diferentes meios narrativos a que recorrem. O resultado tem interesse, mas pode ser pouco atraente para quem não aprecia humor negro.
À irreverência dos diretores de Mamute, contrapõe-se a reverência irônica de Woody Allen. Enquanto a dupla francesa é mordaz com seus personagens, o americano tem fascínio pelos ícones das culturas europeia e americana. A lista de escritores e artistas que Gil Pender encontra é longa, vai de Toulouse-Lautrec a um perplexo Luis Buñuel, a quem sugere o argumento do que viria a ser O Anjo Exterminador.
Em filme de base realista como Mamute, causa estranheza o viajante Serge Pilardosse, atrás de modesta aposentadoriaguardar na garagem uma Münch Mammut 1973,  moto alemã ao alcance apenas de quem for capaz de pagar cerca de 190 mil reais por um modelo exclusivo e pouco econômico. Incongruência semelhante às repetidas aparições da paixão da juventude de Pilardosse – vítima fatal de um acidente, interpretada por uma Isabelle Adjani sempre ensanguentada e de olhos esbugalhados.

em nenhum compromisso com verossimilhança, Meia-noite em Paris não causa incômodo quando o roteirista Gil Pender é levado do presente para o passado em um luxuoso carro dos anos 20 que passa pontualmente quando um sino bate meia-noite. Aceita a premissa de que se trata de fantasia, Meia-noite em Paris só ameaça desandar quando pretende justificar a volta no tempo do seu personagem principal. Terá faltado confiança para levar o mergulho no imaginário às últimas consequências? Anátema do cinema comercial, a ambiguidade é eliminada em favor do didatismo. Ao explicar, através do diálogo, que o passado não está morto e o presente é sempre insatisfatório, Woody Allen trinca o encanto e empobrece Meia-noite em Paris. Abre caminho para o sucesso de público, mas empobrece o filme.
Meia-noite em Paris e Mamute têm também desfechos semelhantes, embora o tom final seja diferente. Gil Pender reencontra a jovem vendedora do antiquário – bela e charmosa – que, ao contrário da noiva, gosta de andar na chuva. Chegando de volta, quem está à espera de Serge Pilardosse é sua mulher mandona, tão pesada quanto ele, surpreendida no ato prosaico de depilar as axilas.
29 de junho de 2015
Eduardo Escorel

AS AVES QUE AQUI NÃO GORGEIAM

Um ornitólogo holandês busca algo que cante em São Paulo
O sábado amanheceu nublado como num conto de Edgar Alan Poe. No Parque Villa-Lobos, às margens da Marginal Pinheiros, apenas dois ou três valentes paulistanos desafiavam o frio e trotavam, orgulhosos, com o peito estufado de saúde. Às sete da manhã, o silêncio só é cortado pelo ronco distante dos aviões, que a cada dez ou quinze minutos cruzam o céu a caminho do Aeroporto de Congonhas.
Como nenhum pássaro se dá ao trabalho de cantar em homenagem ao dia cinzento, o desânimo abate o grupo de aficionados por aves que perambula pelo parque. Metidos em calças cáqui e botas de trilha, os catorze caminham devagar, em silêncio, olhos e ouvidos atentos. Alguns levam pequenos binóculos pendurados no pescoço, outros carregam gravadores de última linha, como os usados nos filmes de espionagem.
O grupo, em sua maioria composto por biólogos, levantou cedo para acompanhar umworkshop de gravação de cantos de pássaros com ninguém menos do que Bob Planqué. Os versados nos mistérios da ornitologia sabem que o esforço se justifica. Planqué, um holandês de 34 anos, está para o estudo das aves como, digamos, Julian Assange está para a política internacional. Professor de matemática com amplos conhecimentos em biologia, Planqué fundou, em 2005, o Xeno-Canto, uma espécie de WikiLeaks dos passarinhos.
O site do holandês conta com nada menos que 74 mil gravações de cantos de pássaros, enviadas por entusiastas de todo o planeta. Acumula piados de 7,4 mil espécies, o equivalente a três quartos de todos os tipos de canto conhecidos. Há ainda cerca de dez cantos de aves desconhecidas, além de um raro assovio da ararinha azul (Cyanopsittas pixii) em liberdade – uma espécie brasileira que sobrevive sessenta anos em cativeiro – a estrela do filme Rio.
Se tocados ininterruptamente, os arquivos de Planqué totalizariam 684 horase 51 minutos, quase um mês de gravações. É o segundo maior acervo do mundo em número de espécies, perdendo apenas para a Biblioteca Britânica, com a ressalva de que a tradicional instituição inglesa não disponibiliza toda a sua coleção on-line.
O Xeno-Canto (“canto desconhecido”, do grego) tem o objetivo de ajudar pesquisadores a identificar espécies por meio de piados, trinados, gorjeios e silvos. Usando a ferramenta de busca desenvolvida pelo matemático, o internauta fornece informações sobre o canto que ouviu (volume, frequência, número de notas etc.) e o site lhe dá algumas opções de espécies. Daí é só escutar, comparar e está identificada a ave. O sonho de Planqué é criar um algoritmo que permita ao internauta inserir um arquivo de áudio de um canto e receber de volta o nome da espécie, mas para isso ainda falta um tanto de pesquisa.
De qualquer forma, do jeito que está a ferramenta é bastante útil, já que é mais fácil ouvir um pássaro do que avistá-lo. Isso faz com que 1 milhão de gravações sejam acessadas mensalmente no site. Planqué diz que boa parte de seus visitantes virtuais é gente de alma sensível, que quer, simplesmente, ouvir os passarinhos.
Coisa que, por sinal, não acontecia naquela manhã de outono. Apesar da total ausência de sons silvestres, o holandês não desanimou, e garantiu não ter se incomodado em sair de sua cama de hotel tão cedo. Os observadores de aves estão acostumados a acordar antes de o dia raiar. Isso sem falar que o esforço seria bem maior na sua Holanda natal, onde o sol se levanta às 4h30 no verão; e no inverno a temperatura fica em torno do zero grau na aurora.
Então, como que por milagre, duas longas sequências de piados ecoaram no parque. Um leigo cogitaria ser o canto de uma ave agourenta, um corvo talvez? Mas Planqué não hesitou:
– Bananaquit! – exclamou, com o indicador em riste.
Com cerca de 1,90 metro, o holandês tem olhos pequenos, rosto afilado e magro, e um nariz retilineamente aquilino. Somando-se essas características ao cabelo loiro espetado para frente e para o alto, é impossível não ver alguma semelhança entre o estudioso e seu objeto de interesse. Bob Planqué tem jeitão de passarinho. Um pica-pau-amarelo, quiçá.
Animado com o canto, o grupo se aproximou do líder. Planqué atarraxou o microfone numa pequena parabólica de acrílico e a apontou na direção do passarinho. Em português, o bicho atende pelo nome de cambacica (Coereba flaveola),uma avezinha de 10 centímetros, peito amarelo e asas cinzentas, idêntica ao bem-te-vi, a não ser pelo tamanho. Está presente em todas as regiões brasileiras e canta em qualquer lugar, a qualquer hora do dia, diante de qualquer plateia.
A primeira gravação foi bem-sucedida, apesar do ruído longínquo de um Boeing 737. Planqué desmontou a parabólica e tentou um novo registro, agora só com o bastão do microfone. A ideia é mostrar as variações de áudio causadas pelo equipamento. Num leve suspense, a plateia se aproximou ainda mais, olhando o pequeno visor do gravador. Por alguns instantes, todos esperaram. Mas a cambacica se calou. O grupo aguardou mais alguns minutos, depois seguiu adiante.
“O segredo é se aproximar o máximo possível dos pássaros”, ensinou o ornitólogo aos discípulos, em voz baixa. “Esconder-se atrás de uma rocha, ou de uma pedra, pode ser uma boa ideia.”
Eis que, do nada, um sabiá pousou num galho, a poucos metros do grupo. Planqué apontou o gravador com a parabólica. O bichinho fitou o grupo, mexeu a cabeça em movimentos estacados e... não deu nenhum pio.
Ligeiramente desanimados, os observadores retornaram à tenda de plástico branco onde, entre os dias 13 e 15 de maio, ocorreu o 6º Encontro Brasileiro de Observação de Aves, o Avistar 2011, feira voltada à observação de pássaros. É uma pena que o grupo fosse formado por entusiastas de aves, e não de aeronaves. Durante as duas horas do workshop nada menos do que doze aviões e nove helicópteros sobrevoaram o parque.
29 de julho de 2015
Tomás Chiaverini