quarta-feira, 18 de maio de 2016

MIREM-SE NO EXEMPLO DO EMPRESÁRIO E DEFENSOR DA ECOLOGIA VITTÓRIO MEDIOLI


Medioli faz um impressionante desabafo






















Nosso país, por seu gigantismo, tem hoje um número enorme de jornais diários. Há alguns anos, incentivado pelo engenheiro Carlo Germani, que me enviava textos de “O Tempo”, de Belo Horizonte, passei a acessar seu site diariamente e a republicar artigos e reportagens aqui na Tribuna da Internet.  Neste domingo, fiquei impressionado com o desabafo autobiográfico de Vittorio Medioli, que só recentemente descobri ser o dono de “O Tempo” e cuja atuação demonstra se tratar de um empresário que honra Minas Gerais e o Brasil, por investir em setores de baixo retorno financeiro, como esporte, jornalismo e ecologia.
A meu ver, vale a pena ler o artigo que Medioli publicou hoje, respondendo a uma grave crítica, totalmente absurda, que lhe foi feita por um leitor do jornal, cujo nome nem é mencionado pelo articulista.

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BIODIVERSIDADE, SEGUNDO VITTORIO

Vittorio Medioli
O Tempo
“Enquanto portador de um método de análise sistêmico da complexidade, observa-se em Medioli sua indiferença e completo distanciamento, quando não hostilidade, sobre a fundamental questão da sobrevivência dos ecossistemas integrados como base da vida na Terra, da economia e da política. O escritor, pela sua capacidade e posição, poderia ajudar a construir essa ponte tão necessária à superação dos desequilíbrios socioecológicos atuais, que nada têm a ver com a recente conferência de Paris baseada no comércio de créditos de carbono e monoculturas com exportação de commodities”.
O estímulo para entrar no assunto de hoje está aí acima.
O ambientalismo no Brasil vem sendo monopolizado por fariseus na porta do templo. Ecologia e preservação são uma religião que pratico em silêncio, com gestos e exemplos práticos, atendendo o chamado da minha consciência e do ensinamento que recebi por mestres que me educaram.
PRESENTE DE DEUS
A natureza é o encantador presente de Deus, Sua Manifestação. Assim a sinto e a respeito. Ensinei as minhas filhas, já com quatro anos de idade, a considerar os passeios na praia e os mergulhos ao fundo do mar como um dever de recolher resíduos que os incultos despejam na natureza e nas águas.
Passamos férias inteiramente dedicadas a catar lixo. Minhas filhas tiveram a alegria de devolver prazer aos olhos de pessoas sensíveis e vida melhor aos animais. Sentimos juntos um prazer suficiente a si mesmo, importante como qualquer dever cumprido. Em silêncio, em comunhão com a natureza, tão rica de forças incalculáveis.
Aos domingos, quando caminho à beira da lagoa da Pampulha com minhas cadelas, recolho descartes que as pessoas deixam cair, os coloco nas lixeiras com muita alegria. Sou um gari por prazer, sem me sentir bobo.
LIMPANDO A PAMPULHA
Em 1993, quando a lagoa, por omissão da prefeitura, foi tomada de aguapés, coloquei, pagando do meu bolso, máquinas e barcos para a retirada de 24 mil caminhões dessa manta verde desafiadora, degradante e geradora de pernilongos. O exemplo levou os prefeitos de BH a tomar vergonha, e a cuidar da lagoa. Mais que lamúrias e denúncias, o exemplo gerou soluções duradouras.
Eu sinto na alma a obrigação de deixar o lugar que frequento melhor de quanto o encontrei, mesmo sem fiscais ameaçadores. Se toda a humanidade deixasse o local que frequenta mais agradável, não haveria muitas preocupações ou necessidade de defensores da natureza.
Eu guardo o lixo no bolso ou no carro e o deposito em recolhedores seletivos. Descartes orgânicos, como cascas de banana e de frutas, uso nos canteiros do meu jardim de adubação. Colho sementes nas minhas viagens e tenho em meu jardim árvores frutíferas e jacarandás que trouxe no bolso da Ásia e da Itália, onde nasci.
REFLORESTAMENTO
Já plantei 12 mil hectares de terras degradadas, 22 milhões de árvores, quase uma árvore por habitante de Minas. Ainda, as empresas que administro plantam cana e produzem 100 milhões de litros de bioetanol por ano de fonte renovável. Um litro para cada litro de diesel que os caminhões que usamos na empresa consomem. Produzimos ainda energia de biomassa para atender o consumo inteiro de nossas atividades produtivas e para o uso doméstico de mais de 400 mil pessoas.
Essas compensações, entre emissões e sequestros de CO², se dão não por imposição ou por lei. Decisão espontânea, ditada pela consciência.
O Estado, entretanto, apenas atrapalha, não orienta, cobra injustamente e velhacamente a pretexto da natureza. Cria dificuldades que atrasam o progresso, usa hipocrisia desavergonhada para cobrar o que não pode e não deve.
PROVEITO HUMANO
Cada árvore na natureza é sagrada, mas mais sagrado ainda é o ser humano. O uso das árvores deve ser feito para um fim nobre, para proveito humano. Pessoalmente me dedico com prazer ao repovoamento das margens de lagoas, de curso de água, de beiras de rios. Sinto as forças que me chegam dessas atitudes na natureza.
Como o Mestre, que não tinha apreço dos fariseus (falsos e interesseiros), não consigo ter dos modernos fariseus ambientalistas. Não há amor e nem interesse outro que seja o dinheiro.
Já participei de um partido eminentemente ambientalista, achando que nesse encontraria um ambiente limpo e voltado à sustentabilidade, mas encontrei a aridez do deserto.
APROVEITADORES
O ambientalismo brasileiro é desqualificado e mal-intencionado. A delinquência anda solta, apenas aqui em Minas, nos últimos anos, a PF flagrou um presidente da Feam e um secretário de Estado em grave desvio de conduta. Aqui ruiu a barragem de Mariana, licenciada a toque de caixa, e denunciada como obra criminosa antes mesmo de ruir.
Devo confessar que tentei entrar nos círculos do ambientalismo para somar, só que encontrei a ganância ditando insolentemente discursos. Nem todos são assim, desprovidos de genuíno interesse. Tem caçadores de bruxas, fabricantes de dificuldades para, assim, parentes e laranjas cobrar caras facilidades. É um ambiente que produz desastres e deixou Minas uma colcha de retalhos.
O que se enxerga sem lupa é a existência de esquemas que olham o proveito exclusivamente próprio. Raposas em galinheiro, como a PF flagrou.
EXPLORADORES
Autorização de um replantio de floresta de eucalipto no Jequitinhonha pode ficar oito anos (sem um santo forte) para ser liberado. No Norte de Minas, para poder utilizar a lenha de um desmate, se paga uma taxa ambiental três vezes superior ao valor da lenha que já pagou compensação ambiental. Absurdos e anacronismos emparedando quem trabalha.
Nas entrevistas em off, corrupção e máfia são os problemas mais lembrados, o caso de Mariana dá uma confirmação.
Dormem nas gavetas do ambientalismo de Estado mais de 80 mil empreendimentos ou 1,5 milhão de empregos. Aguardam render ganhos aos esquemas, enquanto o próprio Estado se priva de uma arrecadação de alguns bilhões a cada ano e o povo amarga o desemprego. Esses são os produtos de um ambientalismo perverso e que impera. A mortalidade de empresas e o desânimo para montar outras são a realidade.
“FAÇO O QUE POSSO”
Para responder ao leitor, confesso que minha vida já foi vivida, faço o que posso. Mantenho minha consciência ligada e tento expandi-la, já que, depois de acesa, não mais se apagará.
Procuro nos exemplos, distribuindo mudas nativas a cada ano, replantando florestas que atendem a humanidade em suas necessidades. Compenso o que emito. Tenho, contudo, pena dos jovens que deverão erguer um novo sistema depois de demolir o atual.
O resto a Deus pertence e dEle aguardo o prêmio e o castigo por minhas ações. Peço apenas e sempre misericórdia.

18 de maio de 2016
Carlos Newton

GERAÇÃO MILÊNIO É BELA, SOLTEIRA E MORANDO COM OS PAIS


A geração milênio não gosta de assumir responsabilidades



















Atenção os nascidos entre 1978 e 1999: Podem até não ter sido avisados, mas, entre vocês, existem os líderes que nos guiarão num futuro próximo. Favor se apresentarem com urgência, pois, como um bom mineiro, direi que o “trem tá feio”! Infelizmente, estudos comportamentais insistem em caracterizar esse período como a “geração perdida”.
A Unesco chegou a dizer que é a primeira geração em 200 anos que corre o risco de ser pior que a dos pais. A razão seria o descaso em se comunicar e receber a herança das sabedorias e conhecimentos dos mais velhos; o deslumbramento em crescer em meio às incontáveis e inesgotáveis inovações tecnológicas, que não só os viciaram em telas e smartphones, mas substituíram a curiosidade, a admiração aos mais velhos e sábios, como fonte de conhecimento – sejam familiares, professores, referências no entorno –, bem como interferiram no diálogo intergeracional.
TERMOS TECNOLÓGICOS
Enquanto os jovens usam e abusam de termos tecnológicos, geralmente em inglês, os pais e os idosos, desajeitados e lentos na manipulação dos eletrônicos, são negligenciados em suas preciosas experiências existenciais. Mas o mundo será comandado pela geração milênio, isso é claro.
Fico feliz ao ver na República de Curitiba, ou na esquerda combativa, jovens promotores, delegados e professores. Bem-vindos! Para vocês desejo que retidão, honestidade e cidadania sejam algo natural, não só uma virtude. Mas não nego que estudos mostram um lado preocupante: Sobra vaidade, preocupação excessiva com corpo e aparência e crítica feroz às imperfeições físicas. Neuroses em dieta, corpos de academia, plástica, medo de julgamento alheio e necessidade de aprovação. Ênfase exagerada em enriquecer rápido e constante insatisfação com o trabalho (atualmente medo de não tê-lo ou de ser demitido).
SEM CASAMENTO
Chama atenção também o horror ao casamento. Quase dois terços andam adiando ou simplesmente não querendo casar. Filhos? Nem pagando, ou no máximo um, se tiver, lá na frente. Adiar o início profissional justificando o fato de nunca sair da casa dos pais (sugiro assistir a uma série chamada “Master of None”, que mostra a geração milênio no dia a dia), para quê? Para não ter que assumir responsabilidades, IPTU, IPVA, condomínio e compra do mês?
Corre o risco de ser uma geração que morará em casa obtida por herança. Prioridade é lazer, ou poupar para o futuro que já chegou. Vive-se o hoje como se não houvesse o amanhã. E haja novidade, que no ano que vem, já está obsoleta.
TUDO É PASSAGEIRO
Tudo sai rápido de moda. Modinha. Qual o sucesso do YouTube mesmo? Cadê o coreano daquela música? Sei lá. Tudo é rápido, passageiro e deletável. Namorados, ficantes, estágios.
Envelhecemos, e isso é fato. Está na hora de passarmos o poder. Envergonhados, pois assistimos aos nossos heróis e líderes, varridos por escândalos e à modificação do caráter – aliás, uma epidemia de mau-caratismo de doer. Aprendam o que não fazer, mas façam. Chega de preguiça e reclamação. Chega de memes e zoações. O mundo é de vocês! Sejam melhores, e se possível, ouçam mais. Afinal, ainda vale aquela máxima: “Os jovens podem, os velhos sabem”.

18 de maio de 2016
Eduardo Aquino