quinta-feira, 1 de abril de 2010

DUALIDADE E DUALISMO.

Não posso deixar de registrar a beleza do texto de Leonardo Boff. Nesses tempos de desperdício da vida, quando as vitrines são mais importantes e atraentes do que a experiência da reflexão; quando a multidão é mais importante do que os necessários momentos de meditação, eu jogo esse texto do livro "A águia e a galinha - Uma metáfora da condição humana", para que possamos parar no sinal vermelho da nossa exaustão, pela cumplicidade com a banalidade, e buscar compreender a teia e as conexões desse cosmos fantástico.

"A natureza e o universo não constituem simplesmente o conjunto dos objetos existentes, como pensava a ciência moderna. Constituem, sim, uma teia de relações, em constante interação, como os vê a ciência contemporânea. Os seres que interagem deixam de ser apenas objetos. Eles se fazem sujeitos, sempre relacionados e interconectados, formando um complexo sistema de inter-retro-relações. O universo é, pois o conjunto das relações dos sujeitos.
As dualidades antes referidas são dimensões da mesma e única realidade complexa. Formam uma dualidade, mas não um dualismo. Errôneo seria confundir dualidade com dualismo.
O dualismo vê os pares como realidades justapostas, sem relação entre si. Separa aquilo que no concreto, vem sempre junto. Assim, pensa o esquerdo ou o direito, o interior ou o exterior, o masculino ou o feminino.
A dualidade, ao contrário, coloca E onde o dualismo coloca OU. Enxerga pares como os dois lados do mesmo corpo, como dimensões de uma mesma complexidade. Complexo é tudo aquilo que vem constituído pela articulação de muitas partes e pelo inter-retro-relacionamento de todos os seus elementos, dando origem a um sistema dinâmico sempre aberto a novas sínteses."

M. AMERICO