terça-feira, 6 de outubro de 2015

TER OU SER... EIS UMA VELHA QUESTÃO!


"Meu ser evaporei na lida insana 
Do tropel de paixões, que me arrastava;
Ah! cego eu cria, ah!, mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana." (Bocage)


Ter ou ser. Quantos de nos já despertamos para essa velha questão?

Quantos já se deram conta da importância de ser, antes de apenas querer ter? Uma questão acima de tudo impertinente, incômoda, porque desafia a condição humana dos pecados capitais que todos carregamos.
A ambição, a vaidade... O sabor orgulhoso de ser olhado de baixo para cima, como se fossemos um deus todo poderoso, acima do bem e do mal, superior aos tormentos que afrontam o comum dos mortais...
Esse vídeo, carrega essa grande interrogação: quem somos nós, e o que pretendemos alcançar? 
O mundo circundante se desfaz em prazeres instantâneos, como um verdadeiro café solúvel. Mas ainda assim, tem o poder de nos hipnotizar e vender o sentimento de eternidade. Não nos acomete a certeza de nossa fragilidade diante do efêmero momento em que, inertes, assistimos a cavalgada do tempo nos contando e recontando a História de civilizações que desapareceram na poeira dos séculos, arrastando os sonhos grandiosos de conquistas e paixões.
E cada vez mais podemos perceber que o mundo a nossa volta, é um imenso espelho em que apenas nos vemos refletidos, pobres narcisos, movidos pelo desejo de sempre mais, muitas vezes além da nossa condição humana de usufruir o turbilhão de prazeres, que termina por nos afogar, sem misericórdia, nos estreitos e saturados sentidos que nos exibem a fugaz realidade.
É o preço que pagamos pela ânsia de ter, em todas as direções que a vida nos oferece.
E como, nessa vaga gigantesca que nos afoga, escapar para simplesmente ser?
Que força podemos mobilizar para escaparmos da armadilha, tão sorrateiramente armada pela vida mundana?
Dinheiro, prazeres, conquistas, poder... O grande imã da materialidade que nos atrai.
E pergunto, novamente: como escapar? Como buscar a simplicidade e a verdade de SER?
Por essa complicação toda, é que achei interessante defrontar-se com um homem que abandonou a fama e o resto que a ela sempre se segue, para construir-se.
Loucura? E quem de nós pode escapar dela, em momentos de lucidez, quando nos interrogamos sobre o estar aqui e agora, hic et hoc, e como autômatos, despertar toda manhã, e repetir, ad nauseam, a rotina que a vida nos impõe?
E quem de nós pode dela escapar, se em tão pouca vida, despertarmos para a inutilidade da grande maioria, senão a totalidade das nossas ações, dos nossos atos, da sentença rotineira e medíocre que cumprimos dia após dia, até que a noite desça o seu véu e nos cegue para a luz?
Loucos? Sim, loucos, os que buscam o ser, e mergulham na essência da vida. 
Acredito que a vida, sem um grão de loucura, é apenas deixar-se ir, adormecido,  sem perceber a beleza da paisagem, sem dar-se conta do oásis, mas apenas da aridez e do deserto. Apenas cegueira... Apenas hipnose...
Assim assisti o vídeo de Eduardo. Assim fica a reflexão que tal vídeo me levou a fazer...
m.americo

Ex galã da Globo largou fama e dinheiro para ... - YouTube


www.youtube.com/watch?v=DLH-OoFTZvc