quinta-feira, 19 de novembro de 2015

TEMPO DO ONÇA SEM GERINGONÇA

Palavras e expressões d’antanho podem causar estranheza em nós, moderninhos, por isso lhe ofereço desde já o significado destas do título de hoje:

Geringonça – Coisa mal feita, de qualidade e duração precárias;

Do tempo do onça – Muito antigo, fora de moda, ultrapassado.

É bom esclarecer que geringonça não se confunde com coisas do tempo do onça, até pelo contrário. Basta lembrar que os multicentenários violinos Stradivarius nunca foram igualados, e muitos estão ainda hoje em perfeito estado, com seus valores na zona do estratosférico. Catedrais góticas e castelos ainda serão atrações turísticas, em ótimas condições de uso, quando todos nós estivermos tão longe delas quanto estão hoje os do tempo do onça.

Casas, palácios, castelos, pontes, estradas, móveis, utensílios, veículos – muitos desses patrimônios de antigamente continuam resistindo ao tempo e ao uso contínuo. Outros foram destruídos ou substituídos por equivalentes de vida curta; que ainda estão tinindo de novos, mas não se sabe até quando serão úteis. Você também sabe, por experiência própria, que a indústria desaprendeu como se fazem coisas duráveis, portanto eu estaria chovendo no molhado, se entrasse em exemplos.

Entre o nosso tempo e o do Onça (±1730, como explicarei adiante) houve a Revolução Francesa, o comunismo, a televisão, a libertinagem sexual, a infernet. Cada uma dessas saiu vitoriosa em muitas coisas e derrotada em outras, sempre deixando marcas lamentáveis, permanentes, demolidoras. No meu exíguo espaço disponível, apontarei alguns itens que mudaram para pior, muito pior. Entra isto na primeira metade da minha área de atuação (agudas), que consiste em espetar flechas em coisas aberrantes, aceitas atualmente como normais. Muitas delas seriam avaliadas como profundamente patológicas, se examinadas por alguma confiável medicina social (longe, muito longe de socialista, esclareço para evitar mal entendidos).

Família – Há sociólogos afirmando que a família deixou de existir. Quando constatamos que a promessa até que a morte nos separe continua sendo feita, mas na prática se reduz aenquanto nosso relacionamento nos der prazer, temos de concordar com esses sociólogos. O que hoje se denomina família é coisa tão mal feita, de qualidade tão precária e duração idem, que até duplas homossexuais podem pleitear inclusão nessa geringonça. Não ousariam, nem sequer pensariam em fazê-lo, se a família estivesse no seu estado normal, não patológico.

Patrimônio – No tempo do onça a moeda tinha valor em si mesma. Depois a moeda em papel, a moeda eletrônica e suas variantes facilitou muito as transações comerciais, mas o seu valor ficou tão volátil, corruptível e não confiável quanto o governo transitório que as imprime e autoriza. Ações de empresas podem atingir alto valor, depois perdê-lo inteiro por motivos imprevisíveis, ou por não existir o fio de barba que era regra no tempo do onça. Não lhe parece tudo isso uma geringonça?

Segurança – Muitos itens desengonçados do mundo atual, como a segurança pública, nos autorizam a considerar nossa estrutura social uma geringonça. Não era assim na época de um chefe de polícia do Rio de Janeiro, capitão cujo rigor e valentia lhe valeu o apelido de Onça. De 1725 a 1732, assumiu suas responsabilidades e exigia dos subordinados um padrão policial digno. Não hesitava em punir severamente os marginais. Tranquilizada e confiando no personagem, a população tinha segurança até para caçoar dele, como geralmente faz com amigos do peito. Compare isso com a segurança atual, examine toda a precariedade atual, e passaremos a admirar juntos aquela segura tranquilidade que existiu no tempo do Onça.

Governo – Todo governo democrático já nasce condenado à morte, quando não ao lixo da História. Tem prazo de validade estabelecido no sistema eleitoral, e está sujeito a degenerações e corrupções de todo tipo e tamanho. Basta ver que o governo novo não tem interesse em concluir obras iniciadas pelo anterior, e com isso se perdem verbas colossais. Cada novo governo se apressa em substituir a equipe de amigos do anterior por outra com seus próprios amigos, e isso exatamente quando já seria útil a experiência que a outra havia adquirido. Mas a equipe nova recomeça o aprendizado, as tentativas fracassadas, os “malfeitos”.

Caçoar do que não agrada, é atividade amplamente cultivada no nosso País, e muitos a estão praticando para exigir uma melhora na geringonça. Parece que os responsáveis pela coisa pública não aplicam a si mesmos os protestos, cobranças e insatisfações. Acham isso muito engraçado, e riem. Reação insensata, de um governo que virou uma geringonça à espera de ser desmantelada e incinerada. Parece-me muito preocupante, mas muito válido, um convite-protesto como este que alguém sugeriu: Presidente, vem pro olho da rua!



19 de novembro de 2015
Jacinto Flecha

RONALDO CAIADO FALA SOBRE O ACORDO DESUMANO ENTRE BRASIL E CUBA

QUEM TOMA CAFÉ TEM MENOS RISCO DE MORRER DE DOENÇA CARDÍACA, DIABETES E MAL DE PARKINSON



Pesquisa cientifica publicada nos Estados Unidos, na última segunda-feira (16), revelou que pessoas que bebem entre três e cinco xícaras de café ao dia têm menor propensão a morrer prematuramente de doenças cardíacas, suicídio, diabetes ou mal de Parkinson.

Os pesquisadores da Chan School de Saúde Pública da Universidade de Harvard, em estudo publicado na revista especializada “Circulation”, afirmaram que tanto o café comum quanto o descafeinado são benéficos.

O estudo comparou as pessoas que não bebem café, ou beberam menos de duas xícaras por dia, com aquelas que relataram valores “moderados” de consumo de café, ou até cinco xícaras diárias.

Contudo, esta pesquisa não prova relação de causa e efeito entre o café e a probabilidade reduzida de certas doenças, mas descobriu uma aparente ligação que se alinha com a pesquisa anterior, e que os cientistas disseram que ainda investigarão mais.

“Componentes bioativos presentes no café reduzem a resistência à insulina e a inflamação sistemática”, destacou a principal autora do estudo, Ming Ding, doutoranda do departamento de Nutrição.

“Isso poderia explicar alguns dos nossos resultados. No entanto, mais estudos são necessários para investigar os mecanismos biológicos que produzem esses efeitos”.

Nenhum efeito protetor contra o câncer foi encontrado neste estudo. Algumas pesquisas anteriores já apontavam para uma ligação entre o consumo de café e um menor risco de certos tipos de câncer.

O estudo foi baseado em dados recolhidos a partir de três grandes questionários incluindo cerca de 300 mil enfermeiros e outros profissionais de saúde que concordaram em responder sobre suas próprias condições médicas e hábitos em intervalos regulares ao longo de trinta anos.

“Em toda a população do estudo, o consumo moderado de café foi associado à redução do risco de morte por doença cardiovascular, diabetes, doenças neurológicas, como a doença de Parkinson, e o suicídio”, afirma o estudo.

Os estudiosos ainda apontaram como potenciais fatores de confusão o tabagismo, índice de massa corporal, atividade física, consumo de álcool e dieta. Mas o fato de que a pesquisa baseou-se em pesquisas que usam comportamento auto-relatado pode levantar questões sobre sua confiabilidade.

E os especialistas alertam que o café pode ser bom para todo mundo. “Consumo regular de café pode ser incluído como parte de uma dieta saudável e balanceada”, afirmou Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia em Harvard.

“Algumas populações como grávidas e crianças devem tomar cuidado com o consumo elevado de cafeína proveniente do café e outras bebidas”, finalizou.

19 de novembro de 2015
ucho.info

QUEM TEM SABEDORIA É REI NO MUNDO DA SOLIDÃO



Pego o ônibus, sábado de manhã. Todos sentados, pequeno milagre. 
Observo meus companheiros de viagem, vício de quem tem prazer de extrair conhecimento das situações mais banais e cotidianas. 
Na frente da roleta, bem vestidos e cuidadosos, silentes idosos desviam o olhar que lhes dirijo na esperança de trocar um respeitoso “bom dia”, talvez pela admiração que tenho por eles ou por me saber quase chegando lá.
Olhos se desviam para a janela, misto talvez do constrangimento de exercer o direito à passagem gratuita ou a falta de rapidez e agilidade na contramão de quem sobe. Mudos e silenciosos, absortos em pensamentos ou na paisagem urbana tão hostil. 
Passo a roleta e me deparo com uma fauna de seres de distintas tribos. Senhorinhas sensualmente vestidas, com caras de frequentadoras de shopping, repassam velozmente suas mensagens na tela do celular. Escapa de uma delas um sorriso matreiro, sedutor, e maliciosamente imagino o pior ou o melhor para quem capta sua mensagem.
NINGUÉM FALA MAIS
Silêncio no ar. Mais ao fundo, um adolescente vestido de… adolescente, com retumbantes fones de ouvido, batuca na poltrona os graves que invadem espaço alheio. 
Ah, meu caro, não serei eu o “tiozão” chato a mostrar pesquisa que mostra que 71% dos adolescentes de 13 a 18 anos já estão com algum tipo de surdez irreversível, algumas graves. Papo ruim, né?!
Sentada num canto, uma bela jovem que nada vê, nada ouve, nada fala, absorta numa longa conversa sonora no WhatsApp, nervosa, roendo a unha. 
Estico meu ouvido e verifico ser algo ligado a Enem. Autista ficou, do início ao fim do meu trajeto. Dou uma repassada e veja uma senhora olhando a tela de seu smartphone, hipnotizada com as fofocas de um site de famosos.
Outros usam fones de ouvidos mais discretos. Faço um teste besta: tento estabelecer uma troca de olhares com meus companheiros de viagem. Não sou visto. Simulo um ataque de tosse. Continuo invisível. 
Pergunto ao trocador onde é a praça da Liberdade. É nesse momento que uma simpática idosa me diz que ela descerá lá e volta a olhar a janela.
SOLIDÃO MODERNA
Estou só. Se meu coração parasse sem dor e eu infartasse como se dormisse, só me notariam no ponto final, ou quando recolhessem o veículo na garagem. 
Mas valeu a experiência, pois senti saudade do meu avô Zé Cocão, que tirava o chapéu para todos na Afonso Pena, que conversava com a geral na esquina dos aposentados, que observava a natureza me ensinando coisas que escola e faculdade nunca me legaram.
A arte de observar, tempo para aprender, a curiosidade como matéria prima da sabedoria. Tudo passa: o fax, o telefone fixo, a máquina de escrever, o computador, mas conhecimento fruto da sabedoria é eterno! 
Daí esse prazer de ver, ouvir, cheirar, tocar, degustar esse mundão de Deus que me circunda. Tela um dia abraçará a gente? Seria um choque para mim! Mas como esse mundo anda carente de um cafuné…

19 de novembro de 2015
Eduardo AquinoO Tempo

ESTUDOS PROVAM QUE...


Este é o título de duas crônicas de Thomas Sowell que traduzi para o Mídia Sem Máscara em 2006. Elas surgiram em minha memória quando li uma matéria na Veja online, acerca da descoberta de um risonho cientista que descobriu, assim parece, que “Pode parecer um milagre, mas, de acordo com pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos e da Universidade do Colorado, o movimento do vento descrito na Bíblia [que dividiu as águas sob o comando de Moisés] pode ter, de fato, afastado as águas sem quebrar nenhuma lei da física.”

Bem, bem, bem! Lembro aqui o que disse Sowell. Diz ele:

“Meu falecido orientador, economista prêmio Nobel George Stigler, costumava dizer que é muito instrutivo gastar algumas horas numa biblioteca, checando estudos que foram citados como fontes em outros trabalhos. Quando comecei a fazer isso, achei não só instrutivo mas decepcionante.

“Uma nota de pé de página num texto sobre economia do trabalho citava seis estudos que apoiavam suas conclusões. Mas, depois que fui à biblioteca e consultei esses seis estudos, descobri que eles citavam um outro estudo – o mesmo em todos os seis.

“Agora que os seis estudos tinham se reduzido a um, fui a ele – e descobri que era um estudo de uma situação muito diferente da discutida no texto sobre economia do trabalho.”

As grandes redes de televisão e a mídia impressa têm amplos recursos financeiros para conferir as alegações, antes de apresentá-las ao público como “notícias”. Mas não espere muita preocupação com os fatos quando isso puder estragar uma grande história ou a distorção política ou religiosa que a acompanhe. Quando somente pessoas com determinadas visões podem conduzir certos estudos, não se surpreenda se “estudos provarem que” aquele conjunto de visões é verdadeiro.

A frase “pode parecer um milagre” já aponta qual a visão de quem conduziu o estudo. Visão contra o milagre e também uma ignorância a respeito do que seja um milagre. Deus usa a natureza, que Ele criou, para produzir prodígios; Ele não a contradiz! O milagre do Sol, ocorrido em Fátima, outro milagre que a “ciência” parece não aceitar, não contradiz os princípios fundamentais do Universo, apenas aquela parcela que a ciência tem acesso e que considera tudo que existe. Uma lei física é apenas um padrão de repetição que é identificado pelo homem. Desse padrão se pode deduzir um punhado de coisas e delas fazer uso para um punhado de outras coisas. Mas a identificação do padrão nada diz sobre a possibilidade de a natureza poder, eventualmente, agir de outra forma, quando sob a ação de forças que estão acima dela.

Aliás, Deus quando age, na maioria das vezes, é através decausas segundas, não só para produzir prodígios naturais, mas também para produzir prodígios humanos pessoais. Um santo é um prodígio tão espetacular quanto o milagre do Sol, talvez mais. Só em ocasiões muito especiais Deus age comocausa primeira.

Mas eu tenho uma listinha de milagres para a ciência desvendar: as ressurreições empreendidas por Nosso Senhor e pelos seus mais destacados santos, ao longo da história; as centenas de corpos incorruptos que existem atualmente no mundo, Hóstias que atualmente sangram permanentemente e que estão espalhadas em vários lugares da Terra (tome como exemplo a Hóstia de Lanciano, que sangra desde o século VIII); os estigmas de Padre Pio, que o vitimaram durante 50 anos, sangrando permanentemente, sem infeccionar, sem matar o santo. Para por aqui, só para não sobrecarregar muito a “ciência”.



19 de novembro de 2015
in blog do anguett


ARTESANATO DA CANALHICE: DA FRAUDE AO AUTOENGANO



Ora, um sujeito tão afável e educado não há de ser tão mau...

O charme do canalha está em que a sua pertinácia é instintivamente assimétrica, maleável, táctil. Noutras palavras, o autêntico cafajeste nunca é tedioso, porque não costuma percorrer o mesmo caminho duas vezes: muda-o de acordo com as conveniências do momento, até alcançar o sucesso em seus inescrupulosos planos. 
Afinal, ele precisa conhecer bem os incautos que escolhe a dedo e agir de maneira a não revelar jamais as suas verdadeiras intenções, embora as insinue para confundi-los com uma ambigüidade manejada psicologicamente com maestria. A sua arte é transformar em atraente mistério a duvida quanto à natureza do seu próprio caráter.
Esta cordialidade perene e sedutora do genuíno embusteiro é, porém, certo indício de que a sua alma está devotada ao malogro. Ele tempera o cinismo com imaculada simpatia, é prestativo, cortês e não costuma mostrar-se contrariado, pois isto denota fraqueza. Neste exato ponto é importante advertir o seguinte: serpenteante e criativo quando se põe a fraudar alguém, em contrapartida este inato sacripanta reage monocordicamente ao ser pego em flagrante delito, ou quando alguém o tem sob suspeita. Nestas ocasiões, com grande lábia ele tergiversa usando de palavras escorregadias, entredentes, se acaso pairam dúvidas sobre a sua conduta; ou nega tudo com total descaro, se por desgraça as evidências dos seus contos-do-vigário simplesmente o soterram. Negar sempre, eis o seu lema.
A hipocrisia com que age o típico canalha aponta para o fato de que ele ainda não ultrapassou a última barreira da moral, pois algo em sua alma ainda faz com que queira parecer bom — ao contrário do sujeito desavergonhado, o qual perdeu a noção de honra e também o filtro do pudor natural que impedia a degenerescência total do caráter. Este resquício de dignidade torna o canalha capaz de, eventualmente, verter lágrimas sinceras de compaixão, sentimento de que porém não se deixa impregnar, não obstante lhe dê certa vertigem de bondade, em doses homeopáticas suficientes para tornar a sua consciência leve. 
A possibilidade de uma boa ação totalmente desinteressada lhe dá nojo, é absurda e surreal como a imagem de unicórnios voadores. Mas a maldade em estado de pureza também o incomoda, razão pela qual tempera os malefícios com apaziguadoras auto-justificativas e usa da cordialidade como escudo psicológico protetor, para crer que não seria capaz de ultrapassar certos limites. Ora, um sujeito tão afável e educado não há de ser tão mau...
O problema maior do canalha está exatamente neste lastimável ponto de tangência: as suas habituais fraudes acabam por levá-lo a acreditar nas mentiras que, com ardilosa sutileza, passa a contar a si mesmo, ao ponto de embelezar retroativamente as más intenções e projetar sobre elas algo que, no futuro, as torne menos tangíveis e, portanto, melhor suportáveis. Assim vive o canalha até perder totalmente a bússola do senso de proporções, sem a qual a maldade transforma-se em loucura.
Quando numa sociedade — como a brasileira — o número desse tipo de malucos cresce em progressão geométrica, tenhamos a certeza de que a fraude, o furto e a mentira política acabarão, cedo ou tarde, consagrando-se na forma da lei.
Para apaziguar a consciência dos sem-consciência.

19 de novembro de 2015
Sidney Silveira
 é professor

A ASCENSÃO DO ISIL E A ATUAL CRISE DO ORIENTE MÉDIO
























O presente cenário no Oriente Médio tem gerado confusão entre muitos ocidentais. 
É um número tão grande de facções, divisões e seitas que a imagem fica ainda mais turva. Aproveitando que algumas pessoas pediram esclarecimentos, vou tentar ajudar no entendimento da situação atual, que atingiu o seu ápice com a proclamação do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL)*

O ISIL tem um duplo contexto. Surge primeiramente da união de forças fundamentalistas no Iraque, que combatiam o governo estabelecido em Bagdá, os curdos ao norte e os xiitas ao sul.  
Com o início da guerra civil na Síria, as células radicais se uniram ao ISIL, ampliando a influência e o poderia do grupo. Contudo, antes mesmo de falar do terrorismo moderno, é necessário retroceder alguns séculos, até a península arábica do séc. XVIII. Grande parte do território da península estava livre da influência otomana. 
Os turcos dominavam a parte oeste, sendo os senhores das cidades sagradas de Mecca e Medina. Nesse contexto surge Muhammad bin Abd al Wahhab (1703–1792) . Com vocação de reformador, sunita da escola hambali de jurisprudência  (o sunismo tem quatro grandes escolas de jurisprudência (madhhab), que seriam como modos distintos de aplicações da lei islâmica) ele defendia que o islamismo havia sido corrompido pelos otomanos.  
Ainda com forte oposição do clero sunita, al Wahhab conseguiu angariar aliados, em especial o apoio de Muhammad ibn Saud. Dessa união surge, portanto, a moderna Arábia Saudita.

O wahabismo, como viria a ser chamado, também autoproclamado salafismo - salaf é o nome dado à primeira geração de sahaba, os companheiros de Muhammad, os que viveram o islamismo mais puro – tornou-se numa máquina de “takfir”, ato de julgamento da credulidade alheia, mediante a afirmação de que um muçulmano é “kafir”, infiel. 
Além disso, com uma leitura completamente anacrônica do Corão e da Tradição (Sunnah) iniciou uma sistemática destruição da identidade islâmica, seja com a implosão de mesquitas milenares, como através do combate à filosofia e defesa da despersonalização da mulher etc. 
O wahabismo se desenvolve e é exportado para diversos outros países, graças aos petrodólares sauditas. Surgem, portanto, os diversos grupos terroristas, como a Al-Qaeda.

O ISIL é um filho legítimo desse radicalismo islâmico. Contudo, o seu grande diferencial é conseguir congregar diversos grupos wahabitas ressentidos, muitos “combatentes” cansados com a energia gasta contra o inimigo ocidental enquanto os seus países eram governados por "incrédulos". É em tal contexto que se inicia a almejada reconstituição do califado. Vale destacar que o título de Califa -Khalifah (Não sei a razão da língua portuguesa ter sonorizado o "C" em palavras árabes/persas "Kh", já que estas soam como "R". 
Em espanhol é mantido o som original; "Jomeini", "Jalifa" etc) tem uma conotação espiritual-política: Khalifat Rasul Allah, o representante do Mensageiro de Deus (aqui entra uma eterna polêmica com os xiitas, já que para eles os verdadeiros Califas/Imames seriam os membros da Ahl al-Bayt, a família do profeta). Contudo, desde o fim do Califado Rashidun, isto é, dos 4 companheiros de Muhammad, o título de "Califa" foi perdendo sua conotação espiritual e se politizando de modo sistemático. 
Os omíadas são os verdadeiros fundadores do Império Islâmico propriamente dito, dando um status e uma pompa que não havia antes, e tornando "Califa" em sinônimo de "Rei". Vale destacar que, curiosamente, o fundador dessa dinastia, Muawiyah I, era filho de Abu Sufyan, o maior perseguidor de Maomé e que só se converteu ao islã, juntamente com a sua prole, depois que Mecca foi tomada pelos muçulmanos. 

Com o fim do Califado Abássida, o título praticamente se perde. Os muçulmanos agora se encontram fragmentados em diversos reinos e ninguém proclama ter a autoridade central. Contudo, a busca pela unidade da Ummah  - comunidade islâmica – sempre foi um ponto fundamental dos ensinamentos de Muhammad. De acordo com Sahih Muslim, num hadith – dito do Profeta do Islam - por ele compilado, Maomé teria dito:

“Os muçulmanos estão proibidos de ter dois emires, já que isso faria com tivessem diferenças em seus assuntos e conceitos. A sua unidade seria quebrada e disputas iriam eclodir entre eles. ASunnah, então, seria abandonada, a bida'a (heresia) se espalharia e a fitna (tentação) iria crescer, o que é do interesse de ninguém”.

Assim, quando o ISIL proclama o Califado com a pureza do período Rashidun está apenas tentado reconstituir o projeto unitário islâmico, agora degenerado dentro do anacronismo fundamentalista dos radicais. 
O pretenso Califa, Abu Bakr al-Baghdadi, também se diz descendente de Muhammad, já que ser membro da tribo coraixita é pressuposto essencial para a detenção deste título.  
Entretanto, ao mesmo tempo em que o ISIL enfrenta os seus inimigos externos – ocidentais em geral e incrédulos em geral (especialmente cristãos e xiitas) – sofre com a dissolução da coesão entre os wahabbitas. 
A Al-Qaeda, primeiramente aliada, já retirou o seu apoio ao ISIL. Este, contudo, é o maior combatente no Iraque atual e estende sua influência até os limites da Jordânia, também participando ativamente na guerra civil síria para a deposição do regime de Bashar al-Assad.

Dentro da tal cenário, quais forças seriam capazes de barrar o avanço do ISIL? 
O Irã é o ator decisivo no cenário atual. As "fronteiras" do “califado” começam nos territórios xiitas do Iraque, onde os seus adeptos também pegaram em armas para a defesa dos seus lugares sagrados e de sua gente, e que encontram em Muqtada al-Sadr e no Ayatollah Ali al-Sistani os seus grandes nomes.
Este último, inclusive, um crítico dos xiitas radicais que se opõem ao governo estabelecido. No Líbano, no outro extremo, os xiitas - aliados tradicionais dos cristãos no país, principalmente junto ao Hezbollah - também atrapalhariam o aumento da influência para além da Síria. 
O perigo do "califado" atingir a pacífica Jordânia e o multireligioso Líbano é iminente, o que complicaria, e muito, um cenário que já é caótico. A inteligência persa pode congregar essas diversas frentes xiitas, unidas aos cristãos, criando um forte grupo de resistência. 
É importante lembrar que o Irã é o estado islâmico onde os cristãos tradicionais - católicos, assírios, armênios - têm maior liberdade religiosa.Ademais, a sua abertura ao Ocidente, somada ao reconhecimento do seu papel estratégico na região, até mesmo como espectador distante da situação presente, o faz uma personagem decisiva no cenário estabelecido. 

*Alguns chamam de “Estado Islâmico do Iraque e da Síria” (ISIS), mas o termo “Levante” é mais fiel à versão original (al-Sham), englobando os territórios atuais da Síria, da Jordânia, da Palestina/Israel, do Líbano e partes da Turquia. 


19 de novembro de 2015
in acarajé conservador

FRASE DO DIA




19 DE NOVEMBRO DE 2015

OS VIKINGS - MUNDOS PERDIDOS

Os Vikings - Mundos Perdidos ( Imperdível documentário ...

https://www.youtube.com/watch?v=z_bAJn3oWG0
5 de abr de 2013 - Vídeo enviado por pastormiltonreis
Conheça essa história através desse super documentário. ...Mundos Perdidos ( Imperdível ...



19 de novembro de 2015
m.americo

DOCUMENTÁRIO PROIBIDO (BBC)

Documentário proibido feito pela BBC sobre o ... - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=9EZbk0Gya1g
23 de jun de 2013 - Vídeo enviado por Passe livre
Documentário proibido feito pela BBC sobre o poder de Manipulação ... DOCUMENTARIOS Os ..


19 de novembro de 2015
m.americo

A VIDA SECRETA DOS APÓSTOLOS

A Vida Secreta dos Apóstolos [Dublado ... - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=Hyr0j0h6O40
15 de abr de 2015 - Vídeo enviado por Universo do Documentário
A Vida Secreta dos Apóstolos [DubladoDocumentárioNational ... A Vida Secreta dos Apóstolos [Completo Dublado]Documentário National Geographic . ..... JESUS por favor veja A VISÃO DE APOCALIPSE 12 no you tube.


19 de novembro de 2015
m.americo

DOCUMENTÁRIO: MISTÉRIOS INEXPLICADOS

Documentário Mistérios Inexplicados Dublado - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=yldZq_QpJm0
13 de abr de 2014 - Vídeo enviado por adeilson nogueira
Documentário Mistérios Inexplicados Dublado. ... Segredos das Esferas de Pedra [Dublado ..


19 de novembro de 2015
m.americo