quinta-feira, 24 de junho de 2010

COPA 2010 BRASIUUUUUUUUUUUUULLLL...

O mundo parou. Uma bola imobilizou pessoas, paralisou todas as ações que não sejam aquelas que fazem rolar uma bola. A Jabulani ganhou a coroa de Miss Universo. E gerou polêmica: por que a Adidas e não a Nike? Sob forte crítica dos jogadores da seleção brasileira, que qualificaram a Jabulani como muito ruim, como “bola de mercado”, ainda mal rolada nos gramados dos estádios. E veio a desconfiança de que as críticas, originavam-se dos patrocinados pela Nike. Mas tudo bem... Os jogos sucedem-se com vitórias e derrotas. Os hinos nacionais enchem os estádios da África do Sul e a ovação das torcidas do mundo inteiro, casadas com a novidade das vuvuzelas lotando as arquibancadas dos estádios, lembra a arena romana, onde vida e morte ficam suspensas nos fios do destino. É o futebol arrebatando as almas e transformando-se na própria pátria, como se fosse uma guerra, onde o gol elege o herói do momento, o conquistador, o grande centurião. Lembro-me da famosa frase de Nelson Rodrigues, quando disse que “o futebol é a pátria de chuteiras”. Mas os tempos são outros. O futebol, quando ainda era apenas um esporte a mais entre os esportes,e engatinhava nos corações dos torcedores, guardava uma aura de paixão. Mas uma paixão romântica, não a paixão das violentas torcidas organizadas, em que pesa menos o orgulho da conquista de um título, do que a intolerância com a vitória do clube adversário.

Nos tempos ditos modernos, o futebol ganhou o ‘status’ de empresa. Hoje é o futebol-empresa. Há toda uma mídia a serviço da criação de mitos. Dela depende a ascensão ou a queda de um jogador, de um técnico, de um preparador físico; fabricam-se ídolos e preços; valoriza-se a venda de alguns jogadores, valores astronômicos que os Clubes embolsam, repassando parte da fortuna aos heróis do momento. Mitos forjados, muitas vezes de modo artificial, uma espécie de bolsa de valores, que beneficia os chamados Cartolas. Alguns escândalos já ganharam as páginas esportivas de jornais.

Hoje há uma verdadeira diáspora de jogadores. Quando vemos a formação de uma Seleção, poucos são os jogadores que atuam no Brasil: fulano, no Barcelona, beltrano no Manchester, sicrano sei lá onde... Muitos senão quase todos, talvez discordem do que escrevo. Mas o endeusamento excessivo que assisto no meu país, o estrelismo dos ‘craques’, faz com que enxergue o futebol como um grande negócio, não mais como uma apaixonante disputa, em que o esforço sobre-humano, a habilidade, a destreza e o controle de uma bola, servem a glória de um Clube ou de um país. Essa dança ‘garrinchiana’ que projeta o corpo do atleta num verdadeiro balé mágico, um fantástico movimento operístico de onze atores brincando no gramado verde de um estádio, pelo simples prazer de fazer rolar a ‘criança’, já desapareceu. Coisas de antanho.

O que lamento, é que o encantamento e a magia, tenham se transformado numa grande feira em que se negocia e se descaracteriza o amor a uma camisa, seja de um time, seja de uma seleção. O desempenho fica a reboque de que os olheiros internacionais possam fazer ofertas mirabolantes ao Clube, pelo passe de um jogador. O que se fala ao pé do ouvido, no processo seletivo daqueles que vão compor a gloriosa seleção, é que há toda uma negociação atrás dos palcos, para que tal jogador participe e possa, a partir do momento em que integrou a seleção, ganhar imediatamente um valor muito acima do que realmente receberia, integrando um Clube. Evidente que não se aplica a todos os jogadores, o que seria absurdo. Mas se inclui um ou outro, parte de uma negociação em que todos ganham... Perde apenas o futebol. Ganham os Cartolas.

M. AMERICO