quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

SEXUALIDADE NA ROMA ANTIGA



A sociedade Romana tinha, regra geral, uma mente muito aberta em relação a assuntos relacionados com a sexualidade em geral. Para o povo Romano as práticas sexuais tinham como objectivo exaltar a fertilidade, a procriação e também a procura de prazer.

Eram comuns as festas de exaltação à fertilidade: banquetes sumptuosos tal como deveriam ser as noites de amor que se lhes seguiam. Era comum o culto a Baco onde todos os excessos eram permitidos e a principal preocupação de cada pessoa seria de beber e divertir-se. Durante essas festas um enorme órgão sexual masculino era transportado pela cidade numa carroça adorada com flores oferecidas pelas mulheres mais importantes da cidade. No final das festas o sexo era um direito ou mesmo quase um dever de todos os intervenientes nas festas.

Era também bastante comum o uso de um talismã em forma de pénis e o culto de Príapo, deus da fertilidade representado, regra geral, com um pénis erecto, nos jardins das casas, pois acreditava-se trazer sorte e fortuna. A adoração de Príapo era feita tanto por mulheres, procurando tornar-se férteis, como por homens, pois acreditavam que era possível ser-lhes devolvida a potência sexual caso esta se debilitasse.

Outra das características da sociedade Romana era a normalidade com que se encarava a nudez, não sendo motivo de qualquer tipo de sentimento de vergonha e também a aceitação, dentro de certos parâmetros, de relações homossexuais:

“Não se estabelece distinção entre amor homossexual e amor heterossexual; o prazer físico é visto como uma continuidade subjacente entre os dois. O prazer enquanto tal não coloca nenhum problema para o moralista de classe superior. Em compensação, julga-se – e muito severamente – o efeito que tal prazer pode exercer sobre o comportamento público e as relações sociais do homem: a vergonha que pode levar um homem das classes superiores a submeter-se ou fisicamente, adoptando uma posição passiva no ato sexual, ou moralmente, entregando-se a um inferior de qualquer sexo” (ARIÈS, DUBY. 1995: 232).

Como se pode verificar pela citação anterior, não existia a distinção que actualmente se faz entre a homosexualidade e a heterosexualidade, sendo normal para os homens ter sexo com outros homens (a homosexualidade feminina era mal vista).

No entanto, e apesar de ser aceite o sexo entre dois homens, existiam algumas regras a definir como tal poderia acontecer. Em primeiro lugar, os homens livres não podiam ser penetrados, apenas penetrar (existia uma lei a regulamentar esta situação), devendo sempre, portanto, tomar o papel activo nas relações. Outra das regras ou “limitações” relativas às relações entre dois homens era que o membro mais novo, ou eromenos, tomasse o papel passivo enquanto que o membro mais velho, ou erastes, tomasse o papel activo. Estas regras deviam-se principalmente à crença de que apenas o interveniente activo na relação conseguiria tirar prazer desta, estando quem tomava o papel passivo a submeter-se ao outro, algo impensável para um “romano decente” fazer.

Apesar de mal vistos pela sociedade existem casos documentados de erastes e mesmo de Césares (Imperadores) que preferiam o papel passivo nas suas relações com outros homens, escravos ou não.

Da mesma forma que a submissão em relação a outro homem era mal vista pela sociedade também o era a submissão em relação a uma mulher. As mulheres na sociedade romana eram vistas como inferiores aos homens livres, possuindo muito poucos direitos e os deveres de esposa (dona de casa) e de mãe (procriação). Como tal seria impensável a um “romano decente” preocupar-se em proporcionar prazer à sua mulher ou parceira, uma vez que esta preocupação demonstraria um sinal de submissão, de fraqueza, de imaturidade (as paixões arrebatantes eram características dos jovens, inexperientes e ingénuos, sendo alvo de critica e embaraço quando em adultos, tendendo a ser mais controladas corteis).

Uma das práticas mais amplamente aceites na sociedade Romana (e que na actualidade é considerada tabu) era a masturbação. Para os romanos a masturbação era algo de perfeitamente natural, não sendo alvo de nenhum tipo de critica.

Outros dos tópicos que convém abordar é a prostituição. Na Roma antiga as prostitutas eram registadas, pagando mesmo impostos. Regra geral, usavam cabelo loiro ou vermelho, vestiam-se com tecidos floridos ou transparentes, não podendo, por lei, usar nem estola nem a cor violeta, características das mulheres livres. O local mais comum de trabalho era sob os arcos arquitectónicos (a palavra fornicação vem do latim fornice, que significa arco).

Apesar de toda a liberdade relativamente à sexualidade e ao sexo em particular, este era praticado com moderação e regras, sendo um meio para um fim e não um fim em si mesmo: o sexo servia para alcançar o prazer mas devia ser praticado de forma regrada para a paz interior do sujeito não fosse perturbada.

Com o passar do tempo a religião católica foi sendo implementada na sociedade e, gradualmente, ganhando importância pelo que as praticas liberais características da sociedade Romana tenderam a desaparecer em prol da moralidade cristã, muita mais fechada a rígida com as questões relacionadas com a sexualidade.


Curiosidades:

Estas são apenas algumas curiosidades relativamente a sociedade Romana e algumas das suas praticas mais fora do comum:

-Sexo anal em noite de núpcias como forma de respeito:
Nos primórdios da sociedade Romana era comum o marido evitar o sexo vaginal e em vez dele optar pelo sexo anal como forma de respeitar a natural timidez da sua esposa, uma moça virgem.

-Sexo só no escuro:
Era relativamente aceite a ideia de que sexo apenas se deveria fazer após o por do sol, durante a noite, e mesmo então de preferência na penumbra. O sexo durante o dia era um privilégio dos recém-casados, logo após as núpcias. Um “homem honesto” apenas poderia visualizar a nudez da amada caso a lua a iluminasse através da janela.

-Sexo é sempre com roupa:
Para as mulheres honestas de Roma sexo teria sempre de ser com algum tipo de roupa, normalmente sutiã. Apenas as prostitutas tinham sexo todas nuas.

-Com essas, nunca:
Era proibido para os Romanos ter sexo com mulheres casadas, virgens de famílias importantes, adolescentes filhas de casais livres, vestais (virgens devotas à deusa Vesta) ou a própria irmã.

-De dia só com a esquerda
Durante o dia, até ao cair da noite, eram permitidas as carícias mas apenas se feitas com a mão esquerda.

-A tranquilidade juvenil
Era comum pensar-se que sexo com “meninos” proporcionava um prazer tranquilo, que não “agitava a alma” enquanto que a paixão por mulheres era considerada um mergulho na “escravidão”.

-A “doença” da paixão
Na Roma antiga a paixão era encarada como algo vergonhoso, algo temível. Quando um Romano se apaixonava perdidamente, tanto os seus amigos como mesmo ele consideravam que moralmente tinha caído na escravidão ou que perdera a cabeça por excesso de sensualidade.


21 de janeiro de 2016
in sexualidade na sociedade

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