O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores? Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe um pergaminho no qual estão escritos muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas, e pulseiras com grandes ametistas e anéis com tais brilhantes e esmeraldas? Por que hoje empunham bastões tão preciosos de ouro e prata finamente cravejados? É que os bárbaros chegam hoje, tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
(Trecho de “À Espera dos Bárbaros”, de Konstantinos Kaváfis. Tradução de José Paulo Paes)
22 de setembro de 2015
|
Podem ser anotações casuais de um passante, porque quando começamos nossa jornada, não distinguimos bem a paisagem. Ela sempre nos surpreende. Desconhecemos aonde nos pode levar o caminho. Não o escolhemos... Perambular é o próprio caminho. Uma narrativa do destino que desenhamos inconscientemente. O que pretendo? Tecer algumas considerações fora da mesmice, e pinçar alguns textos curiosos que despertem a paixão...
terça-feira, 22 de setembro de 2015
À ESPERA DOS BÁRBAROS
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário