sábado, 1 de agosto de 2015

ABSURDO, LABIRINTO E ANGÚSTIA NA FICÇÃO DE JORGE LUIS BORGES



oficio
Com o intuito de analisar a natureza da experiência estética na literatura das primeiras décadas do século XX, a partir da investigação dos mecanismos formais de que o escritor Jorge Luis Borges lança mão em sua ficção, escrevi “Esse ofício da ficção”, que vem para compor uma vasta e já consolidada historiografia que se dedica a pensar o ato da escrita e os limites entre a ficção e o relato histórico.
Há muito tempo já existe no interior do universo literário, principalmente nos círculos acadêmicos, uma vasta discussão entre as diferenças e validades do discurso histórico e do discurso poético. Os debates sobre a aproximação e os distanciamentos entre estes dois tipos de narrativa são tão antigos quanto às diferenças que foram criadas, ao longo do tempo, entre os gêneros da arte.
A distinção entre os discursos ficcional e historiográfico surge na Grécia clássica com o aparecimento da própria historiografia, que procura diferenciar a si mesma da poesia. Desde Aristóteles, que destaca como uma das diferenças entre os discursos o fato de que “um narra os acontecimentos [histórico] e o outro, os fatos que pode­riam acontecer [poético]”, até os ficcionistas modernos, como Henry James, Machado de Assis, Joseph Conrad, entre outros, o ato de escrever sempre proporcionou dúvidas e certezas ao longo dos anos, principalmente com a paulatina valorização do conceito de verdade factual em detrimento da verossimilhança.
HÁ MUITA DIFERENÇA 
Enquanto a atividade dos historiadores se destaca através do processo que procura transformar os indícios do passado, ainda vigentes no presente, em materiais organizados intersubjetivamente, compondo uma historiografia, os escritores de ficção não possuem uma relação criteriosa de lealdade com o mais próximo de uma verdade factual, podendo subverter a ordem e o tempo da narrativa.
É justamente com essa longa tradição de diferenciação entre ficção e história, desde os gregos clássicos até as grandes mudanças ocorridas nos oitocentos, que Jorge Luis Borges se destaca e dialoga. A dicotomia entre o cientificismo da História e o papel central que o imaginário desempenha na literatura de ficção sempre gerou polêmica e reverberou nas dúvidas sobre o verdadeiro papel das artes e até onde seria possível afirmar uma verdade nos relatos históricos. A ficção de Borges busca exatamente a subversão da realidade contemporânea e redefine os lugares na relação entre ficção e um possível real, embaralhando elementos que, sozinhos, já proporcionavam diversas dúvidas.
BORGES E SEU ESTILO
Através deste livro, procurei analisar a natureza da experiência estética ficcional em Jorge Luis Borges a partir da desconstrução do enredo e da reestruturação do sentido do mundo literário que o escritor argentino desempenha em sua poética. As noções de “absurdo”, “labirinto” e “angústia”, são trabalhados exaustivamente na escrita ficcional de Borges, para compreender a reestruturação do sentido no mundo literário e da subversão do princípio da verossimilhança.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Historiador, professor, escritor e nosso colaborador Pedro Beja Aguiar estará lançando no próximo dia 4 de agosto, na editora Multifoco (Av. Mem de Sá, 126, Lapa, Rio), a partir das 18 horas, seu livro “Esse ofício da ficção: absurdo, labirinto e angústia na prosa de Jorge Luis Borges”.  Estão todos convidados. O livro já está sendo vendido no site da Editora Multifoco (http://editoramultifoco.com.br/).

01 de agosto de 2015
Pedro Beja Aguiar

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