domingo, 21 de agosto de 2016

FERREIRA GULLAR, DE GRAVATA FROUXA, VAGANDO PELAS RUAS DA POESIA


O jornalista, crítico de arte, teatrólogo, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e poeta maranhense José Ribamar Ferreira, o famoso Ferreira Gullar, afirma ser o mais feliz dos infelizes no “Soneto Só Para Mim”.
SONETO SÓ PARA MIM
Ferreira Gullar
Vou assim pelas ruas: meus cabelos
libertos, esvoaçando a quatro ventos.
Não os posso prender e nem quero prendê-los
– que eles são braços de meus pensamentos!
Vou assim pelas ruas da cidade:
– gravata frouxa, alma vagando ao léu…
Tenho a cabeça erguida por vaidade:
esta vaidade de fitar o céu.
E vou sorrindo de meus próprios pensamentos!
(alma e cabelos esvoaçando aos ventos)
Eu sou o mais feliz dos infelizes.
É que, em toda a minha vida,
sempre fui como árvore florida,
que ri do sofrimento das raízes…

21 de agosto de 2016

O BANHO DOS PÁSSAROS, NUMA MANHÃ FRIORENTA NO ALTO DA SERRA



O título da crônica é em homenagem aos azulões, família de passarinhos que rondavam os jardins da pousada onde estávamos. 
Supostamente azulões, penso. Bem que eu gostaria de aumentar os meus conhecimentos em Ornitologia… mas nem sempre é possível.
Foi no café da manhã, de sábado, que contemplamos os passarinhos se banhando no chafariz ao ar livre que estava próximo ao refeitório onde saboreávamos um belo café com leite. Lá fora, na madrugada, fizera 9 graus… e eu, um pernambucano friorento, imaginava aquela água fria, gélida, e os “meus” simpáticos azulões curtindo as ondas provocadas pela queda d´água.
NUNCA AOS DOMINGOS – Observei que nos outros dias eles não apareceram, assim não posso dizer quando voltaram a se banhar, porque apegos vários me trouxeram de volta ao Rio. Assim, deduzo que no inverno o banho desses pássaros deve ser aos sábados.
Me fez lembrar de outra crônica que publiquei na TI, onde falei de um casal de joão-de-barro que construía o ninho de segunda à sábado e no domingo eles descansavam. Então pensei que os meus amigos azulões pontificavam o chafariz aos sábados.
O interessante é que os outros passarinhos como pardais e demais deixaram a “piscina” só para a citada família. A Natureza é realmente linda e misteriosa, lamento não poder conversar com os amigos voadores azulões…
Continuando o fim de semana, uma senhora, na rua, nos diz que ama Nova Friburgo: a criminalidade é mínima, o número de desempregados é ínfimo e a maioria das casas confirmei que tem os muros baixos, nada de altitudes tipo aquelas fortalezas cercadas com arame farpado eletrificado.
PEÇAS ÍNTIMAS – A economia da cidade tem como destaque as confecções de “peças íntimas”. Em determinada época do ano promove uma das maiores feiras brasileiras do setor. E vi até roupas fabricadas com fibras de bambu… incluindo calças compridas e camisas.
Foi o fim de semana do Festival de Inverno local. No dia 12, a abertura foi com o cantor e compositor Lenine e sua Banda. Quadra Poliesportiva do SESC lotada e apesar do frio as músicas e o público ajudaram a esquentar o ambiente. Perto, ardia um fogueira que foi até bem tarde da noite.
No dia seguinte, a peça “Galileu Galilei”, maravilhosa para se ver, rever, sempre que possível. Pelas manhãs e às tardes, atividades para crianças, danças, exposição de artes plásticas, literaturas, contações de histórias múltiplas…
Procurei saber, como sempre faço, quando chego a uma localidade. Perguntei quem era o “padroeiro” e uma senhora me disse, feliz: “São João Batista”. Eu e minha esposa fomos até a Matriz: fizemos reverências budistas respeitosas ao Santo e pedimos permissão para adentrar e passear pelo Município.
É bom ser ecumênico, interreligioso. Lá em cima, eles, de diversas religiões e filosofias confraternizam-se amigavelmente. Aqui por baixo, belo dia, será assim

21 de agosto de 2016
Antonio Rocha