sexta-feira, 21 de agosto de 2015

TRABALHAR EM EXCESSO AUMENTA O RISCO DE DERRAME - DIZ ESTUDO

Pesquisa publicada no periódico 'The Lancet' com mais de 600 000 pessoas revela que trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta em 33% o risco de sofrer um AVC e em 13% a possibilidade de desenvolver um problema coronariano


A análise concluiu que o risco de AVC aumenta proporcionalmente à duração do trabalho: é 10% entre maior as pessoas que trabalham entre 41 e 48 horas semanais e chega a 33% a quem ultrapassa as 55 horas(VEJA.com/Thinkstock)


O trabalho em excesso está ligado a um maior risco de problemas coronarianos e de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), revela um estudo publicado nesta quarta-feira (19) no periódico The Lancet.

A pesquisa, feita por uma equipe internacional de cientistas liderada pela University College London, na Inglaterra, analisou dados de 603 838 pessoas da Europa, Estados Unidos e Austrália e revelou que trabalhar mais de 55 horas por semana aumenta em 33% o risco de sofrer um AVC e em 13% a possibilidade de desenvolver um problema coronariano, em relação a quem trabalha entre 35 e 40 horas por semana. É a maior pesquisa a analisar a relação entre longas jornadas e saúde cardiovascular.

Os pesquisadores analisaram durante sete a oito anos homens e mulheres que não tinham histórico de problemas cardiovasculares, tendo em conta outros fatores de risco, como tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e sedentarismo. A pesquisa concluiu que o risco de AVC aumenta proporcionalmente à duração do trabalho: 10% entre as pessoas que trabalham entre 41 e 48 horas, 27% entre as que trabalham entre 49 e 54 horas, e 33% além das 55 horas. Não houve diferenças significativas entre homens e mulheres ou entre pessoas mais jovens e mais velhas, ricas ou pobres.

"Os profissionais de saúde deveriam ter consciência de que longos períodos de trabalho estão associados a um risco significativo de sofrer AVC e de desenvolver problemas coronários", disse Mika Kivimäki, professor de epidemiologia da University College de Londres e coordenador do estudo.

Longas jornadas - O papel do stress em várias doenças vasculares, como infarto e AVC, já foi objeto de numerosos estudos, ao contrário da carga horária de trabalho, que até o momento não tinha sido analisada a fundo. Estudos anteriores já haviam ligado muitas horas de trabalho a um maior risco de infarto, mas não de derrames.

Apesar de estabelecer a relação entre as longas horas de trabalho e a saúde coronariana, a pesquisa não estudou o que causa o maior risco de AVC. Entre os possíveis fatores estão o stress e as várias horas sentado no escritório, o que é prejudicial à saúde, pois pode indicar falta de tempo exercícios regulares ou refeições saudáveis. Entre as indicações dos pesquisadores para quem trabalha mais de 35 horas, estão checar constantemente a pressão sanguínea e ficar atento a histórico de problemas cardiovasculares.

Horas de trabalho - Ao comentar a pesquisa, o doutor Urban Janlert, da universidade sueca de Umea, destacou que entre os membros da OCDE (Organização para Cooperação Econômica e de Desenvolvimento) a Turquia responde pelo maior percentual de trabalhadores atuando por mais de 50 horas semanais (43%), e a Holanda está na outra ponta (1%).

Atrás da Turquia, México (28,8%) e Coreia do Sul (27,1%) também têm altos índices de profissionais trabalhando em longas jornadas. A França ocupa a nona posição (8,7%). Nos Estados Unidos, a maior parte das pessoas que não tem serviços ligados à agricultura trabalha 42,5 horas por semana, de acordo com a agência de estatísticas trabalhistas americana. Uma pesquisa do Instituto Gallup feita entre 2013 e 2014 mostra que quase 4 entre 10 americanos dizem trabalhar ao menos 50 horas por semana.


(Da redação), Veja
21 de agosto de 2015

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