quinta-feira, 29 de abril de 2010

PARADIGMA

Um paradigma seria, digamos, uma espécie de teoria, guardadas, porém, as diferenças.
Darwin por exemplo: a teoria da “evolução” procura explicar como as espécies se modificam para se adaptarem as novas condições do ambiente. Como teoria, ela fica sujeita a ter que ser provada, testada, contestada ou aceita. Fica exposta a experimentação e a reflexão.

E o paradigma? Bem, o paradigma seria um conjunto de premissas implícitas, essencialmente inconscientes, e que por isso, dispensam qualquer interesse em demonstrar a sua veracidade. É o modus operandi que carregamos para decidir as diversas maneiras de agir no mundo e de pensá-lo.

Não questionamos um paradigma, simplesmente porque não o colocamos na ordem das nossas reflexões.
É uma realidade, a lente pela qual decodificamos o mundo, a vida. Não costumamos contestar a realidade se ela não nos incomoda. A lente nos protege e nos proporciona um acordo pleno com as nossas percepções. Percebemos dentro de certas molduras, certas referências.

Podemos definir o paradigma de uma outra maneira: como um sistema de crenças. Você já experimentou alguma vez definir o seu sistema de crenças? Por que você acredita nisso ou naquilo? Por que você valoriza isso ou aquilo? Se alguma vez você pensou em fazer isso, com certeza desistiu, ante a dificuldade de pensar uma crença.

Você pode acreditar na importância da amizade, da religião, da família, de praticar um esporte, uma dieta... Pode acreditar que a sua visão política seja sensata... Centenas, com certeza, de convicções que operam no nosso inconsciente, e que jamais questionamos, dirigem a nossa vida. Convicções sedimentadas desde a infância, e que organizam e determinam a nossa relação com a vida.

Retornando a definição possível de um paradigma, poderíamos então enunciar que seria um sistema inconsciente de crenças, próprias de uma cultura.

Ao buscar entender as ações que produzem o meu modo de ser e de me relacionar com o mundo, talvez fosse possível perceber como criei determinadas situações na minha vida.

Não damos muita importância a certos clarões que nos ofuscam, chamados insights, e que muitas vezes revelam os subterrâneos do inconsciente. Não damos atenção, porque podem provocar um terremoto e desacomodar camadas confortáveis da nossa personalidade.

Se estamos acomodados no berço do nosso paradigma, por que reclamar da grade que nos protege do tombo no abismo?

M. AMERICO