quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

SOBRE O FIM DO MUNDO...

Aproveitando o texto da cronista Sílvia Zanolla, imagino que o tal "fim de mundo" não deveria surpreender ninguém, pois já houve inúmeros "fins de mundo", que ocorreram por diversas razões, num tempo que não está disponível nem nos nossos relógios, nem na nossa imaginação.
O sonho de eternidade que nos embala, resulta do medo da morte e das mitologias que buscam explicar os mistérios da vida.
Se alguém se dispuser a parar o 'frenesi' que nos atordoa e nos protege do delírio que envolve o significado da vida, com as já conhecidas interrogações: "quem somos", "de onde viemos", "por que estamos aqui", "qual o significado da vida" e quantas mais questões o ilustre leitor resolver colocar, certamente não conseguiremos responder a nenhuma delas, e terminaremos no mesmo ponto de partida, apesar do estado Zen, ou de meditação. Parando ou não o frenesi, continuaremos no quarto escuro da existência.
Ao observador mais arguto, basta olhar para o lado e descobrir que a espécie humana é a mais predadora do meio-ambiente, entre as espécies.
As alterações climáticas, o desequilibrio ecológico, a extinção de várias espécies, o processo industrial, o urbanismo com seus inúmeros problemas de saneamento, os precários aterros sanitários, sua superpopulação, são sinais evidentes de que não estamos preservando a nossa casa planetária. E consequentemente, projetando o tal "fim do mundo".
Jogamos o lixo atrás do muro que separa o nosso quintal do terreno baldio, após o que esfregamos as mãos de pura satisfação com o problema resolvido. 
Depois nos queixamos das moscas, baratas e ratos, mas aí já é um problema que brandamos aos céus culpando o governo e sua inepta administração.
E continuamos felizes com nossos automóveis engarrafados num trânsito kafkiano, mas que podem desenvolver velocidades incríveis...
A ciência alerta que a escalada de horror que praticamos levará, inevitavelmente ao esgotamento e morte da nossa casa azul. 
E pretensiosos, continuamos preocupados com a eternidade e seus mistérios.
Sim, as religiões ortodoxas e os caminhos mais esotéricos, nos dão a tranquilidade e o conforto, que nos sedam os sentidos e a curiosidade. E sobretudo, nos absolve dos nossos pecados predatórios.
Uff! Pronto! Agora sim, sabemos quem somos, de onde viemos e para onde vamos...
Anestesiados, iniciamos a nossa caminhada, sem mais interrogações, com aquela cara de 'abestado' e guardando o maior segredo do cosmos, enquanto depredamos o planeta azul.
Como num labirinto, sem o fio de Ariadne, continuamos perdidos, buscando algum sinal de luz que aponte a saída.
Gosto da serenidade dos que têm fé, dos que acreditam na imortalidade da alma, sem os exageros dos que se martirizam para ganhar um lugar no Paraíso, e por isso mesmo, também são ativos predadores.
Há uma neurose, uma ansiedade sobre o tal fim do mundo, que chega a ser cômica, como se tal acontecimento, não chegando, viveríamos para todo o sempre. 
Por enquanto, o fim do mundo está em cada esquina e pode se apresentar na surpresa de um assalto com morte. Um atropelamento, talvez...
Para o fim do mundo não há seguro de vida...
Gosto de uma anedota. 
Uma senhora de seus 90 e tantos anos, assistia a um palestrante que discursava sobre o Universo, seus mistérios, e lá pelas tantas, prognosticou que o fim do planeta Terra poderia ocorrer num espaço de alguns bilhões de ano.
Nesse momento, a senhora se levanta, nervosa e pergunta ao palestrante:
- Em quanto tempo?
- Em 4 ou 5 bilhões de anos... Responde o palestrante.
- Ah! (exclama inquieta) ainda bem! Fiquei nervosa... Eu entendi milhões de anos...
Bilhões, milhões, ou algumas centenas de anos, a ciência garante que não estaremos mais aqui...
m.americo

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