Iniciamos o mês derradeiro do ano de 2025. Um tempo de promessas, de grandes mudanças, de propostas novas de vida... Um tempo em que se promete abandonar caminhos, que não nos acrescentaram algo de valor. Mais ou menos como se estivessemos acordando de sonos nem sempre amenos, que nos incomodaram e não nos deixaram a sensação de que aproveitamos o repouso, o intervalo entre a insônia do dia, e a espera do descanso que merecemos.
Anos após anos, esse ritual de promessas de mudança nos acomete, e nos deixa mais sensíveis, do que habitualmente nos dispomos a ser. Andamos de um dia para o outro, numa agitação, numa correria, como se a nossa vida dependesse de algo, que não sabemos bem o que seja, mas que nos empurra para o sentimento de que perdemos o tempo, perdemos o ano que termina, perdemos e não sabemos distinguir bem o que perdemos.
Oportunidades, conquistas de bens, perdemos aquela chance... Perdemos pessoas, ganhamos memórias pesadas e tristes... E apostamos as útimas fichas no ano que está se anunciando no dezembro que avança para o término, e paradoxalmente, acreditamos que seremos capazes de inaugurar nesse novo tempo que chega, o que perdemos no tempo que está passando, e que encontraremos na esquina mágica das nossas promessas de mudanças, o prêmio da nosa vontade de renovação.
O tempo é o bem mais precioso e incomensurável, e no seu silêncio nos leva ingenuamente, a acreditar que sempre estará disponível, sempre ao nosso alcance. Terna ilusão... Não se recupera o tempo perdido, que assinala um momento único da nossa existência, e uma vez desperdiçado, não conseguiremos trazê-lo novamente às nossas vidas.
Como a brisa leve que passa, vivemos o seu frescor, mas não nos atinamos que é momentâneo... Assim o tempo, que imaginamos reter em calendários, mensura-lo, mas que como a água, escorre entre os dedos, sem deixar vestígios, indiferente a uma aritmética ilusória, pontuando a vida numa biologia absurdamente numérica.
Tempo e velhice, se encontram, quando a maturidade espanta as doces ilusões, e olhamos de frente o tempo vivido, a vida percorrida e o prazeroso cansaço, que nos dá o estóico silêncio das horas transcorridas, sepultando lembranças e memórias.
Como escreveu Millôr, "A velhice começa, quando você começa a notar a juventude..."
DOIS MIL E VINTE E SEIS seja o ano que nos traga a SAÚDE e a TRANQUILIDADE. Seja o ano que desperte reflexões sobre o sentido essencial da vida, desperte a meditação diária, que nos eleve e nos proporcione a oportunidade de edificar as transformações que realmente importam, para nos acordar do sono da mesmice. Que assim possamos encontrar o sentido da nossa vida, e o que aqui viemos fazer!
04 de dezembro, véspera de 2026
prof. mario moura
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