quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A SOCIEDADE DO CANSAÇO E DO ABATIMENTO SOCIAL



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Ilustração de Duke (O Tempo)
Há uma discussão pelo mundo sobre a “sociedade do cansaço”. Seu formulador principal é um coreano que ensina filosofia em Berlim, Byung-Chul Han. O pensamento nem sempre é claro e é, por vezes, discutível, como quando afirma que o “cansaço fundamental” é dotado de uma capacidade especial de “inspirar e fazer surgir o espírito”.
Independentemente das teorizações, vivemos numa sociedade do cansaço. No Brasil, além de cansaço, sofremos um desânimo e um abatimento atroz.
A aceleração do processo histórico e a multiplicação de sons e mensagens, o exagero de estímulos e comunicações, especialmente pelo marketing comercial, pelos celulares com todos os seus aplicativos, e a superinformação que nos chega pelas mídias sociais nos causam depressão, dificuldade de atenção e uma síndrome de hiperatividade. Chegamos ao fim do dia estressados e desvitalizados.
Acresce-se ainda o ritmo do produtivismo neoliberal imposto aos trabalhadores no mundo inteiro. Cobra-se de todos o melhor desempenho possível, o que desequilibra emocionalmente as pessoas, gerando irritabilidade e ansiedade. O número de suicídios é assustador. Ressuscitou-se o dito da revolução de 68 do século passado. Então se dizia: “metrô, trabalho, cama”. Agora se diz: “metrô, trabalho, túmulo”. Quer dizer: doenças letais, perda do sentido da vida e verdadeiros infartos psíquicos.
DESALENTO GENERALIZADO
Entre nós, nos últimos meses, grassa um desalento generalizado. A campanha eleitoral turbinada com grande virulência verbal, acusações, deformações e reais mentiras, além do fato de a vitória do PT não ter sido aceita, suscitou ânimos de vindita. Bandeiras sagradas do PT foram traídas pela corrupção em altíssimo grau, gerando decepção profunda, o que fez perder costumes civilizados. A linguagem se canibalizou. Saíram do armário o preconceito contra os nordestinos e a desqualificação da população negra. Como disse Sergio Buarque de Holanda: podemos agir a partir do coração cheio de raiva, de ódio e de preconceitos.
Os interesses das classes abastadas são antagônicos aos das classes empobrecidas. Aquelas, historicamente hegemônicas, temem a inclusão dos pobres e a ascensão de outros setores da sociedade, a lugares antes reservados apenas para elas. Somos um dos países mais desiguais do mundo, onde mais campeiam injustiças sociais, violência banalizada e assassinatos que equivalem em número à guerra do Iraque. Temos trabalhadores vivendo sob condição equivalente à da escravidão.
Como sair desse inferno humano? A nossa democracia é apenas de voto; não representa o povo, mas os interesses dos que financiaram as campanhas, por isso é de fachada.
ALTERNATIVA DE SOCIEDADE
Vejo uma saída possível por parte da sociedade organizada e dos movimentos sociais, que possuem outro ethos e outro sonho de Brasil e de mundo. Mas eles precisam estudar, se organizar, pressionar as classes dominantes e o Estado patrimonialista, se preparar para propor uma alternativa de sociedade que possua raízes naqueles que, no passado, lutaram por outro Brasil com projeto próprio. Um povo doente e ignorante nunca fundará uma nova e possível biocivilização nos trópicos.
Tal sonho pode nos tirar do cansaço e do desamparo social e nos devolver o ânimo necessário para enfrentar os entraves dos conservadores e suscitar a esperança bem fundada de que nada está totalmente perdido, mas que temos uma tarefa histórica a cumprir. Utopia? Como dizia Oscar Wilde, “se no nosso mapa não constar a utopia, nem olhemos para ele, porque nos está escondendo o principal”. Do caos presente deverá sair algo bom. Em vez da cultura do cansaço e do abatimento, teremos uma cultura da esperança e da alegria.

21 de janeiro de 2016
Leonardo Boff
O Tempo

SEXO NA ROMA ANTIGA


Roman Sex,de John R. Clarke É um livro sobre sexo na Roma antiga, do final da República até ao fim do principado (séc. I AC – II DC). 
É um livro de arte, sobretudo com fotografias tiradas dos frescos de Pompeia e objetos do quotidiano (lamparinas, taças, etc.). 
 autor é um historiador de Arte numa Universidade Norte-Americana. Na introdução, ele começa por indicar que a sexualidade doa antigos romanos não é a dos nossos contemporâneos (fortemente influenciada pelo cristianismo, mesmo por parte de quem rejeita esta religião e o seu legado). 
Também explica que a esmagadora maioria das peças referentes a sexo, só muito recentemente foram disponibilizados ao público, estando anteriormente fechadas em caixas ou aparecendo em fotografias censuradas; com os anos 90 a situação inverteu-se. 

No capítulo seguinte, ele mostra vasos gregos clássicos: aí vê-se homens e mulheres que são penetrados analmente e oralmente por múltiplos parceiros revelando (segundo o autor) uma total submissão e rebaixamento dos “passivos” que são vistos como mero recetáculo de prazer enquanto os homens que estão a penetrá-los estão a usufruir de prazer (identificados com cidadãos). 

O sexo é assim uma relação de força entre desiguais. São depois mostradas imagens helenísticas em que existe uma total modificação: ambos os parceiros usufruem de prazer e estão em situação igual (independentemente do sexo). 
Dá-se de seguida um salto à Roma do final da república. Aqui podemos observar todo o tipo de relações possíveis e imaginárias. 

Desde masturbação solitária, casais homo e hétero, trios, grupos maiores, zoofilia, pedofilia. Mas segundo o autor, todos tem algo em comum: as pessoas estão a aproveitar o sexo, não são forçadas (mesmo que sejam escravos, tentam aproveitar o momento). 
Existe assim uma atitude mais positiva (mesmo que embelezando demasiado a realidade). As diversas imagens são contextualizadas em relação à atitude de Roma sobre o sexo. 

Teoricamente o sexo era para procriação: um cidadão devia ter o máximo de filhos possíveis com a sua esposa. Na realidade, as atitudes variavam de acordo com a classe social. Assim, nas classes superiores, os proprietários usavam os escravos e escravas para sua satisfação dado que lhes pertenciam; em compensação, pouco utilizariam prostituto(a)s. 

Mas com algumas limitações: se ninguém via problema em um nobre ter sexo com um homem, este tinha de ser de estatuto servil (escravo ou liberto) e nunca cidadão. Nem poderia (o proprietário) sofrer sexo anal e muito menos fazer sexo oral a outra pessoa (homem ou mulher não interessa). 

Uma sexualidade diferente da nossa sem dúvida, mas também com restrições (qualquer uma destas acusações era suficiente para levar à expulsão do senado de um dos seus membros em tempo normal). 
Para um plebeu cidadão, estes tabus também valiam, podendo levar à expulsão do exército ou de qualquer magistratura exercida. Só podia praticar estes atos livremente quem nada tivesse a perder, ou não tivesse ambições (isto não quer dizer que os cidadãos não o fizessem, apenas que tinham de ter muito cuidado em não ser apanhados). 

Quanto às obras em si. As pinturas que representam a quebra de tabus existem segundo diversos contextos, tendo diversas interpretações. Por exemplo, as imagens existentes nos banhos públicos, seriam imagens que pretendiam afastar o mau-olhado (provocavam o riso que quebra o mau olhado). 

As nas tavernas serviam para divertir os clientes. As dos bordeis, bem, que imagens mais apropriadas? É como se os romanos tivessem uma série de comportamentos proibidos que eram projetados na arte. 

Os objetos tinham também diferentes objetivos: alguns para dar sorte, virilidade, fertilidade. 
Ou simplesmente celebrar o sexo. Algumas das conclusões parece-me algo forçadas: a taça que mostra dois homens adultos a fazer sexo e que segundo o autor representa um quebrar dos tabus romanos. 

Ora a dita taça é segundo o próprio autor, oriental, com uma inscrição grega com uma dedicatória de um nome grego para outro grego, logo foi feita num contexto extraromano. 

A minha opinião sobre o livro? De forma geral gostei. Não é um livro que aprofunde muito a sexualidade dos romanos, aceita muitas vezes de forma literal aquilo que lhe é apresentado nas fontes (como na questão do preço das prostitutas, custarem no mínimo 2 asses- 1 copo de vinho). Mas tem um bom conhecimento dos povos mediterrâneos, viajou bastante para fazer comparações, percebe de arte e faz bons saltos dedutivos.

21 de janeiro de 2016
in roma-antiga.blogspot.com

SEXUALIDADE NA ROMA ANTIGA



A sociedade Romana tinha, regra geral, uma mente muito aberta em relação a assuntos relacionados com a sexualidade em geral. Para o povo Romano as práticas sexuais tinham como objectivo exaltar a fertilidade, a procriação e também a procura de prazer.

Eram comuns as festas de exaltação à fertilidade: banquetes sumptuosos tal como deveriam ser as noites de amor que se lhes seguiam. Era comum o culto a Baco onde todos os excessos eram permitidos e a principal preocupação de cada pessoa seria de beber e divertir-se. Durante essas festas um enorme órgão sexual masculino era transportado pela cidade numa carroça adorada com flores oferecidas pelas mulheres mais importantes da cidade. No final das festas o sexo era um direito ou mesmo quase um dever de todos os intervenientes nas festas.

Era também bastante comum o uso de um talismã em forma de pénis e o culto de Príapo, deus da fertilidade representado, regra geral, com um pénis erecto, nos jardins das casas, pois acreditava-se trazer sorte e fortuna. A adoração de Príapo era feita tanto por mulheres, procurando tornar-se férteis, como por homens, pois acreditavam que era possível ser-lhes devolvida a potência sexual caso esta se debilitasse.

Outra das características da sociedade Romana era a normalidade com que se encarava a nudez, não sendo motivo de qualquer tipo de sentimento de vergonha e também a aceitação, dentro de certos parâmetros, de relações homossexuais:

“Não se estabelece distinção entre amor homossexual e amor heterossexual; o prazer físico é visto como uma continuidade subjacente entre os dois. O prazer enquanto tal não coloca nenhum problema para o moralista de classe superior. Em compensação, julga-se – e muito severamente – o efeito que tal prazer pode exercer sobre o comportamento público e as relações sociais do homem: a vergonha que pode levar um homem das classes superiores a submeter-se ou fisicamente, adoptando uma posição passiva no ato sexual, ou moralmente, entregando-se a um inferior de qualquer sexo” (ARIÈS, DUBY. 1995: 232).

Como se pode verificar pela citação anterior, não existia a distinção que actualmente se faz entre a homosexualidade e a heterosexualidade, sendo normal para os homens ter sexo com outros homens (a homosexualidade feminina era mal vista).

No entanto, e apesar de ser aceite o sexo entre dois homens, existiam algumas regras a definir como tal poderia acontecer. Em primeiro lugar, os homens livres não podiam ser penetrados, apenas penetrar (existia uma lei a regulamentar esta situação), devendo sempre, portanto, tomar o papel activo nas relações. Outra das regras ou “limitações” relativas às relações entre dois homens era que o membro mais novo, ou eromenos, tomasse o papel passivo enquanto que o membro mais velho, ou erastes, tomasse o papel activo. Estas regras deviam-se principalmente à crença de que apenas o interveniente activo na relação conseguiria tirar prazer desta, estando quem tomava o papel passivo a submeter-se ao outro, algo impensável para um “romano decente” fazer.

Apesar de mal vistos pela sociedade existem casos documentados de erastes e mesmo de Césares (Imperadores) que preferiam o papel passivo nas suas relações com outros homens, escravos ou não.

Da mesma forma que a submissão em relação a outro homem era mal vista pela sociedade também o era a submissão em relação a uma mulher. As mulheres na sociedade romana eram vistas como inferiores aos homens livres, possuindo muito poucos direitos e os deveres de esposa (dona de casa) e de mãe (procriação). Como tal seria impensável a um “romano decente” preocupar-se em proporcionar prazer à sua mulher ou parceira, uma vez que esta preocupação demonstraria um sinal de submissão, de fraqueza, de imaturidade (as paixões arrebatantes eram características dos jovens, inexperientes e ingénuos, sendo alvo de critica e embaraço quando em adultos, tendendo a ser mais controladas corteis).

Uma das práticas mais amplamente aceites na sociedade Romana (e que na actualidade é considerada tabu) era a masturbação. Para os romanos a masturbação era algo de perfeitamente natural, não sendo alvo de nenhum tipo de critica.

Outros dos tópicos que convém abordar é a prostituição. Na Roma antiga as prostitutas eram registadas, pagando mesmo impostos. Regra geral, usavam cabelo loiro ou vermelho, vestiam-se com tecidos floridos ou transparentes, não podendo, por lei, usar nem estola nem a cor violeta, características das mulheres livres. O local mais comum de trabalho era sob os arcos arquitectónicos (a palavra fornicação vem do latim fornice, que significa arco).

Apesar de toda a liberdade relativamente à sexualidade e ao sexo em particular, este era praticado com moderação e regras, sendo um meio para um fim e não um fim em si mesmo: o sexo servia para alcançar o prazer mas devia ser praticado de forma regrada para a paz interior do sujeito não fosse perturbada.

Com o passar do tempo a religião católica foi sendo implementada na sociedade e, gradualmente, ganhando importância pelo que as praticas liberais características da sociedade Romana tenderam a desaparecer em prol da moralidade cristã, muita mais fechada a rígida com as questões relacionadas com a sexualidade.


Curiosidades:

Estas são apenas algumas curiosidades relativamente a sociedade Romana e algumas das suas praticas mais fora do comum:

-Sexo anal em noite de núpcias como forma de respeito:
Nos primórdios da sociedade Romana era comum o marido evitar o sexo vaginal e em vez dele optar pelo sexo anal como forma de respeitar a natural timidez da sua esposa, uma moça virgem.

-Sexo só no escuro:
Era relativamente aceite a ideia de que sexo apenas se deveria fazer após o por do sol, durante a noite, e mesmo então de preferência na penumbra. O sexo durante o dia era um privilégio dos recém-casados, logo após as núpcias. Um “homem honesto” apenas poderia visualizar a nudez da amada caso a lua a iluminasse através da janela.

-Sexo é sempre com roupa:
Para as mulheres honestas de Roma sexo teria sempre de ser com algum tipo de roupa, normalmente sutiã. Apenas as prostitutas tinham sexo todas nuas.

-Com essas, nunca:
Era proibido para os Romanos ter sexo com mulheres casadas, virgens de famílias importantes, adolescentes filhas de casais livres, vestais (virgens devotas à deusa Vesta) ou a própria irmã.

-De dia só com a esquerda
Durante o dia, até ao cair da noite, eram permitidas as carícias mas apenas se feitas com a mão esquerda.

-A tranquilidade juvenil
Era comum pensar-se que sexo com “meninos” proporcionava um prazer tranquilo, que não “agitava a alma” enquanto que a paixão por mulheres era considerada um mergulho na “escravidão”.

-A “doença” da paixão
Na Roma antiga a paixão era encarada como algo vergonhoso, algo temível. Quando um Romano se apaixonava perdidamente, tanto os seus amigos como mesmo ele consideravam que moralmente tinha caído na escravidão ou que perdera a cabeça por excesso de sensualidade.


21 de janeiro de 2016
in sexualidade na sociedade

HISTÓRIA DO SEXO NA ANTIGUIDADE

Historia do sexo na antiguidade - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=kmjy62IVC7k
6 de out de 2013 - Documentário sobre a História do sexo e da sexualidade no mundo antigo ... e sexo na Mesopotâmia, no Egito Antigo, a Grécia e em Roma.

21 de janeiro de 2016
m.americo