domingo, 18 de setembro de 2011

ESPORTE DE HOMEM NÁO É PORRADA. É PORRINHA.

Realmente não sou chegado a ver um bando de homens, dando pinta de que acabaram de escapar de uma gruta em Neanderthal, brigando. Por isso mesmo não assisti ao evento de luta livre (tem uma sigla pro treco, mas estou com preguiça de verificar qual é...) que ocorreu aqui no Rio. A última briga entre cariocas que me interessou foi entre os índios tamoios e temiminós, nos idos do século XVI , nas praias da Guanabara. Depois de Araribóia e Cunhambebe e seus respectivos tacapes eu não respeito homem nenhum saindo no braço.

Um conhecido meu, durante um rápido encontro no Centro da cidade, tentou me convencer a assistir o confronto entre os egressos do Paleolítico Inferior com o argumento de que isso sim é "esporte de homem". Respondi que esporte de homem, pra mim, nem o futebol é. Só mesmo a porrinha disputada nos botequins mais vagabundos merece essa alcunha. É por isso que reproduzo abaixo um texto que escrevi em 2010, logo depois da escolha do Rio de Janeiro como cidade olímpica : Porrinha nas Olimpíadas de 2016! E vai em negrito, pra fortalecer a campanha.

Existem vários tipos de espíritos que podem encostar e pegar o sujeito. Eu, por exemplo, que vim de uma família ligada ao espiritismo em suas vertentes macumbais - umbanda e encantaria - quando era pequeno ouvi da minha avó que era sempre bom pedir auxílio aos espíritos e entidades; eles viriam me ajudar. Tornei-me, então, devoto do espírito mais citado lá em casa: O espírito de porco. Fazia pedidos a ele.

Quando descobri, lá pelos sete anos, que o espírito de porco não era exatamente quem eu imaginava, mergulhei durante meses no mais absoluto materialismo e virei comunista. Foi o seguinte: Tomei um esporro da minha avó no dia em que perguntei a ela qual era o ponto que eu devia cantar para saudar o espírito de porco. Ela achou que era sacanagem minha. Posso, inclusive, confessar algo que só pretendia fazer ao médium de mesa branca depois da morte - o dia em que descobri que o espírito de porco não era uma entidade correspondeu, em termos de impacto, à notícia sobre a inexistência do Papai Noel para centenas de outras crianças.

Parêntese: Vejam como são as coisas. Comecei falando do espírito de porco quando, na verdade, pretendia escrever desde o início sobre outro espírito - o olímpico. Retomo no próximo parágrafo a ideia original.

A escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 20l6 despertou em mim forte vocação esportiva. Entusiasta dos esportes do Brasil, sou fã e praticante amador de um jogo fundamental para nossa gente brasileira, tão sofrida e adepta do desporto como instrumento de inclusão social : a porrinha [ou purrinha], também conhecida como basquete de bolso.

A porrinha é um esporte altamente sofisticado e democrático. Os estádios ideais para a prática são os botequins mais vagabundos. Cada atleta, em geral, inicia a peleja com três palitinhos. A partida começa quando os jogadores escondem uma certa quantidade de palitos numa das mãos e as estendem, fechadas, para a frente. Cada jogador dá, então, o seu palpite sobre quantos palitos estão no jogo. Ganha a rodada quem acertar o número exato de palitos.

A porrinha exige dos esportistas alguns atributos fundamentais: Sorte, inteligência para blefar e perceber o blefe e preparo físico para jogar enquanto quantidades generosas de cervejas e cachaças são consumidas durante o embate. Recomenda-se um trabalho de musculação para o fortalecimento da musculatura do bíceps, que sofrerá o impacto do peso dos palitos durante a refrega. O uniforme ideal para a prática do desporto é simples e consiste em bermuda, camiseta e sandália de dedo.

Pesquisas que fiz em compêndios e dicionários especializados indicam que a provável origem da porrinha é o antigo Império Romano. Os soldados de Roma costumavam praticar, nos intervalos das batalhas mais sangrentas, um jogo conhecido como Morra. O negócio consistia no seguinte: Os jogadores escondiam uma certa quantidade de dedos da mão direita às costas e diziam um número. Aquele que acertasse o número exato era o vencedor. O troço era popularíssimo e há relatos nas crônicas de Seleno de torneios realizados no Coliseu que terminaram em matanças tremendas.

Alguns especialistas defendem que o nome porrinha surgiu de uma expressão proferida por Santo Agostinho no século IV - Porro cum quo micas in tenebris ei liberum est, si veliti, fallere. Tradução: Com certeza, mesmo que avisado, podes enganar aquele com quem jogas morra no escuro. O latim porro, com o tempo, virou porra. A porra virou porrinha.

O Brasil transformou a velha porrinha romana em coisa nossa, como o samba, a prontidão e outras bossas. Introduzimos os palitinhos de dente ou fósforo no babado e consagramos o botequim como palco da disputa. Fizemos a mesma adaptação em relação ao futebol, o jogo sem graça dos ingleses que ganhou a ginga e o balacobaco canarinho.

É por isso que sugiro, com a maior seriedade, campanha em meios de comunicação e o esforço dos formadores de opinião para que a porrinha seja considerada esporte olímpico em 2016. Clamo pelo empenho do Doutor João Havelange, do presidente Lula, de Pelé e demais autoridades físicas e metafísicas para que o Comitê Olímpico Internacional faça justiça com o histórico esporte.

Não precisaremos, pensem nisso, sequer construir estádios. Aqui no Maracanã temos, por exemplo, o Bode Cheiroso, botequim com estrutura para sediar os embates. Imagino até o novo nome do estabelecimento: Complexo Olímpico Bode Cheiroso.

A memória dos grandes e falecidos atletas da porrinha de todos os tempos - Meu avô, Jorge Macumba, Seu Nilton, Manoelzinho Motta, Seu Vovô, Abecedário, João do Vale, Teté, Claudio Camunguelo, Dr. Castor de Andrade, Moisés Xerife, Candonga, Primo Pobre, Querido de Deus, Seu Sete Rei da Lira, Madame Satã, Camisa Preta, Julião Vem Cá Meu Puto, Wilson Batista, Almir Pernambuquinho ... - poderá inclusive servir como instrumento de forte campanha de marketing para estimular a prática educativa do esporte entre nossa juventude.
Esporte de homem não é porrada. É porrinha.

Abraços
Luiz Antonio Simas

A IRMANDADE SECRETA DE PEDÓFILOS

A INCRÍVEL HISTÓRIA DOS VELHINHOS PEDÓFILOS DE ÁGUA BRANCA (AL). A CIDADE ESTÁ BRANCA DE VERGONHA. A polícia prendeu doze acusados de estuprarem três meninas por mais de um ano. Um deles tem 90 anos de idade!

OS ACUSADOS DE ESTUPRAREM MENININHAS.
(Fotos divulgação)

Água Branca pegou fogo ontem quando a polícia começou a cumprir o mandado de prisão expedido pelo juiz Kleber Rocha contra oito cidadãos acusados de estarem estuprando três meninas há, pelo menos, um ano.

O juiz acatou o pedido de prisão feito pelo promotor José Antônio Malta, que aguardava informações de investigações policiais. De que água os velhotes beberam?

Água Branca é uma cidade antiga, nos confins do sertão alagoano, quase na divisa com Bahia e Pernambuco, na região de Paulo Afonso. Gente trabalhadora, a maioria na zona rural, trabalho duro, sofrido. A lavoura não é vida fácil. Cuidar do gado também não.

No entanto, sempre existem boatos, fofocas, rumores. Em Água Branca não podiam faltar. Há algum tempo teve gente que observou que havia algo estranho acontecendo. Mas é difícil descobrir. Certas coisa se desconfia mas não se comprova. Cidade pequena é um perigo. Todo mundo se conhece.

Rumores, boatos, fofocas.


Este anda com más intenções com a mulher daquele. Aquela sem-vergonha pula-cerca. O filho do vizinho, com aqueles modos afetados, sei não. E que diabos fazem aquelas meninas quem andam tanto perto da sorveteria e se enfiando em banheiro público de modo sorrateiro?

Quem já morou no interior, na zona rural, em pequenas vilas sabe como é fácil imaginar coisas e como é fácil essas coisas serem mesmo verdade. Assim foi que pessoas começaram a desconfiar de algo e acabaram as dúvidas chegando às autoridades.

Bem, o resto sabemos. A polícia prendeu doze marmanjos, oito deles idosos, cinco deles acima de 70 anos! Um com 90 anos! Valha-me Deus!


Por que eles não fizeram dois times de futebol de salão e gastaram as energias numa quadra? Porque não montaram um time de futebol e não foram procurar diversão contra outros times? Não, foram montando um grupo de pervertidos. É disso que se trata.

Primeiro poucos, receosos, ressabiados. Depois mais alguns. Depois mais outros, e o grupo vai crescendo, como uma irmandade secreta. A irmandade secreta da danação de crianças indefesas. Velhos safados. Uns ajudando os outros e todos ferrando as menininhas.

Em tantas cidades pequenas, ou não, o que fazem aposentados? Jogam em praças públicas, à sombra de grandes árvores. Dominó, tranca, porrinha, damas, qualquer coisa que ajude a passar o tempo lento das calorentas cidades como Água Branca.

Ficam em uma mesa de bar tomando uns tragos e contando “causos”, histórias de caças, de pescaria, aventuras romanceadas da juventude. Uns amendoins, umas iscas de carne seca. Mas pegar criancinhas!...


Mas o tempo não passa e os velhotes começam a falar asneiras e besteiras. Passam meninas para cá e para lá, brincando, em plena infância, e os tais marmanjos começam a ver a meninas, de seis, sete, oito anos de idade, como caça.

O que fazer? Como levá-las a um canto escuro qualquer? Um doce, uns trocados, um sorvete de vez em quando. É fácil. A pobreza larga as crianças nas ruas. As prefeituras não têm recursos. As crianças acreditam em velhinhos que mais parecem papais-noéis.

É aí que mora o perigo. Canalhas.

Um ano abusando das crianças, conforme os dados da polícia. No banheiro púbico, na sorveteria. Segundo se informou, uma das meninas chegou a contrair gonorréia. Imaginem uma criança com doença venérea. Nem sabe de quê se trata.

Enquanto isso, em Brasília, as autoridades do MEC às volta com vídeos para ensinar meninos e meninas em idade escolar a se beijarem. Meninas beijando e namorando meninas, meninos beijando e namorando meninos. Os tais vídeos para que as crianças aprendam sobre sexo e homossexualidade. É isso que está faltando para as crianças do Brasil.

É nesse Brasil de velhotes tarados “comedores” de crianças que o MEC quer ensinar sobre lesbianismo para crianças. E distribuição de camisinhas em máquinas, nas escolas, como se fosse chiclete. Esse é o Brasil moderno e progressista. Nem sei quem é mais tarado.

Pois é, e Água Branca, nos confins do sertão de Alagoas poderia ter entrado para o noticiário por outras coisas mais nobres, mas foi por essas infelizes crianças e seus estupradores.


A PRISÃO (PCA)

Ainda bem que foram levados para Maceió, porque poderiam ter encontrado problemas ficando na cidade. Já havia gente falando em espremer seus testículos com pedras quentes até os “bagos saltarem” e ficar só a pele. Conforme li em comentários de blogs do Nordeste.

Claro, as pessoas ficam indignadas com essas coisa, com essa falta de vergonha na cara de um senhor de 90 anos de idade. Não tem netos e bisnetos? O que faria um matusalém desses se fosse a sua bisneta a estuprada pelos seus amigos de sacanagens?

Perdoem-me o vocabulário, mas essa história me enojou bastante. Espero que a Justiça, agora não lhes conceda liberdade tão cedo, que fiquem em prisão preventiva. Se voltarem para Água Branca a situação poderá ficar complicada.

Foram presos:

Alvino Sandes Lima, de 90 anos;
Francisco Xavier Neto (conhecido como Chico de Izadias), de 73 anos;
José Euclides de Souza, o Pernambuco, de 82 anos;
Jovileu Ferreira Batista, o Leu, 65 anos;
Marevaldo Manoel da Silva, o Mareval, 50 anos;
Manoel Messias Vieira da Silva, o Mané Macedo, 70 anos;
Luiz Francisco dos Santos, o Luquinha, 50 anos;
José Cardeal, o Zé do Piolho, 76 anos;
Cícero Luiz da Silva, 31 anos;
José Cláudio Lima da Silva, o Cacau, idade não divulgada;
Severino João dos Santos, o Major, idade não divulgada;
Manoel Francisco dos Santos, conhecido como Lila, 61 anos.


Com Cícero Luiz da Silva, os policiais civis apreenderam um revólver calibre 38.

Informações coletadas na Imprensa.

"VIDA LOKA"



A "VIDA LOKA” E CURTA DE KELLY CYCLONE.


No Brasil parece não haver mais diferença entre o certo e o errado. A cultura bandida da transgressão, do crime, do tráfico ocupa parte do imaginário dos jovens
A cultura bandida da transgressão, do crime, do tráfico ocupa parte do imaginário dos jovens. A mídia dá imensos espaços às “vítimas do sistema”. Certa música mais parece propaganda da criminalidade que “fotografia” da romantizada vida no gueto.


A Bahia enterrou uma famosa. Milhares de pessoas lamentaram a morte de jovem Kelly Sales Silva, 22 anos, conhecida desde ao ano passado por Kelly Cyclone, segundo muitos a “rainha do pó”.

Ficou conhecida popularmente por haver namorado dois ou três chefe do tráfico, segundo a imprensa baiana. Para a polícia era ligada a traficantes e ao comércio de cocaína.

No ano passado foi presa, em fevereiro, numa festa que ficou conhecida como “a festa do pó da Boca do Rio”. Foi apontada por policiais como uma dos seis traficantes que foram detidos no local com grande quantidade de drogas.

Os parentes dela negam que tivesse uma vida ligada a roubos ou ao tráfico, segundo a imprensa. Mas tudo que fazia indicava uma forte ligação com a marginalidade. Certas tatuagens, o medalhão de prata no pescoço pendurado em grossa corrente, indícios da Vida Loka.

Até aí tudo bem. As pessoas, de um modo ou de outro, fazem suas escolhas. Aos 22 anos de idade Kelly já havia percorrido um bom pedaço de mau caminho. Agitação, baladas, bailinhos, namoros com aqueles do gueto que têm poder.

Alguns outros mais pobres, do gueto, muitas vezes cortam pelo caminho mais curto, namorando os rapazes do pó. Eles têm poder, ganham bastante dinheiroe gastam fácil. Vivem com uma certa intensidade porque sabem que podem encontrar a morte vinda das balas por causa de uma disputa territorial ou dos tiroteios com a polícia. Isso parece que tem fascinado muitas jovens. É o amor bandido, fenômeno observável em muitas grandes cidades.

Poder é muito importante. Alguns buscam pelo estudo, pela corrupção política e empresarial, outros, mais pobres, do gueto, muitas vezes atalham pelo caminho mais curto, namorar os rapazes do pó. Eles têm poder, gastam, ganham, gastam. Vivem com uma certa intensidade porque sabem que podem encontrar a morte vinda das balas por causa de uma disputa territorial ou dos tiroteios com a polícia. Curtem sua Vida Loka.


Kelly Cyclone foi assassinada na madrugada de segunda-feira em Lauro de Freitas (BA), na região metropolitana de Salvador. Não há informações sobre a autoria do crime.
De acordo com familiares, a jovem estava em um show com uma das irmãs antes de ser morta. Inicialmente a polícia pensou tratar-se de uma troca de tiros entre bandidos, depois que havia sido uma perseguição policial a criminosos, com tiroteio.

Mas, ao longo do dia, surgiram informações dando conta de que os parentes de Kelly acreditam em crime passional e dizem que no momento da morte ela possivelmente estava com um ex-namorado conhecido como "Gustavinho". Ele seria, de acordo com o relato da família, filho de um policial.

Kelly virou celebridade na Bahia após ser presa em fevereiro de 2010 durante um evento que ficou conhecido como a "festa do pó na Boca do Rio". Ela trazia no corpo tatuagens que chamavam a atenção, como um dragão que cobria a perna, a inscrição "Vida Loka" e o nome de um ex-namorado.


Kelly Cyclone teve um caso amoroso com o traficante Sidnei Ferreira da Silva e divulgou fotos dela com armas nas redes sociais. Conforme a polícia, ela estaria em companhia de traficantes que faziam uma série de roubos na região quando foi morta, o que foi negado por parentes dela. A PM ainda informou que ela teria participado da troca de tiros com policiais que perseguiam os criminosos.

O curioso no caso de Kelly Cyclone, para não dizer trágico, é a comoção popular. A cobertura de sua morte é de uma pessoa famosa. Não importando a razão da popularidade.

A comunicação de massa, pela rapidez, parece nivelar qualquer conteúdo, igualando um ataque a bomba que mata 30 pessoas no Iraque, a um bizarro caso amoroso, ou ao assassinato de alguém ligado à transgressão.


Familiares de Kelly negam que a jovem tenha participado de roubos ou que tenha ligações com traficantes. Dançarina de pagode, ela chegou a declarar que pensava em disputar uma vaga na Câmara Municipal de Vereadores de Salvador em 2012.
É disso que se trata, a popularidade, a fama efêmera, a celebridade imediata parece ser um tipo de alucinógeno que lança as pessoas em loucas aventuras. Vale tudo para chegar ao topo.

Às vezes o topo é o fundo de uma cova.

O enterro de Kelly Cyclone foi às 16h no Cemitério de Portão, acompanhado por 150 pessoas. Seu corpo foi encontrado na rua com tiros e marcas de facadas. Tinha 20 tatuagens, uma delas era:

O que vocês acham disso?
A transgressão é o caminho inevitável para a juventude?

A ESCRIVÃ NA COZINHA

Só Deus pode dar nome à obra completa
— de nossa vida, explico — mas sugiro
Ao meio-dia, um rosal,
implica sol, calor, desejo de esponsais,
a mãe aflita com a festa,
pai orgulhoso de entregar sua filha
a moço tão escovado.
Nome é tão importante
quanto o jeito correto de se apresentar a entrevistas.
Melhor de barba feita e olho vivo,
ainda que por dentro
tenha a alma barbada e olhos de sono.
Sonhei com um forno desperdiçando calor,
eu querendo aproveitá-lo para torrar amendoim
e um pau roliço em brasa.
Explodiria se me obrigassem a caminhar por ele.
Ninguém me tortura, pois desmaio antes.
A beleza transfixa,
as palavras cansam porque não alcançam,
e preciso de muitas para dizer uma só.
Tão grande meu orgulho, parece mais
o de um ser divino em formação.
Neurônios não explicam nada.
Psicólogos só acertam se me ordenam:
Avia-te para sofrer — conselho pra distraídos—,
cristãos já sabem ao nascer
que este vale é de lágrimas.

Adélia Prado

postado por m. americo
Texto extraído do livro “A duração do dia", Editora Record – Rio de Janeiro, 2010, pág. 25.

AH! MULHERES...

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MELANCOLIA

No filme de Lars Von Trier, o planeta Terra corre o risco de extinção pela colisão com o planeta Melancolia. Enquanto a colisão se aproxima, os habitantes vão se tornando melancólicos e sem energia para qualquer reação. A imagem é uma metáfora do que ocorre nos nossos dias. Os países desenvolvidos vivem uma grande crise econômica e se deparam com uma cena econômica melancólica, marcada pela recessão, desemprego e falta de oportunidades.

O que precisa ser observado, no entanto, é a evidente correlação desta crise com a consolidação da democracia nestes países e os enormes custos representados por seus estados de bem estar social. A lei de ferro da democracia tem sido o aumento do poder estatal por conta das demandas cada vez maiores da sociedade, assim como dos interesses dos próprios ocupantes do poder.

Os direitos a serem atendidos pelo estado são cada vez maiores e a conta vai sendo sempre jogada para a administração seguinte. Enquanto cresciam a taxas elevadas, fruto da acumulação histórica de poupança e investimentos, não era possível ver quais países estavam se tornando inviáveis e com a competitividade de suas empresas comprometida.

O processo de globalização se encarregou de mostrar as vantagens das empresas situadas em países de menor tributação, entraves burocráticos e leis sociais. Aos poucos a atividade econômica começou a desacelerar e aí tornaram-se aparentes e insuportáveis as dívidas destes países, em alguns casos superiores a 100% por cento do PIB. Outro ponto em comum a todos estes países é falência do sistema previdenciário, incapaz de suportar o ônus da aposentadoria de pessoas cada vez mais longevas.

A melancolia que invade os países desenvolvidos é típica do fim de uma festa de arromba: a festa foi maravilhosa, bebemos e nos divertimos além da conta, mas agora acabou e temos de lidar com a forte ressaca. O planeta Melancolia está em rota de colisão com a Terra, mas o Brasil ainda pode alterar sua própria rota: dizer que os gastos públicos precisam ser reduzidos, assim como a carga tributária é um truísmo que não levará a nada enquanto antes não forem limitadas as funções, atribuições e expectativas que a sociedade tem do poder estatal.

É o próprio modo de funcionamento do Estado em um regime democrático que precisa ser urgentemente repensado neste dia 15 de setembro, em que a ONU celebra o Dia Internacional da Democracia. Tudo deve ser feito rápido, evitando a colisão iminente.

15 de setembro de 2011
Sergio Lewin

O VINHO, ESSE SER HUMANO COMPLEXO E SOFISTICADO


O Imperador D. Pedro I gostava, de vez em quando, de esquecer os burburinhos da Corte e viajar para a Real Fazenda de Santa Cruz, onde costumava benzer suas amantes com o báculo episcopal. Sobre as viagens de Sua Majestade, Brasil Gerson escreveu o seguinte na História das Ruas do Rio :

D. Pedro I e sua comitiva paravam na fonte de pedra da igreja, para que seus cavalos bebessem água, enquanto ele buscava sofregamente a magnífica pinga do vendeiro que ficava defronte, famosa desde Campinho até Campo Grande.

É isso, senhores. O Imperador do Brasil era frequentador de uma tendinha na altura de Realengo, onde encostava o cotovelo no balcão, jogava conversa fora e tomava umas doses daquela que matou o guarda. Não duvido que jogasse porrinha com os populares.

Citei essa passagem prosaica da vida de D. Pedro pelo seguinte: a informalidade com que o Imperador tomava umas canas é diametralmente oposta à frescurite que grassa, nos dias de hoje e sobretudo durante o inverno, entre os bebedores e entendidos de vinho. Explico.

Já me declarei, alhures, impressionado com o verdadeiro ritual em que se transformou o simples ato de beber vinho em um restaurante. O garçom serve um mísero gole e aguarda, com cara de tacho, que o cliente experimente o tinto, avalie a qualidade da safra, verifique a harmonização com o cardápio, balance a cabeça e autorize, vinte minutos depois, que a bebida seja servida. Mas a coisa não para por aí.

A última moda dos especialistas é tecer considerações sobre a psicologia e os aspectos emocionais da bebida. Sim, é exatamente isso. Os vinhos agora são analisados com rigores freudianos. Há uma nova ciência na praça, a vinhognoseterapia.

Não bastassem aqueles cabras que ficam rodando o vinho no copo, cafungando o tinto e destacando a sutileza dos aromas e da característica das uvas, mergulhamos na era das divagações existenciais sobre o tema. O camarada toma uma taça, faz pose de quem limpa bosta de galinha com colher de prata e arrisca uma análise das características emocionais da bebida:

- É um vinho que se mostra, ao primeiro gole, um tanto tímido. Aos poucos, porém, vai ganhando um toque de agressividade que o equipara aos melhores rascantes. Honra a tradição e tem personalidade. Harmoniza bem com carnes vermelhas.

O outro, sem perder a pose, faz cara de galã do cinema mudo e manda brasa:

- O vinho padece de um acanhamento excessivo. Poderia ser um pouco mais arrojado, sem perder a sensibilidade. Acho que harmoniza com carne de vitela ao molho de queijo de búfala desmamada marajoara.

O terceiro resolve entrar de sola nos adjetivos :

- As características do mosto da uva atribuem um toque de excentricidade à bebida. É , todavia, um vinho corajoso. Eu diria que tem caráter. É isso; eis um vinho de caráter. Harmoniza bem com escama de peixe espada ao molho de tamaras flâmbadas no conhaque.

O quarto dá o tiro de misericórdia:

- Talvez falte uma certa ousadia. Mas é, sem dúvidas, um vinho que tem alma. Harmoniza com a minha própria personalidade. Esse vinho sou eu.

Mais chegado ao estilo D. Pedro I de ser, ouço essas barbaridades e pergunto aos meus botões velhos de guerra. Como pode uma bebida ser tímida, agressiva, acanhada, arrojada, sensível, excêntrica, corajosa, de caráter, ousada e possuir alma ?

Soube, dia desses, de um sujeito que entrou no consultório do analista e disse pro médico da alma :

- Eu já obtive alta da análise. Quero, na verdade, que o senhor analise essa garrafa de tinto, da safra de 1937, que eu ganhei de uns amigos.

A realidade, a acreditar nessas avaliações , é que qualquer vinho é um ser humano mais complexo do que eu. Não me surpreenderei se um dia souber que algum médium incorporou uma garrafa de vinho em um centro de mesa branca e saiu dando consultas. É o caminho natural. Só não contem comigo para bater cabeça pro caboclo.

Eu sou do tempo em que harmonizar era só ajustar a relação entre o canto e a dança nos desfiles das escolas de samba.

3 de setembro de 2011O
Postado por Luiz Antonio Simas

ESTADO CONTROLADOR

Estado controlador: governo inglês junta base de dados de crianças de 3 anos de idade que são “homofóbicas” e “racistas”
Kathleen Gilbert
LONDRES, Inglaterra, 15 de setembro de 2011 (Notícias Pró-Família) — Crianças até de três anos de idade estão sendo registradas num banco de dados governamental como “racistas” ou “homofóbicas” por usarem palavras que são interpretadas pelos professores como politicamente incorretas.

Entre os anos de 2008 e 2009, foram registrados incidentes envolvendo crianças em idade de escola maternal, as quais são monitoradas pelas leis contra “discurso de ódio” instituídas durante o governo [socialista] trabalhista, de acordo com estatísticas obtidas pelo Clube Manifesto, uma organização de direitos civis.

Os incidentes registrados incluíam um aluno chamando outro aluno de “cabeça de brócolis”, que foi considerado racista, e outra controvérsia “homofóbica” entre alunos de escola primária que chamaram uns aos outros de “gays” e “lésbicas”. Outro aluno foi considerado homofóbico por dizer a um professor que uma tarefa escolar era “gay”.
Quase 100% dos incidentes registrados envolviam apenas xingamentos, sem nenhum contato ou violência física.

Em seu relatório sobre os números, o Clube Manifesto reivindicou que as leis de denúncia de “discurso de ódio” sejam abolidas, dizendo que essas políticas “trivializam os problemas reais do racismo e homofobia, e em nada ajudam para atingir a meta nobre da igualdade”.
“Há um mundo todo de diferença entre abuso racista e briguinhas de palavras nos pátios de escola primária — nublar essa diferença em nada ajuda a atingir a igualdade”.

Um total de 34.000 crianças, nas palavras de uma reportagem do jornal Daily Mail, foram “de maneira impressionante classificadas como preconceituosas por causa de normas anti-bullying”. Os registros, que as escolas são forçadas a submeter às autoridades educacionais governamentais, são mantidos quando as crianças passam de séries ou se transferem de escolas, e poderiam em teoria ser acessados por um futuro empregador ou universidade.
De acordo com o Daily Mail, o Ministério de Educação respondeu à reportagem dizendo: “Os pais esperam que os diretores de escola adotem uma linha de ação muito dura contra qualquer conduta medíocre e reprimam todo bullying — é por isso que estamos fortalecendo a autoridade para os professores imporem disciplina. Cabe às próprias escolas exercerem seu próprio bom senso e discernimento profissional acerca do melhor jeito de enfrentar os que comentem bullying”.

“As crianças precisam de espaço para brincar e aprender o significado das palavras, sem serem denunciadas às autoridades educacionais locais”, disse o relatório do Clube Manifesto. “Essas políticas são uma intervenção indevida no pátio de recreio das escolas, e mina a autoridade dos professores de estabelecer um exemplo moral para as crianças e ensiná-las a diferença entre certo e errado”.

Kathleen Gilbert

Leia o relatório do Clube Manifesto aqui.