sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ANGAWA!



Alexandre leva a vida muito às claras.

Vive com sua namorada, mas também vive dizendo a ela que é “muito safado”. Alexandre gosta de todas as mulheres do mundo. Ele é muito sincero; canalha, mas sincero.

Sua namorada está sempre fora, trabalhando. Já ele, está quase sempre em casa, pelo jardim, olhando a paisagem pelo espelho do seu próprio olhar. Quando ela volta para casa, ele lhe dá pouca atenção, quase nenhuma; prefere ficar fumando maconha com seus amigos vizinhos.

Ela fica dentro de casa, resignada, preparando algo de gostoso para quando Alexandre ficar com fome. E quando fica realmente muito tarde e as luzes de sua casa já estão apagadas, Alexandre fala, com sinceridade: “Melhor eu entrar...”. Ele é muito sincero.

Alexandre gosta muito de mulheres. Está sempre a elogiá-las. Ele elogia todas as mulheres que passam pelo seu jardim; elogia as amigas dos vizinhos. E as namoradas deles. E também suas esposas. Enquanto fala marotamente delas, Alexandre deixa escapar uma malícia infantil por meio de um semi-sorriso. Mas Alexandre não é muito expressivo; ele é apenas sincero.

O cachorro do vizinho gosta muito de Alexandre. Este, sempre que o vê, olha fixamente em seus olhos e diz, repetidamente: “Angawa! Angawa! O cão entende a sinceridade de Alexandre, mas não tem a mínima idéia do que “Angawa” quer dizer...

Alexandre não é de muitas palavras. Ele é apenas sincero.

Diz que já viveu com duas mulheres, ao mesmo tempo – ele adora mulheres:

- “No começo era o Paraíso... Mas depois virou o Inferno!”-, conclui, com cara de quem não sabe o porquê... Fingindo... Alexandre parece um menino. Finge que não sabe, mas sabe. Alexandre é um menino safado, mas sincero.

Além de copular e pitar, Alexandre gosta de cheirar. Rapé.
Gosta de mulher, mas quando se trata da sua, primeiro vem a erva, depois o rapé, e só depois sua mulher.

Além de ser maconheiro, mulherengo e rapezeiro, Alexandre é também muito trabalhador e prestativo. Está sempre a ajudar os vizinhos, solicitamente. Quando não está pitando, cheirando, copulando ou comendo, Alexandre está trabalhando na limpeza da fossa ou esburacando a terra. Alexandre é muito sincero e trabalhador.

Por essas qualidades, sua namorada quer se casar com ele, mas ele recusa. Como já disse, Alexandre é muito sincero. Angawa!
Vislumbrado por O Maltrapa

PARA TIRAR A CULPA DA COMILANÇA

Da série modos de macho

O medo da fêmea diante da balança. Sim, você, amigo, sai com a pequena e ela só belisca, qual um passarinho, uns saudáveis farelos ou engole umas folhinhas sem graça. Que desgosto. Você caprichou na escolha do restaurante, acordou com água na boca por um prato que só você sabe onde encontrá-lo, quer fazer uma presença, fazer bonito com a cria da sua costela.

Que desgosto, a gazela mira o ambiente com “nojinho”, de tão fresca. Uma estraga-prazeres, eclipse de um belo sabadão ensolarado.

Ah, nada mais bonito do que uma mulher que come bem, com gosto, paladar nas alturas, lindamente derramada sobre um prato de comida, comida com sustança. Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes, sonhos, o céu da boca. Ela toma uma caipirinha, a gente desce mais uma, sábado à tarde, nossa doce vida, nossos planos, mesmo na velha medida do possível.

Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.

Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface. E haja saladinha sem gosto, e dá-lhe rúcula!

A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, um cozido, uma moqueca, uma feijoada completa, uma galinha à cabidela, massa, um chambaril, um sarapatel, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um bife à milanesa, um tutu na decência, mocotó, um baião de dois, uma costela no bafo, abafa o caso!

Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ''Os Desajustados'', quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato de operário. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida.

Além do prazer de vê-las comendo, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, dão mais trabalho em casa ou na rua, barraco à vista, intermináveis discussões de relação... Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.

Moças de todas as geografias afetivas e gastronômicas, aos acarajés, às fogazzas, aos pastéis, aos cabritos assados e cozidos, ao sanduíche de mortadela, à dobradinha à moda do Porto, ao lombo -de lamber os lábios!-, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado que capricha na carne e sabe a arte de gelar uma cerva. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste.

O importante é reabrir o apetite das moças, pois, repito, senhoras e senhores, o velhíssimo mantra: homem que é homem não sabe sequer -nem procura saber- a diferença entre estria e celulite.

Até a próxima e desejo a todas as mulheres um final de semana com muita gula e todos os pecados capitais possíveis. Sem culpa, meninas!

& MODINHAS DE FEMEA

Um dos momentos mais simples, delicados e bonitos de uma mulher é aquele instante em que a sandália fica suspensa entre o pé e o ar, quase caindo mesmo, em um equilíbrio milagroso da distração feminina. A visão perfeita dos dedos e da curvatura da sola do pezinho. Meu Deus do céu. Nada mais sexy e sedutor para quem sabe apreciar.

Escrito por xico sá

AH! MULHERES...

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AH! MULHERES...

DIREITOS E LIMITES

”Todas as declarações recentes dos
direitos do homem compreendem, além
dos direitos individuais tradicionais,
que consistem em liberdades, também
os chamados direitos sociais, que
constituem em poderes“-(BOBBIO,
Norberto. A era dos direitos. Rio
de Janeiro: Editora Campos, 1992,
p. 21).


Estava praticamente chegando ao final de uma viagem que fazia com meus três filhos, quando fui parado por um policial rodoviário federal. Como solicitado, entreguei a ele meus documentos pessoais e os do veículo.

Depois da vistoria geral do veículo o policial, ainda com os documentos em mãos, me perguntou de onde eu vinha. Respondi: de longe. Ele então insistiu, para onde vai? Respondi: Para mais longe ainda. Minha esposa ficou assustada e me cutucou para que eu respondesse as perguntas corretamente.

Disse a ela, em tom alto o suficiente para que o policial também ouvisse que eu o estava respeitando em toda a plenitude de seus direitos, entregando-lhe os documentos solicitados e acatando qualquer decisão dele em relação ao seu trabalho, inclusive de me multar se eu tivesse feito algo ilegal, mas que eu não tinha a obrigação de informar de onde vinha ou para onde iria, pois aquele não era mais o papel e nem o direito dele.

Minha intenção, naquele momento, jamais foi a de desacatar o policial, mas ensinar meus filhos que, em qualquer situação, nunca deveriam abrir mão de seus direitos. Já se passaram aproximadamente 30 anos do ocorrido e continuo pensando da mesma forma. Não podemos invadir o direito de nenhuma pessoa, independentemente de sua posição religiosa, educacional, cultural ou profissional e nem permitir que nenhum espaço do nosso direito seja invadido.

Respeitar direitos muitas vezes significa abrir mão, se desprender de algo que julgamos ser nossos- como os filhos-, quando na realidade só o que podemos fazer é educá-los enquanto pequenos, encaminhar seus estudos e acompanhá-los até que possam alçar vôo próprio.

Já na juventude ou até antes dela eles já nos mostram que possuem vontade própria, desejos e objetivos diferentes dos nossos. Por sua imaturidade muitas coisas precisam ser controladas, contrariando-os, encaminhando-os por mais um período, para que possam amadurecer mais e aí sim, cobrar seus direitos.

Nessa fase já precisam estar preparados para, na vida em sociedade, exigir o respeito por seus direitos, mas também, claro, respeitar o das outras pessoas. E, se muitos deles tomarem para si esse princípio e continuarem, com a educação dos próprios filhos, certamente em algumas décadas teremos um país bem melhor.

Certa vez ouvi de uma pessoa já bem mais idosa, muito experiente, sábia e com quem aprendi muito, que as ações individuais são propagadas como as ondas criadas na água quando atingida por uma pedra. Na primeira propagação é um círculo pequeno, empurrado para mais longe pelo segundo, que é empurrado pelo terceiro e assim sucessivamente até que o efeito do impacto da pedra na água deixe de tumultuar o local do impacto.

O choque inicial diminui à medida que a pedra se distancia, aprofunda na água e nenhuma onda será provocada depois de certa profundidade. Sem a geração de novas ondas a tranquilidade da água vai voltando desde o local inicial até atingir a margem que havia recebido todas as ondas.

Como no lago, a paz volta quando toda a propagação, de uma nova idéia, regra, ação, ou atitude política foi totalmente absorvida pela sociedade. A exigência do respeito a seus direitos e a observância dos direitos alheios deveria ser posta em prática do mesmo modo, partindo da educação dos jovens em casa, que criará uma onda na escola, no bairro, na cidade, município e assim por diante.

A cobrança por seus direitos e o respeito pelo dos outros é um exercício diário, difícil, mas se todos sempre o exigissem, em quaisquer situações, certamente teríamos convivências muito mais pacíficas e harmoniosas entre as pessoas, os países e os continentes.

João Bosco Leal

FILHO É UM NEGÓCIO COMPLICADO...


O negócio com filho é complicado. Veja bem. Se a gente é severo com os filhos, tipo aqueles pais que colocam os filhos de castigo e tudo o mais, dá uns tapinhas na bunda de vez em quando, os filhos ficam complexados. É o que todo mundo já sabe, quem é que nunca levou uma dura porque deu um tapinha na bunda do filho, e aparece aquela sobrinha que estuda Psicologia na USP e diz que você é uma espécie de homem de Neanderthal? E que bater em criança é uma coisa absolutamente fora de questão, isso só faz crescer a raiva interior das crianças contra qualquer tipo de autoridade, um tapinha na bunda, um beliscão, uma puxada de orelha ou um castigo pode traumatizar uma criança para o resto da vida dela, e que já houve milhares de casos comprovados de adultos que se tornaram tarados sexuais, que se tornaram delinqüentes, um monte dessas coisas horríveis, só porque os pais batiam nelas quando elas eram pequenas.

Então, a gente resolve que não pode dar um tapinha na bunda nem obrigar a criança a comer verdura, isso também então já é um ponto pacífico, a gente nunca pode obrigar a criança a comer verdura, ela tem que comer o que quiser, porque o corpo sente necessidade das coisas, então quando a criança sentir necessidade de verdura, ela vai pedir verdura, não é para obrigar a criança a comer nada. Aliás, não é para obrigar a criança a nada, onde já se viu? veja aí os índios, que criam as crianças soltas e deixam elas fazerem o que querem. Então a gente cria os filhos sem tapinha na bunda, não obriga a comer verdura, não fica bravo quando eles xingam uma pessoa mais velha, e o que acontece? O filho vira um tarado sexual, um delinqüente, e a sobrinha que estuda Psicologia na USP diz que nosso filho ficou assim porque não teve pais que mostrassem as regras sociais, que as crianças precisam e até gostam que a gente demonstre autoridade, que isso dá mais segurança pra elas.

Então, qualquer coisa mesmo que você faça, se você bater ou não bater, se você obrigar os filhos a comer verduras, ou não obrigar, se você ensinar os filhos a respeitarem os mais velhos, ou não ensinar, tanto faz como tanto fez, o que acontece é que todos os nossos filhos vão acabar uns tarados sexuais e uns delinqüentes, essa é que é a verdade, uns tarados e uns delinqüentes que....

— Querido, vai dar tudo certo, não se preocupe.

— Mas ele parece tão pequenininho, eu acho que não estou preparado para...

— Pode pegar no colo, ele não quebra.

— Olha, os olhos são iguaizinhos os seus.

— Ele nem abriu os olhos ainda, querido.

— Bilu, bilu, fala papai, fala, pa-pai...


Conto inédito, gentilmente enviado por Artur de Carvalho, para o sítio Releituras.

O CASO REAL DO VESTIDO DE NOIVA SEM CALCINHA



Capela da Sagrada Família, bairro do Vergel do Lago, subúrbio de Maceió, Alagoas, um dia quente de julho do ano da graça de 2011.
O noivo espera diante do olhar de um mal-acabado e resignado Coração de Jesus e de um inquieto vigário que não tolera atraso.

Depois de 45 minutos, o tempo de um jogo de futebol (naquele momento jogavam CRB e Fortaleza), a noiva adentra ao recinto. No embalo de uma valsa e do amparo do braço paterno, a moça chega ao altar.

O vigário dá um “confere” geral nos trajes da senhorita Enislene Alcântara, a Leninha, um quarto de século de vida, professora do ensino fundamental.

Observa o religioso que o decote traseiro descia até o limite da irresponsabilidade cristã, quase na bunda. Cofrinho.

Noves fora o julgamento sobre o bom gosto ou não das vestes, o septuagenário padre Jonas Mourinho desconfia que a pecadora esteja sem calcinha.

O padre cochicha no ouvido de uma noviça, que o ajuda na celebração. Até a tia mais fofoqueira da noiva silencia nesse momento. Não se ouve um pio dos convidados da cerimônia.

A noviça pega no braço da noiva e a conduz aos fundos da paróquia. Por ordem das autoridades religiosas, a noiva se despe. Uma linda. Certinha do lalau, como se dizia antigamente.

A noviça retorna e comunica o veredicto ao padre Mourinho.

O padre convoca os senhores pais. Sussura o ocorrido, sem que ninguém, nem os próprios noivos, saibam o que estaria em andamento.

Ao microfone, o vigário comunica, então, ao distinto público, que o casamento não seria realizado. Motivo: sem calcinha e com a região pubiana depilada a noiva profana descumprira o rito sagrado do sacramento.

A depilação a zero, segundo o padre Mourinho, seria um pecado a mais: “Os pêlos pubianos marcam a transição entre a infância e a vida adulta, portanto retirá-los seria realizar apelo pedófilo para a prática sexual”.

Como ainda chama a atenção a informante Paula Medeiros, a gueixa do sertão, o padre teria firmado, de punho próprio, no manual de casamentos da paróquia, as seguintes e novas regras morais: 1)“Noiva sem calcinha é satanás na cabecinha"; 2) "vagina careca é o diabo na boneca".

Parece broma ou drama rodriguiano. Por isso que é cada vez mais difícil ser escritor de ficção no Brasil. Mais difícil ainda saber o que é verdade ou mentira no marzão de histórias da internet.

Este "fato" nupcial, por exemplo, foi reproduzido, de forma mais objetiva e jornalística, por milhares de sites noticiosos no Brasil. É só conferir. Difícil agora desmenti-lo, mesmo que não pareça tão verdadeiro assim. Eu mesmo o adulterei, com as tintas do gonzo e do exagero, neste post.

No que acreditar ou ler como texto fictícios nos dias que correm?

Só sabemos que depois de todo o bafafá, a noiva se queixou de tara do vigário, que a devorou com os olhos que a terra biblicamente há de comer.

Agora ela pensa casar em um terreiro de umbanda, pois só acredita nos deuses que dançam.

O que você faria, amiga, se fosse posta em uma saia justa dessas? E você, amigo, no papel de noivo, o que faria com este desalmado vigário?

Escrito por Xico Sá