terça-feira, 30 de junho de 2015

CORDELANDO 120: MANIHOT ESCULENTA



Muitos não vão conhecer,
A personagem da vez.
Chamando assim em latim,
Não vai despertar vocês.
Mas vamos aqui tratar,
Duma conquista importante.
Falamos da mandioca,
Nem sempre tão elegante.

Como é uma raiz,
Formas estranhas assume.
Diferente do normal,
Causando muito queixume.
Parece coisa do mal,
Escondida até moer.
Que ensinados pelos índios,
Aprendemos a colher.

Macaxeira ou aipim,
Também se chama a danada.
Come cozida ou frita,
Com bode ou carne assada.
Delícia e nutritiva,
Barata, serve até pobre.
Pelo sabor e o cheiro,
Anda na mesa do nobre.

Mas dessa vez ressurgiu,
Na imprensa despontou.
Quando nossa governANTA,
No palanque mencionou.
Elevando a tema nobre,
Num discurso atrapalhado.
Agradecendo aos índios,
Por conta desse legado.

Fez até uma mistura,
Esquisita qual o que.
Misturando com espiga,
De milho pra se comer.
A duplinha não é ruim,
É nutritiva demais.
Mas na fala da dentuça,
Sentido quase não faz.

Tem uns usos esquisitos,
Que às vezes se faz dela.
Aplicando em orifícios,
Sem  nenhuma churumela.
Vão parar em hospital,
E sempre se envergonhando.
Respondendo pro doutor,
Por que estava enfiando.

No caso da soberana,
Esta questão não teria.
Pois se ela não fizesse,
Muita gente até faria.
Com raiva do que se passa,
Dentro e fora do Brasil.
Enfiavam até o talo,
Bem na porta do covil.

Fêmea sabida danada,
Da espécie a evolução.
Homo Sapiens no topo,
Acima até do leão.
Achando pouco o que fala,
Darwin o pesquisador.
Criou até mulher sapiens,
Chocando todo orador.

Depois daquele episódio,
Do cachorro escondido.
Achei que ninguém passava,
Por mais um grande perigo.
Mas nunca se subestima,
A dona que nos governa.
Ela diz outra besteira,
Na hora que não se espera.


30 de junho de 2015

VIDA MIMIMI: PESSOAS QUE TÊM MEDO DE VIVER


Eu não entendo, realmente não entendo essas pessoas que tem medo de viver.


O que é medo de viver? Medo de se relacionar, de amar, medo de relaxar, de curtir, medo de sentir prazer e gostar, medo de descer pro parque da vida e brincar!

Conheço vááááááárias pessoas assim!

Confesso que sou um tanto quanto kamikaze, sempre fui, aliás, já fui mais até, hoje ainda dou uma refletida antes do salto. Mas não deixo de pular.

Dia desses, uma colega me contou que dando uns amassos com um gostoso-da-vida, veio uma vontade repentina de gozar, e ela cortou o rapaz! E eu perguntei: Mas porquêeeeeeeeeeeee porraaaaaaaaaaaaaa??? Segundo ela, não podia gozar porque ia perder a cabeça. Oi??? Na hora pensei: Imagina quantas oportunidades ela não está perdendo na vida? Porque quem se priva de um orgasmo, faz coisas muito piores consigo na vida.

"Fazemos uma coisa, como fazemos todas as coisas". T. Harv Eker.

Nessa pegada de relacionamento eu vejo gente com medo de quase tudo: de se apaixonar, de amar, de se envolver (esse então!), de dar no primeiro encontro, de ligar, tudo por causa do medo do tal do sofrimento! E com isso, perde-se a estupenda chance de viver um grande amor, ou não. Uma só noite de prazer intenso, ou não. Aventuras-sexuais-românticas-sem-noção, ou não. Enfim, pode ser que sim, pode ser que não, só se sabe quando desce pro play.

Mas tem também os medos de se aventurar no negócio dos sonhos, de largar aquele emprego infernal, de sair da casa dos pais, de separar, de investir em si mesmo, de mudar a aparência e uma infinidade de etc. É aquele apego infernal à tal da segurança. E, a única coisa certa e segura na vida, é que nada é certo e seguro. Nós fazemos o momento. Agora se você perder timing, fudeu! Sabe o quê é o timing? É aquela coisa que bate lá dentro e diz: Vai!

Então, vou te contar:
Não sei quantas pessoas já desvirtualizei de bate papos virtuais e todos são grandes amigos, ex-namorados ou ficantes. Ops, o atual, é namorado! Mas começou com uma pegação das boas.
Não sei quantos projetos malucos já meti as caras sem saber se ia dar certo.
Não sei quantas vezes me mudei e morei em todo tipo de lugar, pensionato, quarto, apartamento, vaga, tudo isso em busca da liberdade.

Mas, me falta muuuuito ainda no currículo:
Turnê de festas (sou muito caseira), sair para viajar sem rumo, trabalhar pelo mundo de forma remota, conhecer culturas diferentes e uma infinidade de experiências que dão luz à alma da gente.

A vida é feita disso: de paixões, tesões, alegrias, tristezas, baixos e profundos, altos e esfuziantes. Mas morno? Mais ou menos? O nome disso é Vida Mimimi.

Causada obviamente, pela enormidade de regras de conduta social que cada um se impõe a viver. Regras loucas, metas de vida malucas, desejo de ser exemplo de conduta, santa(o) ou ser aprovada(o) por esse e aquele, pai/mãe ou amigos. Não somos obrigados a seguir nada, ninguém é. A gente compra a idéia e se fecha nela. É a coisa do pecado, do errado, e do ostentoso viver em absoluto prazer e divertimento.

Mas tudo na vida é uma via de mão dupla. Da mesma forma que tais regras entraram na sua e na minha cabeça, nós temos a escolha pessoal de simplesmente mandá-las embora. É uma questão de escolha. Viver a vida como ela deve ser vivida, ou ser medíocre consigo mesmo(a)?

Meu conselho:
Se joga!
E nunca, em hipótese alguma, se arrependa de nada!
Antes viver, do que deixar a vida como uma folha em branco.


30 de junho de 2015
Monik Ornellas

O MUNDO ENCANTADO DO CRIME

Adicionar legenda

Três andares de pura bandidagem

Falta de museu em Washington é que não era. Há mais de 100 anos a capital americana se orgulha de abrigar o mais grandioso complexo museológico do mundo - a Smithsonian Institution, que hoje engloba, além da majestosa National Gallery of Art, dezoito outros museus de grande porte, todos com entrada franca, sem falar nos nove centros de pesquisa atrelados à entidade.

O que, então, veio fazer na cidade o Museu Nacional do Crime e do Castigo, cujo ingresso custa 18 dólares e é criação de um forasteiro chamado John Morgan, que veio de Orlando, Flórida, a terra da Disneyworld? "Nós americanos somos fascinados por crime e não havia nada no país que contemplasse direito esse nosso fascínio", explica o empreendedor sulista, que investiu 21 milhões de dólares no projeto. A idéia lhe ocorreu durante uma viagem a São Francisco, na Califórnia, quando tentou conhecer a ilha-presídio de Alcatraz, hoje desativada e vazia. Descobriu, com espanto, que havia uma espera de oito dias para conseguir ingresso. Tratou de furar a fila mediante o repasse de algumas notas de 100 dólares, e chegou à conclusão que ali havia um filão a ser explorado.

Apostou certo. Desde a inauguração, em maio passado, o prédio de três andares e aparência velhusca, situado a treze quarteirões da Casa Branca, tornou-se uma das atrações turísticas mais populares da cidade. Aberto 12 horas por dia, sete dias por semana (com exceção do Dia de Ação de Graças, Natal e Ano-Novo), o Museu do Crime espera comemorar a marca dos 700 mil visitantes ao completar um ano de vida. Estava particularmente abarrotado na véspera do dia da posse de Barack Obama devido ao influxo de turistas de outros estados.

Já no saguão de entrada, junto à bilheteria, está exposto - ou melhor, escancarado, com suas quatro portas abertas ao fascínio do visitante - um dos troféus mais reluzentes do acervo: o opulento automóvel Terraplane de 8 cilindradas bordô metálico com o qual John Dillinger empreendeu uma de suas fugas mais espetaculares da cadeia. O mesmo Dillinger, cuja folha corrida de assaltos a bancos e escapadas teatrais fascinou a América da Grande Depressão, tem direito a uma ala própria no 2o andar. É ali, também, que repousa a máscara mortuária em gesso do gângster que tanto trabalho deu ao diretor do FBI da época, o igualmente lendário J. Edgar Hoover.

Mas é o lado parque temático do museu, que convive sem conflitos com o acervo histórico, o grande responsável pelo sucesso do empreendimento. Para começar, metade dos mais de 700 artefatos, peças e objetos espalhados pelos 2 600 metros quadrados do casarão de três andares é réplica. Passa- se, assim, do autêntico canivete Bakelite utilizado pelo Estrangulador de Boston para aterrorizar mulheres (matou 13), para o Ford V8 cravejado de perfurações usado não pelo casal de salteadores Bonnie e Clyde, mas por Warren Beatty e Faye Dunaway no papel da dupla, no filme de Arthur Penn. A impactante cadeira elétrica em carvalho claro e correias de couro gasto, fabricada pelos presos da penitenciária de Nashville, no Tennessee, e batizada de "Churrasquinho" (Old Smokey), é autêntica. Foi aposentada em 1960, após eletrocutar 125 condenados à morte. Já a sinistra câmara de gás em tamanho natural, com cadeira no mesmo tom gelo metálico, é falsa. O visitante é informado que, devido a seu alto custo de fabricação (cerca de 300 mil dólares a unidade) e ao perigo de vazamento, esse método de execução sobrevive em apenas quatro dos 50 estados americanos.

Para narrar a história do crime na América, o curador Paul Burns, egresso do programa de televisão Acredite se Quiser, atirou para todos os lados, amealhando fatos e artefatos que nem sempre têm relação com o propósito original, mas que acabam alimentando a curiosidade dos visitantes. Famílias inteiras podem ser vistas preenchendo sofregamente um questionário que testa conhecimentos sobre a última refeição pedida por vilões famosos. Saddam Hussein? Acerta quem responde frango cozido, arroz e água com mel. Timothy McVeigh, o terrorista americano que em 1995 explodiu um prédio em Oklahoma City, matando 168 pessoas? A resposta correta é 1 litro de sorvete de chocolate com menta. Ele era vegetariano.

As 28 estações interativas do museu, nas quais se pode brincar de bandido ou mocinho, costumam ter fila de espera. Algumas delas são curiosas, como o simulador de situação de tiro - em que momento dar o primeiro disparo? - utilizado no treinamento de agentes do FBI. Ou o simulador de perseguição policial, empregado nas academias de polícia. Para quem se habituou às cenas de faroeste urbano no Brasil, a mesura americana parece estranha.

O museu também ensina a arte de quebrar o segredo de um cofre por meio do uso científico do som, e demonstra quão precária é a nossa memória no momento de reconstituir uma cena testemunhada poucos minutos antes. Em outro andar, uma detalhadíssima cena de crime, montada numa réplica de quarto de casal, serve para mostrar as várias etapas de uma investigação policial.

As salas reservadas à ciência forense também são interativas: balística, toxicologia, impressões digitais, reconstrução facial e dentária, aplicação de teste de DNA, autópsia com direito a um "cadáver" do sexo masculino estendido numa maca de necrotério, nada falta.

Para garantir o caráter edificante da empreitada, o setor dedicado ao castigo e às consequências do crime tem pretensões educativas. É possível, aí, sentir o desconforto diante de um polígrafo, submeter-se à simulação de ser preso numa delegacia ou admirar a galeria dos heróis do combate ao crime. Para a criançada há caixinhas com perguntas-surpresa instaladas por todo o museu. Exemplo: Quando eu incluir um nome na minha lista de amigos, o que é importante? a) Botar muitos nomes para mostrar que sou popular. b) Só botar quem conheço. c) Botar quem pedir para entrar na minha lista, para eu parecer bonzinho.

As crianças, claro, preferem correr para o estande de tiro da seção faroeste, fornida de carabinas de época e marcada por uma trilha sonora de tiros, cavalgadas e relinchar de cavalos.

O museu criado por John Morgan em parceria com John Walsh, o idealizador do programa America's Most Wanted (que há vinte anos dramatiza crimes não solucionados e já ajudou na captura de mais de mil fugitivos), é sob medida para uma sociedade que toca a vida carregando o peso de ter o maior número de presos do planeta. Pela primeira vez na história do país que tem 5% da população mundial e 25% de todos os presos do mundo, quase 1 em cada 100 americanos está atrás das grades
30 de junho de 2015
 Dorrit Harazim

VENDE-SE UMA VIDA

Adicionar legenda


Quando o golpe é duro, dê adeus a si mesmo

Ian Usher sempre foi turrão. Entre amigos, o inglês se vangloriava do dia em que insistira tanto em ter desconto num notebook em promoção, que acabou levando uma impressora de brinde. 
Desde 22 de junho do ano passado - quando leiloou sua vida na internet -, Usher se deu conta de como a arte de pechinchar pode ser irritante. Foram sete dias de ofertas e contrapropostas até a martelada final nos 243 mil euros, um deságio de 18% na sua auto-estima. Dias antes, depois de sopesar cada detalhe de sua vida e olhar-se no espelho de frente e de lado para avaliar desde a harmonia do rosto ao vigor da barriga tanquinho, Usher concluíra que o pacote todo valia 296 mil euros - por baixo. Mas mercado é mercado, e, como o dele era escasso, aceitou o preço minguado e livrou-se de si mesmo. 

A história correu mundo, mas poucos sabem como acabou. 

Prólogo: Usher, o homem-mercadoria, nasceu numa tarde chuvosa de 1963 pesando invejáveis 4,1 quilos, sinal incontornável de que viera ao mundo para ficar. Levou uma infância pacata em Barnard Castle, vilarejo de 5 mil habitantes onde o romancista Sir Walter Scott costumava passar férias. Cresceu, trabalhou num kibutz em Israel, formou-se em pedagogia em Liverpool, ganhou dinheiro à frente de uma loja de jet ski e viajou a turismo para a Austrália. Ali, numa visita às Cataratas de Hopetoun, foi arrebatado pelos dourados cachos rebeldes da nativa Laura Weeb, encarnação celestial da mulher com que sempre sonhara. 

Regressou à Inglaterra de mãos dadas com a australiana. Seguiram-se doze felizes anos de namoro que culminaram em casamento. Àquela altura, cansada de tanta chuva, a solar Laura Weeb pediu para voltar a seu país. Sempre apaixonado, Usher não hesitou.

Instalaram-se numa casa de bom trato na cidade de Perth, no sudeste da Austrália. A felicidade se estendeu por mais cinco anos, e podia ser aferida em cada cômodo da residência, dotada de suíte, dois quartos, salas espaçosas e uma jacuzzi no terraço. 

Foi em águas borbulhantes que a casa caiu. Um dia, ao chegar mais cedo da habitual corrida vespertina, Usher deparou-se com Laura na hidromassagem. Infelizmente, não estava sozinha. Pior, trocava beliscões concupiscentes com um companheiro de borbulhas. 

Laura foi embora, o lar duplicou de tamanho e Usher foi apanhado pela depressão. Dali a poucas semanas, decidiu vender a casa, mas nem isso lhe pareceu suficientemente radical. Para encontrar alguma paz, precisava livrar-se de tudo. Tudo mesmo, inclusive de sua vida. Criou então o endereço eletrônico alife4sale.com, um jogo de palavras que significa "uma vida à venda".

Empacotou tudo para um leilão de um lote só. Quem desse o maior lance levaria não apenas a casa, mas também o Mazda cinza 1989, a motocicleta Kawasaki Ninja 1996, o jet ski Kawasaki 1995 e a bicicleta de quinze marchas. E mais: 1 pára-quedas, 1 videoprojetor com som surround, 1 câmera fotográfica, 1 filmadora, 1 televisão, 1 coleção de filmes italianos trash, 1 churrasqueira portátil, 1 barraca, 1 telefone sem fio, 1 aspirador de pó novinho em folha, 1 sofá de canto para cinco pessoas e 1 tapete em tons de bege comprado no Nepal. 

Isso, em relação aos bens materiais. Restavam os imateriais, também levados a leilão. A amizade era um deles. O lote incluía uma carta assinada pelos quatro melhores amigos de Usher, na qual afiançavam que o afeto pelo amigo em vias de desaparecer poderia ser transferido ao novo proprietário. "Caro comprador", escreveram eles, "fazemos parte da vida do seu comprado. Éramos amigos de Usher e, agora, somos amigos seus." 

Enfim, para os interessados que carecessem de personalidade própria, o produto adquirido vinha com uma vida inteirinha pronta para uso, ou seja, suas características podiam ser imediatamente incorporadas: gosto por esportes radicais, gentileza, deferência especial com os mais velhos etc.

Ian Usher não foi o pioneiro dos leilões de si. Em 2001, por exemplo, Adam Burtle, de 20 anos, vendeu a alma por 400 dólares, só não embolsando o dinheiro porque o site eBay avisou que ali só se vendiam bens tangíveis. Ainda assim, Usher se destacou. Durante algum tempo, de CNN a BBC, todos falaram do caso. Passada a euforia, entretanto, o fato caiu no esquecimento, como tantas bizarrias mundo afora. (Ou alguém sabe que fim levou aquela pobre senhora alemã que em 2007, um pouco dura de ouvido e ruim dos olhos, cozinhou o gato de estimação no lugar do pernil que descongelara na noite anterior?) 

No terceiro dia da oferta, Usher vibrou ao ver na tela que um interessado registrado como "Milionaire" (sic) oferecia-lhe um milhão de euros. Em poucas horas, veio a desilusão: tratava-se de um farsante. Na verdade, a chance de virar Ian Usher não chegou a despertar maiores entusiasmos. As ofertas do público foram modestas, variando entre mil e 20 mil euros. Porém, como nos filmes, a poucas horas do encerramento do leilão, surgia um certo Mslmcc que se dispunha a bancar o lance de 243 mil euros. Usher pensou um pouco e, admitindo as baixas vibrações do mercado, aceitou o desconto. Em 5 de agosto, 45 dias depois de se pôr à venda, recebia de um intermediário a segunda parcela do pagamento. 

Livre de si, Usher embarcou para Dubai - sem outra razão a não ser o desejo de ver um camelo ao vivo - e desde então viaja pelo mundo em esquema pingue-pongue, a bordo de um projeto intitulado 100 Objetivos em 100 Semanas - ou seja, está por aí, realizando todas as idiotices com que sempre sonhou, nas asas do dinheiro recebido pela venda de si mesmo. Já viu um vulcão ativo no Havaí, participou da guerra de tomates em Valência e, em Vancouver, foi voluntário num sopão para mendigos em pleno Natal. Ainda não tem data definida para visitar o Rio de Janeiro e as Cataratas do Iguaçu, mas ambos os destinos estão na lista. 

Em outubro do ano passado, em Chicago, enquanto se surpreendia com seu reflexo distorcido numa escultura convexa de Anish Kapoor, Usher recebeu o telefonema que tanto esperava. Fazia meses que vinha ligando para o único número deixado pelo homem que o comprara; ao ouvir a secretária eletrônica, deixava recados insistentes, dizendo que, se não fosse um abuso, gostaria muito de conhecer a pessoa que se tornara dona do seu passado. Agora a pessoa finalmente aparecia. A voz, simpática, identificou-se como um australiano de 46 anos. Marcaram para dezembro um encontro em Sydney. 

O abraço entre os dois foi afetuoso. Usher deixou a vaidade passar na frente e se deu a liberdade de comentar que o comprador tinha feito um bom negócio. O comprador, que continua a preferir o anonimato, respondeu com uma piadinha: tinha sido injusto não incluir a ex-mulher no pacote, a título de brinde. 

Não havia mais o que dizer. Usher trocou mais algumas palavras, inventou uma desculpa e se despediu. "Ele não devia ter brincado com a Laura", disse. "Ainda estou me recuperando do que aconteceu."
30 de junho de 2015
Bruno Moresch

POST HATERS, OS DITADORES DE OPINIÃO

Estamos vivendo a ditadura da Opinião.
É proibido tê-la, como também é proibido, não tê-la.


A não ser que você seja altamente, totalmente politicamente correto, um ser mamão-com-açúcar, um morde-assopra ou qualquer coisa que agrade à todos e não mexa com nenhum grupo sei-lá-do-quê, tu tá fudido amigo!

Vivemos o momento da segregação, você precisa optar por um lado, o significa não ser do lado oposto, muito embora, em qualquer um dos lados que escolha, fatalmente, você será ser atacado de todos os lados.

Se você gosta de comida vegana, será repudiado por quem não gosta de legumes, não necessariamente, por quem é carnívoro, mas também;
Se gosta de sertanejo, será repudiado pelos pseudo-culti-musicais;
Se gosta de funk, depende, porque está moda odiar funk, como também está na moda venerar o funk;
Se não gosta de MPB, os pseudi-culti-musicais também vão te crucificar e assim sucessivamente para Rock, POP, Música Clássica ou seja qual for o gosto musical que tiver;
Se gosta de Paulo Coelho, 50 Tons ou Crepúsculo, se mata!
Se não curte lances radicais, tu é um merda sedentário-da-porra;
Se curte skate, é odiado por quem curte bike;
Se curte bike, é carcado por quem é pedestre;
Se gosta de golf ou tênis, tu é um riquinho-metido-de-merda;
Se, se amarra em Marte, você é hippie-sem-noção ou será tachado por quem curte Júpiter...
E não tem fim.

Embora todos queiram e tenham uma opinião, é proibido tê-la, a expor, beira a crucificação. Pessoas perdem emprego, são excluídas de redes sociais, marginalizadas virtualmente e em muitos casos, fisicamente.

Sim, existem pessoas que de tão radicais em sua opinião, são intoleráveis. Mas não é sobre isso exatamente que estou falando, e sim sobre esse fechamento mental para a verdade e a realidade que é do outro.

Os haters, nada mais são que uma resistência, 
à qualquer coisa que não faça parte do seu "mundinho".

Rola uma incapacidade em lidar com o novo, o diferente e o externo, pois estes abalam suas convicções pessoais. Fora que, a resistência nos tira do fluxo das coisas.

Embora eu e você tenhamos o direito de achar aquela música uma merda, é melhor fazer off-topic, sem ninguém saber, porque divulgar gostos e desgostos anda sendo quase um suicídio virtual. É bem provável, os fãs da música/cantor te massacrarem. Ao mesmo tempo, se você gostar muito de algo que não é senso comum, ou que esteja fora do poder de alcance de pelos menos 50% da sua rede, tu também se fode, e muito!

Vivemos uma guerra de opiniões, retratada na violência virtual, nos ataques, nos posts de repúdio.

Nossas guerras todas se trataram sobre quem estava certo ou não, e continuamos nessa pegada, só que agora num mundo globalizado, onde ao invés de aprendermos com o universo do outro, o atacamos.

Não podemos ser crentes, nem macumbeiros, nem sem religião, nem homo, nem hetero, nem bi ou trissexual, nem de cor, nem sem cor, nem porra nenhuma, porque ser de um "tipo", significa não ser de outro "tipo", e um não aceita o outro, daí rola uma porradaria porque estamos vivendo uma sociedade hipócrita pra-caralho, onde todo mundo deseja um mundo bunitim, limpim, organizadim, mas tasca-lhe porrada pra todo lado quando alguém não se enquadra na fôrma. E mesmo quem se contorce para se enquadrar na maldita fôrma, sofre represálias de quem tá fim de ser "livre".

E minha pergunta é: Mas que porra de liberdade é essa que precisa do ok do mundo para ser livre?

Cara, vive a tua vida! Com maestria, com presença, com beleza! Dá um trabalho da porra viver a própria vida, e se fizer isso com total abandono, não sobra tempo para essas merdas todas.

Beije quem quiser, faço o quê e como fizer, não importa se de esquerda, direita ou do meio, só faça o que te apraz, e se, cada um fizer o seu, sem ficar comparando com o tamanho do pau do outro, ficaremos todos leves e tranquilos dentro das nossas próprias escolhas.



A Terra é um planeta de diversidades. Imagine se a tundra, competisse com o deserto que quisesse acabar com as calotas polares que estão em guerra com as savanas? O planeta implodiria. Qualquer coisa diferente do que não é igual, nos levará à extinção, seja por um DNA monótono em criatividade para expansão, seja pelas mãos daqueles que se matam, por terem escolhas e opiniões adversas.

Simplesmente viva a tua vida! Não só fale de paz, mas seja a paz. Começando pelo respeito ao outro sob todos os aspectos, mesmo aqueles de difícil compreensão. Se possível, permita-se aprender sobre as diferentes nuances de escolhas e realidades que esse planeta pode te oferecer, temos hoje em dia a oportunidade fenomenal de compartilhar tudo isso em tempo real.

São mais 7 bilhões de realidades simultâneas, 7 bilhões de verdades, de certos e errados. Existe alguma melhor que a outra? Pensa aí, reflita e vê se abre a mente.


Abraços!
Monik Ornellas

30 de junho de 2015