quarta-feira, 5 de agosto de 2015

OS CLÁSSICOS SÃO ETERNOS

Os clássicos são eternos pois estão sempre dizendo o que precisa ser dito. Não importa a época ou o tempo. Dias desses, o meu amigo Paulo Sales postou no Facebook um artigo de Carlos Willian Leite, que saiu na Bula Revista, com quinze trechos mais belos da história da literatura mundial. Como bem disse Paulo Sales, “Lindos aperitivos de grande literatura". Vale a pena conferir, rememorar, conhecer...




Perguntamos aos leitores, seguidores do Facebook e Twitter: qual o seu trecho de livro favorito. Mais de 2 mil participantes responderam a enquete. A partir da opinião dos convidados, sintetizamos a lista reunindo os 15 trechos mais citados. 
Os trechos estão classificados de acordo com o número de citações que obtiveram. Gabriel García Márquez foi o único autor que teve dois trechos entre os mais citados. O resultado não pretende ser abrangente ou definitivo e corresponde apenas à opinião das pessoas consultadas.


O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry
Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz.


Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordr aquela tarde romota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo.
Choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias.


Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro na posse de uma bela fortuna deve estar necessitando de uma esposa.


Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos
Matar não quer dizer a gente pegar revólver de Buck Jones e fazer um bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.


O Diário de Anne Frank, de Anne Frank
É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração.


O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger
O cara da Marinha e eu dissemos que tinha sido um prazer conhecer um ao outro. Esse é um troço que me deixa maluco. Estou sempre dizendo: ‘Muito prazer em conhecê-lo para alguém que não tenho nenhum prazer em conhecer. Mas a gente tem que fazer essas coisas para seguir vivendo.


Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe
É uma coisa bastante uniforme a espécie humana. Boa parte dela passa seus dias trabalhando para viver, e o poucochinho de tempo livre que lhe resta pesa-lhe tanto que busca todos os meios possíveis para livrar-se dele. Oh, destino dos homens!


O Encontro Marcado, de Fernando Sabino
De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.


Demian, de Hermann Hesse
Não creio que se possam considerar homens todos esses bipeds que caminham pelas ruas, simplesmente porque andam eretos ou levem nove meses para vir à luz. Sabes muito bem que muitos deles não passam de peixes ou de ovelhas, vermes ou sanguessugas, formigas ou vespas.


Lolita, de Vladimir Nabokov
Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta. Pela manhã ela era Lô, não mais do que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e calçando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly na escola. Era Dolores sobre a linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita.


A Revolução dos Bichos, de George Orwell
Doze vozes gritavam, cheias de ódio, e eram todos iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir, quem era homem, quem era porco.


On The Road, de Jack Kerouac
Assim, na América, quando o sol se põe, eu me sento no velho e arruinado cais do rio olhando os longos, longos céus acima de Nova Jersey, e consigo sentir toda aquela terra crua e rude se derramando numa única, inacreditável e elevada vastidão, até a costa oeste, e a estrada seguindo em frente, todas as pessoas sonhando naquela imensidão, e em Iowa eu sei que agora as crianças devem estar chorando na terra onde deixam as crianças chorar, e você não sabem que Deus é a Ursa Maior? A estrela do entardecer deve estar morrendo e irradiando sua pálida cintilância sobre a pradaria, reluzindo pela última vez antes da chegada da noite completa, que abençoa a terra, escurece todos os rios, recobre os picos e oculta a última praia, e ninguém, ninguém sabe o que vai acontecer a qualquer pessoa, além dos desamparados andrajos da velhice.


Carta a D., de André Gorz
Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.


Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle
Eu sou um cérebro, Watson. O resto é mero apêndice.



05 de agosto de 2015