sábado, 4 de março de 2017

O PRINCÍPIO DA EVOLUÇÃO TEM MAIS E MAIS VIDA, INCLUSIVE FORA DA TERRA


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Ilustração do Duke (O Tempo)
Cientistas da Nasa descobriram uma estrela, Trappist-1, distante 39 anos-luz da Terra, com sete planetas rochosos, três dos quais com possibilidade de ter água e, assim, de vida. Essa descoberta recolocou a questão de eventual vida extraterrestre. Façamos alguns reflexões sobre o tema, fundadas em nomes notáveis na área.
As ciências da Terra e os conhecimentos advindos da nova cosmologia nos habituaram a situar todas as questões no quadro da grande evolução cósmica. Tudo está em processo de gênese, condição para surgir a vida.
Esta é tida como a realidade mais complexa e misteriosa do universo. Há cerca de 3,8 bilhões de anos, num oceano ou num brejo primordial, sob a ação de tempestades de raios e de elementos cósmicos do próprio Sol em interação com a Terra, esta levou até a exaustão a complexidade das formas inanimadas. De repente, ultrapassou-se a barreira: estruturaram-se cerca de 20 aminoácidos e quatro bases fosfatadas. Como num imenso relâmpago que cai sobre o mar ou brejo, irrompeu a primeiro ser vivo.
MILAGRE DA VIDA – Como um salto qualitativo em nosso espaço-tempo curvo, num canto de nossa galáxia média, num sol secundário, num planeta de “quantité négligeable”, na Terra, emergiu a grande novidade: a vida. A Terra passou por 15 grandes dizimações em massa, mas, como se fora uma praga, a vida jamais foi extinta.
Vejamos a lógica interna que permitiu a eclosão da vida. À medida que avançam em seu processo de expansão, a matéria e a energia do universo tendem a tornar-se cada vez mais complexas. Cada sistema se encontra num diálogo permanente com seu meio, retendo informações.
Biólogos e bioquímicos, como Ilya Prigogine, Prêmio Nobel de Química (1977), afirmam que vigora uma continuidade entre os seres vivos e inertes. Não precisamos recorrer a um princípio transcendente e externo para explicar o surgimento da vida, como o fazem, comumente, as religiões e a cosmologia clássica. Basta que o princípio de complexificação, auto-organização e autocriação de tudo, também da vida, o princípio cosmogênico, esteja embrionariamente naquele ponto ínfimo, emerso na Energia de Fundo, que depois explodiu.
PRESENÇA DE DEUS – Um dos mais importantes físicos da atualidade, Amit Goswami, sustenta a tese de que o universo é matematicamente inconsistente sem a existência de um princípio ordenador supremo: Deus. Por isso, para ele, o universo é autoconsciente (“O Universo Autoconsciente”, Rio, 1998).
A Terra não detém o privilégio da vida. Segundo Christiann de Duve, Prêmio Nobel de Biologia (1974): “Há tantos planetas vivos no universo quanto há planetas capazes de gerar e sustentar a vida”.
Presume-se que as mais diversas formas de vida originaram-se todas de uma única bactéria (Wilson, O . E., “A Diversidade da Vida”, São Paulo, 1994). Com os mamíferos, surgiu uma nova qualidade da vida, a sensibilidade emocional e o cuidado. Há cerca de 8 milhões ou 10 milhões de anos, emergiu na África o ser humano, o australopiteco. Por fim apareceu, há 100 mil anos, o Homo sapiens sapiens/demens demens, do qual somos herdeiros imediatos (Reeves, H. e outros, “A Mais Bela História do Mundo”, Petrópolis, 1998).
ACASO E IGNORÂNCIA – A vida não é fruto do acaso (conta Jacques Monod, “O Acaso e a Necessidade”, Petrópolis, 1979). Bioquímicos e biólogos moleculares mostraram a impossibilidade matemática do acaso puro e simples. Para que os aminoácidos e as 2.000 enzimas subjacentes pudessem se aproximar e formar uma célula viva, seriam necessários trilhões e trilhões de anos, mais do que os 13,7 bilhões de anos, a idade do universo.
O assim chamado acaso é expressão de nossa ignorância. Estimamos que a evolução ascendente é produzir mais e mais vida, também extraterrestre.

04 de março de 2017
Leonardo BoffO Tempo