quinta-feira, 29 de março de 2012

MUDANDO OLHARES

Em conversa com uma pessoa muito querida, falávamos das dificuldades de relacionamento que possuímos, muitas vezes até com pessoas extremamente próximas, com o mesmo sangue, como pais e filhos, avós e netos, irmãos, primos e todos os outros tipos de consanguinidade e cunhados e cunhadas, que mesmo não possuindo o mesmo sangue um dia tornaram-se membros da nossa família ou entre amigos e amigas.

Soube da sua dificuldade com sua mãe, que mesmo quando se tornou avó de suas filhas não havia lhe acompanhado nos hospitais durante ou mesmo após seus partos, e não a tratava com o carinho que normalmente uma mãe dedica a uma filha ou netas e netos.

Tenho visto muitos casos de pais ou mães que demonstram claramente sua predileção por um filho ou uma filha em detrimento dos outros e eu mesmo, sempre sinto essa diferença por haver sido preterido. No caso dessa pessoa, era ainda pior, pois sua mãe não dedicava carinho e amor de mãe a nenhuma de suas filhas ou netos.

Normalmente é mais fácil conversarmos sobre nossos assuntos mais íntimos com pessoas estranhas ou recém- chegadas ao nosso círculo de amizades, evitando esses temas com os mais próximos, com que já temos menos tolerância e sempre, pensando que algum conflito poderá ocorrer, deixamos o assunto para outra ocasião.

Mesmo assim, após décadas de insatisfações, durante uma reunião familiar as filhas, agora já mães, reclamavam do tratamento recebido da mãe e tentavam entender o motivo desse comportamento quando uma delas se lembrou de sua avó materna, de como era dura no tratamento das pessoas e esse deveria ser o motivo principal, a mãe não sabia dar o que nunca havia recebido.

Apesar de guardarem profundas mágoas, resolveram alterar radicalmente seu relacionamento com ela, tomando desde atitudes mais simples, como abraços e beijos que entre eles nunca ocorria, a telefonemas diários e visitas constantes, enfim, dando-lhe todo o carinho que gostariam de haver recebido. A família passou então por uma transformação nunca imaginada pelas filhas, que hoje convivem com a mãe como sempre sonharam.

Quando nas relações não somos tratados como imaginamos que deveríamos ser, a tendência é nos afastarmos daquela pessoa sem procurar as origens de suas atitudes, como e onde nasceram, foram alimentadas, educadas, estudaram e uma enorme quantidade de variáveis que poderiam justificá-las.

Municiados dessas informações provavelmente teríamos muito mais facilidade em nos relacionarmos com outras pessoas, pois mais facilmente poderíamos entender muitas de suas atitudes e relevá-las, assim como muito provavelmente outros, na mesma condição, fariam conosco.

Em uma de suas citações, amplamente divulgadas o padre Fábio de Mello disse: "Já que não tenho o dom de modificar uma pessoa, vou modificar aquilo que eu posso: o meu jeito de olhar para ela!".

De fato, a solução mais fácil para as mais diversas dificuldades de relacionamento depende da nossa maturidade e humildade, de darmos o primeiro passo em busca de uma melhoria, procurando ouvir, saber dos motivos e mostrando àquela pessoa que mesmo nunca tendo recebido, de você ela terá o que lhe faltou.

Em qualquer relacionamento, social, de amizade, familiar ou amoroso, incompreensões, faltas, acertos e erros poderão ocorrer, mas antes de julgarmos ou tomarmos decisões precipitadas, deveríamos refletir sobre a origem dos motivos que levaram ao acontecimento.

Além de não cobrarmos de uma pessoa o que ela não possui, devemos dar-lhe o que nunca teve.

28 de março de 2012
João Bosco Leal

terça-feira, 27 de março de 2012

EM 20 ANOS, A TV GLOBO JÁ PERDEU 35% da audiência

Ricardo Feltrin, editor do F5, do grupo Folha, divulgou dados impressionantes.
Nos últimos 20 anos, a TV Globo teria perdido quase 35% de participação nas tevês ligadas na região metropolitana de São Paulo.
“O F5 obteve dados inéditos de audiência da TV aberta no país, o mais extenso período já publicado sobre número de aparelhos ligados (o chamado ‘share’)”.

“Em números exatos, a Globo perdeu 34,97% da participação no universo das tevês ligadas (de 59,2%, em 1993, para 38,5%, em 2011). O primeiro trimestre mostra que 2012 também não deve ser redentor: o ‘share’ até agora está em 37,4%”. O jornalista também analisa a pontuação do Ibope, que mede a audiência das emissoras brasileiras.

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QUEDA DE AUDIÊNCIA

“Todas as emissoras, com exceção da Record, perderam pontos… Em 93 o SBT tinha 8 pontos de média e no ano passado teve 5,7 ponto; a Band marcava 2,8 pontos em 93 e no ano passado teve 2,5; a extinta TV Manchete tinha 1,5 ponto em 93, e no ano passado sua sucessora, a RedeTV!, teve 1,4. No início dos anos 90 a TV Cultura tinha 1,9 ponto – o dobro de sua média atual”.

“A Record foi a única que teve muito ganho de ibope e ‘share’ nas últimas décadas. Em 93, ela tinha 3,7% de participação nas TVs ligadas. No ano passado foi 17%. Em pontos de ibope, porém, a emissora ainda dá menos que a metade da Globo. Em 93 a Record tinha apenas 1,5 ponto de audiência e a Globo tinha 23,5 pontos. No ano passado, ela teve 7,2 pontos (contra 16,3 da Globo)”.

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ESTRANHO MERCADO PUBLICITÁRIO

O jornalista Ricardo Feltrin, um especialista no assunto, dá algumas explicações para a decadência da TV Globo. Ele lembra que em 1993 ainda não havia TV por assinatura. “Hoje, porém, 25% dos aparelhos ligados estão nela e nos chamados ‘outros aparelhos’”. Ele observa também que, em 1993, havia muito menos canais abertos disponíveis, a concorrência era menor.

Estes dados são um petardo para a famiglia Marinho. Afinal, o “share” define a fatia no mercado da publicidade, que movimentou R$ 39 bilhões no ano passado. Desde montante, R$ 18 bilhões foram a TV aberta e R$ 11,5 bilhões ficaram para a TV Globo. Ou seja: “A Globo tem 38,5% de participação nas TVs ligadas em 2011 e recebeu 64% da receita publicitária de toda a TV aberta”.

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GLOBO TENTA SE EXPLICAR

O estudo de Ricardo Feltrin comprova que há algo de muito estranho no mercado publicitário brasileiro. Não é para a menos que a Rede Globo tratou de rebatê-lo de imediato. Em comunicado, ela garantiu que a sua audiência cresceu nas duas últimas décadas porque o número de aparelhos ligados aumentou. Na prática, a emissora tentou justificar a sua enorme fatia no mercado publicitário. Veja alguns trechos:

“O Brasil registra os maiores índices de TV aberta do mundo ocidental, com consumo crescente de horas assistidas por dia. Nos últimos 10 anos, o telespectador brasileiro aumentou sua permanência em frente à TV – uma média de cinco horas por dia, por pessoa, por domicílio. Devemos lembrar ainda que a população cresceu, o número de lares com TV e de aparelhos por lar também. A média de aparelhos de TV em cada lar brasileiro quase dobrou em relação a 20 anos”.

“O resultado disso é que a televisão aberta está cada vez mais forte na preferência do telespectador brasileiro – e também do mercado publicitário. O que se vê no Brasil e no resto do mundo é que a televisão se mantém como o principal assunto de todas as novas plataformas/mídias/tecnologias… Essa conjuntura explica porque o meio TV segue como o mais importante e preferido, tanto pelo o público quanto pelos anunciantes, pelos resultados efetivos que ela oferece de vendas e de imagem e prestígio para as marcas”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Que cada um tire suas próprias conclusões.

Altamiro Borges
27 de março de 2012

EVÁGRIO PÔNTICO - ( 346 / 397 )

VIDA E PENSAMENTOS

VIDA E PENSAMENTOS
Evágrio Pôntico, pintado pelo iconógrafo Giorgos Kordes

Evágrio foi um monge, nascido por volta de 345, originário da Capadócia, em Ibora, no Ponto, e por isso ele é chamado de Pôntico. Passou dezesseis anos de sua vida no deserto do Egito, como anacoreta. Foi discípulo e amigos de São Gregório Nazianzeno. Evágrio conheceu bem cedo os três capadócios: São Basílio, São Gregório de Nissa e São Gregório de Nazianzo, sendo ordenado diácono por este último. Herdeiro dos grandes Padres Alexandrinos, Clemente e Orígenes, ele conduziu uma das grandes correntes da espiritualidade bizantina. Foram seus herdeiros, João Clímaco, Máximo, o Confessor, Simeão o Novo Teólogo, os Hesicastas…
Evágrio foi implicado na condenação do origenismo em 553; alguns acham incômodo citá-lo, no entanto, ele penetra e está presente em toda parte. Para Evágrio a ascensão espiritual consiste em contemplar a Deus em si mesmo, de modo que se vê a Deus como num espelho. O caminho consiste em despojar-se dos pensamentos apaixonados, depois, mesmo dos pensamentos simples, até a completa nudez de imagens e conceitos.

Evágrio morreu por volta de 397, deixando inúmeras obras sobre a oração, a vida monástica e ascética.

Pensamentos de Evágrio Pôntico:

«Não imagines possuir a Divindade em ti, quando oras, nem deixes tua inteligência aceitar a marca de uma forma qualquer; mantém-te como imaterial diante do Imaterial e compreenderás».

«Não poderias possuir a oração pura, estando perturbado com coisas materiais e agitado por inquietações contínuas, pois a oração é abandono dos pensamentos».
«A oração é produto da doçura e da ausência de ira».

«Esforça-te por manter teu intelecto surdo e mudo durante a oração: assim poderás orar».

«Se oras verdadeiramente, sentirás uma grande segurança: os anjos te escoltarão como a Daniel e te iluminarão sobre as razões dos seres».
«Se queres orar como convém não entristeças nenhuma alma; senão, corres em vão».

«Bem-aventurada a inteligência que, no momento da oração, torna-se imaterial e despojada de tudo».

«A oração é uma ascensão da inteligência para Deus».

«A oração é a atividade que convém à dignidade da inteligência; é a aplicação mais admirável e mais completa desta».

«Se és teólogo, vais orar verdadeiramente; e se oras verdadeiramente, és teólogo».
«A salmodia depende da sabedoria multiforme; a oração é o prelúdio do conhecimento imaterial e uniforme».

«Quanto mais perto estiver de Deus, tanto melhor será o homem».
«A oração é fruto da alegria e do reconhecimento».

«Enquanto ainda tens atenção para o que provém do corpo; enquanto tua inteligência considera os atrativos externos, ainda não viste o lugar da oração; estás mesmo longe do caminho abençoado que conduz a ele».
«O corpo tem o pão por alimento; a alma, a virtude; a inteligência, a oração espiritual».
«Na hora de orar, encontrarás o fruto de todo sofrimento aceito com sabedoria».
«Os sentimentos mal orientados atrapalham a oração».

«Feliz o espírito livre de qualquer forma durante a oração»

«O rancor cega a faculdade mestra de quem ora e derrama-lhe trevas sobre as orações».

«Aspira a ver a face do Pai, que está no céu: não procure, por nada deste mundo, perceber forma ou rosto durante a oração».
«Pois, quando em tua oração tiveres conseguido ultrapassar qualquer outra alegria, é que finalmente, em toda verdade, terás encontrado a oração».
«Armado contra a ira, não admitas jamais a cobiça, pois é a cobiça que alimenta a ira, esta por sua vez, turva os olhos da inteligência e destrói assim, o estado de oração».

«A oração é uma conversa da inteligência com Deus: que estado não é, pois, necessário, para essa tensão sem retorno, para ir a seu Senhor e conversar com Ele, sem nenhum intermediário»?

«Mantém-te corajoso e ora com energia; afasta as preocupações e as reflexões que se apresentarem, pois elas te perturbam e te agitam, debilitando o teu vigor».

«Se queres orar dignamente, renuncia-te a todo instante; se suportas toda sorte de provações, resigna-te sabiamente por amor da oração».
«Não te contentes de orar nas atitudes exteriores, mas leva tua inteligência ao sentimento da oração espiritual, com grande temor».
«Não ores para que tuas vontades se cumpram: elas não concordam necessariamente com a vontade de Deus. Ora, sim, segundo o ensinamento recebido, dizendo: ‘que vossa vontade se cumpra em mim’. “Em tudo, pede-lhe que se faça a sua vontade, pois Ele quer o bem e o benefício para tua alma; tu, porém, não é isso necessariamente que procuras».
«A oração sem distração é a intelecção mais alta da inteligência».
«Orando com teus irmãos ou orando só, esforça-te por orar, não por hábito, mas com sentimento».

«Quem ama a Deus conversa incessantemente com Ele, como com um Pai, despojando-se de todo pensamento apaixonado».
«Quem ora em espírito e em verdade, não tira mais das criaturas os louvores que dá ao Criador: é do próprio Deus que ele louva Deus».
«O rancor cega a faculdade mestra de quem ora e derrama-lhe trevas sobre as orações».

«A oração é a exclusão da tristeza e do desalento».

27 de março de 2012
Fonte: Ecclesia

HOOLIGANS

O rebotalho dos Hooligans vem aí

Ao proibir a entrada das torcidas disfarçadas do Palmeiras e do Corinthians, a Federação Paulista de Futebol liberou geral a pancadaria do lado de fora dos estádios.
Esses truculentos nunca viram um jogo de bola na vida. Invadem as arquibancadas só para apanharem uns dos outros. São masoquistas, gostam de sofrer.
Ou não seriam palmeirenses nem corintianos. Agora o morticínio é nas ruas de São Paulo. Qualquer dia, os Hoolligans - que já não têm mais nada para fazer na Inglaterra - chegam para dirigir a FPF.
O sonho dessa cretinalha é ser comandada um dia pelo rebotalho covarde e fora de moda dos Hooligans

27 de mar;o de 2012
sanatório da notícia

COMO ACEITAR A MORTE COM DIGNIDADE

Novo livro faz apelo para que pessoas próximas da morte sejam tratadas mais como indivíduos e menos como cases de medicina.

Quando perguntados aonde gostariam de passar seus últimos dias, a maioria dos norte-americanos responde “em casa, cercado por pessoas amadas”. Na vida real, contudo, a penar um em cinco realiza esse desejo. Mais de 30% morrem num asilo, onde quase ninguém deseja estar, e mais da metade perece num hospital, com frequência em centros de tratamento intensivo, pesadamente sedados e entubados por equipamentos até seus médicos desistirem da batalha.

Ira Byock é o diretor de medicina paliativa do centro médico de Darthmouth-Hitchcoc e professor da Escola de Medicina de Darthmouth. Seu livro é uma apelo para que aqueles próximos à morte sejam tratados mais como indivíduos e menos como cases de medicina nos quais todos os recursos tecnológicos disponíveis devem ser empregados. Com duas décadas de experiência na área, ele argumenta de maneira convincente que em certos casos deve-se abdicar da sobrevida a todo custo e ajudar o paciente a morrer suavemente caso este seja seu desejo.

Isso não inclui suicídio assistido, ao qual ele se opõe, mas inclui a garantia de alívio suficiente da dor para que o paciente fique confortável, a coordenação de seu tratamento entre os diferentes especialistas envolvidos, manter os pacientes informados, disponibilizar pessoal o bastante para atender às necessidades deles, organizando o que for necessário para que o paciente possa ser tratado em casa quando possível, e não mantê-los vivos como procedimento padrão quando não há esperança.

Esse território é delicado. O Medicare Hospice Benefict Act, aprovado pelo Congresso norte-americano há 30 anos, oferece cuidados paliativos àqueles cuja expectativa de vida é menor do que seis meses, mas requer que o paciente abandone o tratamento de sua condição uma vez que inicie os tratamentos paliativos. Isto afasta muitos pacientes. E quando eles escutam “tratamento paliativo” e “asilo”, sua reação costuma ser “não estou tão mal assim”.

O estilo de escrita de Bryock não agrada a todos. As histórias pessoais dos pacientes são contadas nos mínimos detalhes, fazendo com que o leitor engasgue com o grau de sofrimento físico e psicológico que cabe à maioria das pessoas ao fim de suas vidas. Ao fim, o autor adquire um tom bastante messiânico, advogando por uma sociedade mais cuidadosa que não dá nenhum sinal de se materializar. Contudo, certamente ele tem razão ao sugerir uma administração mais razoável de um problema que só tende a piorar.

26/03/2012