sábado, 12 de setembro de 2015

PROSPERIDADE, RELIGIOSIDADE E APEGO AOS BENS



O leitor certamente já ouviu dizer que “os países protestantes, nos quais a religião estimula a riqueza, são mais prósperos do que os católicos, onde se exalta o mérito da pobreza”. Duas falácias numa única tese.
Não é verdadeiro que os países católicos sejam mais pobres do que os protestantes, nem que o catolicismo induza à penúria. Se contemplarmos as principais economias mundiais, veremos que os católicos são majoritários, por exemplo, na Itália, França, Canadá, Bélgica, Áustria e Holanda. Veremos, também, que os católicos compõem cerca de 35% da população de países como os EUA e a Alemanha, onde os protestantes formam a maioria.
Veremos, ainda, que na franja asiática – onde há prósperos e miseráveis -, quase não existem católicos ou protestantes e que é absoluto o predomínio muçulmano entre os povos árabes, opulentos ou famintos. Indago, por fim, como se mantém a tese, velha e enganosa, perante contradições tão evidentes, às quais se soma a notória pobreza de países como a Namíbia, a Jamaica e a Nova Guiné, que são protestantes?
Não existe, portanto, simetria entre religiosidade e renda per capita. Mas isso não afeta o irretocável ensinamento – mais moral do que religioso – de que o apego aos bens, com sentido egoísta e isento de responsabilidade, é um equívoco a ser evitado pelas pessoas justas de qualquer crença religiosa.

12 de setembro de 2015
Percival Puggina

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