sábado, 23 de julho de 2016

PRISÃO COMO ENTRETENIMENTO

Definitivamente vivemos na época do politicamente correto! De festas infantis com doces veganos, até ao julgamento por uma opinião que não é em favor das minorias.

Para falar a verdade, eu acho um saco toda essa história, porém dessa vez levanto a bandeira de uma causa “politicamente correta”: sou contra o uso de animais confinados como entretenimento.

No mês passado foi inaugurada a nova área do Aquário de São Paulo. Com milhões de reais investidos, o aquário ganhou um espaço que visa receber 36 novos animais, entre eles: um casal de ursos polares, cangurus, leão e lobo marinho. No total são 3 mil exemplares de 300 espécies.

Quando eu era pequeno adorava ir ao zoológico, e isso fazia parte da minha vida. Sempre ia no contexto de passeio com a família em busca de contato com a vida selvagem. Acontece que hoje eu sei que a única coisa de selvagem nessa história toda é o fato de que esses seres vivos, que estão confinados em um espaço mínimo, muitas vezes, foram tirados do seu habitat natural para servir de atração turística (só em escrever este último parágrafo já me sinto mal em pensar que muitas pessoas se divertem no zoológico!).

Claro que não posso desconsiderar o fato de que muitos animais são capturados em situações críticas e, com a ajuda dos veterinários e funcionários, são recuperados, porém, eles são pegos sem nenhuma perspectiva de voltar à natureza. 
Ou seja, eles são recuperados, mas, na maioria das vezes, são “esquecidos” em suas jaulas.

Sinceramente eu não consigo acreditar no mundo perfeito em que os animais são cuidados e devolvidos para seu habitat sem nenhum interesse monetário, ou melhor acho muito improvável.

Se pegarmos os ursos polares como exemplo, veremos que por mais adaptado que seja, o espaço que eles vão ficar é extremamente limitado. Você basicamente tirou um ser que está acostumado com temperaturas negativas em enormes extensões de terra para deixá-lo em um espaço confinado… servindo de entretenimento!

Não posso ser radical ao ponto de dizer que sou totalmente contra o confinamento de animais para fins comerciais, pois entendo que é tudo questão de cultura e ponto de vista.

Conversando com a minha mãe, descobri que antigamente era absolutamente normal passar um dia no zoológico ou passear no circo com a família se divertindo, sem nenhum peso na consciência. Porém, os tempos mudaram e hoje temos acesso à informação a todo momento.

Atualmente é bastante comum ver notícias de animais sendo mal tratados seja em circos, seja pelos seus próprios donos, no caso de animais domésticos. Acredito que seja a partir daí que começou, ou pelo menos aumentou, a aversão a esse tipo de entretenimento e mobilização contra a violência aos animais.

Coincidentemente, uma semana após ter lindo a notícia do Aquário de São Paulo, passou um episódio dos Simpson – importante seriado da cultura pop que mostra ironicamente a vida de uma típica família americana – que mostrava 8 bebês gêmeos confinados e servindo como entretenimento barato para uma plateia que aplaudia, ria e gritava pelos bebês. Isso é o reflexo da banalidade em que vive a sociedade!

Existem outros diversos modos de se manter conectado com a vida selvagem. Você não precisa ir a um lugar ver animais enjaulados para estar em sintonia com a natureza.

No mais, aconselho a pesquisarem sobre o confinamento de animais mais a fundo. Existem outros vários fatores que não foram tratados nesse texto. O site “Catraca Livre”, por exemplo, listou 10 motivos para não ir ao Aquário de São Paulo. Nota-se que não estou fazendo uma propaganda negativa do local, até porque não o visitei (e nem pretendo), mas sim um chamado para a consciência, o que era normal ontem, conforme nossa evolução, vai se tornando algo inexplicável e incoerente.

Concluo deixando uma pergunta para reflexão: onde um reality show se difere do que acaba de ser exposto?


23 de julho de 2016
Amílcar Cabral Neto, 15 anos, natural de Belém e paulistano por adoção, é estudante.

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